16/12/2013

A Contribuição da Psicologia de Piaget para Educação infantil

RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo fazer algumas análises sobre as contribuições da Psicologia de Piaget sobre a Educação Infantil. Para tanto foi realizada uma pesquisa bibliográfica usando fontes diversas sobre a contribuição de Piaget para Educação Infantil. Com esse trabalho podemos reconhecer a importância da Psicologia na Educação, pois contribui para a capacidade de investigar e transformar, construindo novos saberes. Foi observado ainda o desenvolvimento infantil através dos estudos de Piaget.

                                                                  

Palavras chaves: Piaget. Criança. Psicologia. Educação Infantil.

 

INTRODUÇÃO

           

          O desenvolvimento infantil está em processo acelerado de mudanças, as crianças atuais apresentam um desenvolvimento precoce devido aos estímulos que recebem do ambiente.

            É necessário que a criança alcance o desenvolvimento pleno. Quando se dá o desenvolvimento precoce de uma área apenas, certamente outras ficarão em atraso, e o indivíduo estará de alguma forma desequilibrado. Tomemos como exemplo muitas crianças que passam a maior parte do seu tempo em frente da televisão ou com jogos eletrônicos. As imagens hiperestimulam a área cognitiva, mas a criança não está desenvolvendo as áreas motoras e afetivas.

            Dessa forma, a psicologia poderá contribuir na educação infantil, pois ajuda o professor a desenvolver conhecimento e habilidades, além de competências, atitudes e valores que o possibilite ir construindo seus saberes-fazeres docentes, a partir das necessidades e desafios que o ensino, como prática social, lhes coloca no cotidiano. Desempenhará também a função de formador da personalidade de seus alunos no processo ensino-aprendizagem, pois o aluno por sua vez é um sujeito ativo de seu processo de formação e desenvolvimento intelectual, afetivo e social.

            Este trabalho tem por finalidade apresentar as contribuições de Piaget para o desenvolvimento da criança na Educação Infantil.

 

Metodologia

            A pesquisa foi feita através de pesquisa bibliográfica, foi utilizado como fonte diversas obras de Piaget, a internet, RCNEI (explique) entre outros.

 

Jean Piaget

Jean Piaget (1896-1980) nasceu em Neuchâtel, Suíça, aos nove de agosto.  Desde muito jovem Piaget revelou suas tendências para a pesquisa.

         O interesse infantil, a educação formal, as pesquisas e publicações acadêmicas, os estudos pós-graduados, todas as suas realizações intelectuais, tantas vezes precoces, mostravam que a Biologia era o centro de sua vida.

        Piaget tinha uma intenção que era consagrar dois ou três anos ao estudo do pensamento infantil, depois voltar às origens da vida mental isto é, ao estudo da emergência da inteligência no curso dos dois primeiros anos.

         O que o interessava, sobretudo era a gênese das estruturas lógicas fundamentais (inclusão e multiplicação das classes, composição das relações, estruturas de ordem, etc), e a elaboração das categorias do pensamento (número, espaço, tempo).

          Os poucos anos que Piaget queria consagrar ao estudo do pensamento infantil tornarão mais de cinqüenta anos. (PIAGET, 1989).

            O ser humano é capaz de processar vários estímulos por vez, por exemplo: enquanto você está lendo um texto, neste exato instante pode estar tocando uma música na casa do vizinho, alguém pode estar vendo televisão, você está comendo um chocolate e achando que ele está doce demais e muitos outros estímulos estão aí.

            Existe uma seleção natural dos estímulos, alguns serão captados, outros não, no caso das crianças o processo pode ser mais lento, por não terem ainda esquemas capazes de responder adequadamente. À estimulação que a criança recebe é polimodal, pois através de diferentes modalidades sensoriais.

            Para melhor entender o conceito de assimilação vejamos o exemplo: quando uma pessoa ingere um alimento este é ingerido e assimilado, se um novo tipo de alimento é introduzido na dieta, no entanto, o processo digestivo pode mudar ligeiramente de modo a acomodar-se a esse alimento. Assim, a assimilação significa que o organismo se adaptou e pode enfrentar a situação a ele apresentada; a acomodação significa que precisa mudar para adaptar-se.

Os professores podem guiá-las proporcionando-lhes os materiais apropriados mais o essencial é que, para que uma criança entenda, deve construir ela mesma, deve reinventar. Cada vez que ensinamos algo a uma criança estamos impedindo que ela descubra por si mesma. Por outro lado, aquilo que permitimos que descubra por si mesma, permanecerá com ela. (PIAGET, 1989, p. 53).

 

Contribuições de Piaget

 

            Piaget depositou nos processos de assimilação e acomodação a função básica da vida, sobre a qual todas as outras manifestações que a vida possa criar estariam a ela ligadas. Ao aplicar o conceito de assimilação biológica ao terreno do comportamento e do conhecimento, Piaget deu-lhe um novo significado. No plano da fisiologia, a assimilação é uma função dos órgãos; no plano do comportamento é a função de um esquema.

    Através de progressiva exercitação, os esquemas se amoldam a situações mutantes, o que Piaget designava como acomodação. A acomodação é a criação de novos esquemas ou a modificação de velhos esquemas, o organismo se transforma para poder lidar com o ambiente. Já a assimilação refere-se ao processo em que não o organismo, mas o objeto que é transformado e se torna parte do organismo. (PIAGET, 1975).

            Para melhor compreensão do que sejam a assimilação e acomodação vejamos o exemplo: imagine uma criança passeando com pai numa estrada campestre. O pai olha para o campo e vê uma vaca, ele diz ao filho, olha aquele animal, a criança olha para o campo e vê a vaca, após pensar um pouco, a criança diz ”é um cachorro”.

            Percebendo que a criança deu uma resposta honesta, podemos imaginar que a criança olhou para o campo e viu uma vaca. Recebendo este novo estímulo, ela tentou referi-lo a uma ficha do seu arquivo, não havendo este animal a criança tentou referi-lo a aquilo que fica mais próximo, o cachorro. A criança tenta adaptar esses novos eventos ou estímulos nos esquemas que ela possui naquele momento.

    A criança, ao ver o objeto (vaca) buscou em seus esquemas de conhecimento um, o qual se encaixou no esquema cachorro. O estímulo foi assimilado ao esquema cachorro, assim o processo de assimilação pode ser visto como o processo cognitivo de colocar novos eventos em esquemas existentes, sendo esta uma forma de acomodação. (PIAGET, 1975).

 

A linguagem e o pensamento da criança

   As idéias de Piaget (2011) sobre a linguagem e o pensamento da criança são de grande importância para a compreensão da origem da linguagem e se esta acontece simultaneamente com o pensamento ou se surgem em espaços diferentes. O biólogo suíço observou inicialmente o desenvolvimento de seus filhos, interagindo com eles e registrando suas respostas.  Foi o primeiro a estudar sistematicamente a percepção e a lógica infantil; além disso, trouxe ao seu objeto de estudo uma nova abordagem de amplitude e arrojo invulgares. Em lugar de enumerar as deficiências do raciocínio infantil quando comparado com o dos adultos, Piaget centrou a atenção nas características distintivas do pensamento das crianças, quer dizer, centrou o estudo mais sobre o que as crianças têm do que sobre o que lhes falta. Por esta abordagem positiva demonstrou que a diferença entre o pensamento das crianças e dos adultos era mais qualitativa do que quantitativa.

            Em seus estudos sobre crianças, Jean Piaget descobriu que elas não raciocinam como os adultos. Esta descoberta levou Piaget (2011) a recomendar aos adultos que adotassem uma abordagem educacional diferente ao lidar com crianças. Ele modificou a teoria pedagógica tradicional que, até então, afirmava que a mente de uma criança era vazia, esperando ser preenchida por conhecimento. Posteriormente isso mudou. As crianças são as próprias construtoras ativas do conhecimento, constantemente criando e testando suas teorias sobre o mundo. Ele forneceu uma percepção sobre as crianças que serve como base de muitas linhas educacionais atuais.

            Segundo Piaget (2011), é graças a linguagem que a criança tornar-se capaz de invocar situações não atuais, libertando-se então das fronteiras do espaço próximo e presentes, ou seja, saindo do campo perceptivo. Isto significa dizer que os objetos e acontecimentos deixam de ser percepções imediatas e passam a fazer parte de um quadro conceitual e racional o que contribui significativamente para o conhecimento.

 

A linguagem é necessariamente, interindividual, sendo constituída por um sistema de signos (=significantes arbitrários ou convencionais). Mas, ao lado da linguagem, a criança pequena- menos socializada que a de 7-8 anos e sobretudo que o próprio adulto -tem necessidade de outro sistema de significantes, mais individual e mais motivado: os símbolos, cujas formas mais corrente na criança pequena se encontram no jogo simbólico ou de imaginação..., o jogo simbólico aparece mais ou menos ao mesmo tempo da linguagem..(PIAGET, 2011, p.77).

                       

            Diante disso, entende-se que o jogo simbólico tem papel importante no pensamento da criança, pois esta é capaz de “representar” situações individuais cognitivamente e afetivamente à medida que imagina determinado objeto ou acontecimento. Para Piaget (2011), a ação representada pela criança não está presente e nem é atual, mas são situações evocadas, o que consiste numa característica da representação. Podemos dizer então, que a representação ocorre independente da linguagem.

                        Para Piaget (2011), pode-se dizer que a origem do pensamento deve ser procurada por meio da função simbólica, mas ele ressalta que a função simbólica pode ser explicada pela formação de representações. Deste modo, “a formação da função simbólica, ao contrário, consiste em diferenciar os significantes dos significados, de modo que os primeiros permitam a evocação da representação dos segundos” (PIAGET, 2011, p.79).

                        Entende-se dessa forma, a importância do jogo simbólico para o pensamento, pois por meio da imaginação a criança tornar-se capaz de representar individualmente objeto e acontecimentos ocorridos num momento passado e isso contribui para a formação do pensamento. Mas, segundo Piaget (2011), é inútil perguntar se é a função simbólica responsável pelo pensamento ou, ao contrário, se é o pensamento que permite a formação da função simbólica. O que podemos concluir é que o pensamento precede a linguagem e esta o transforma, ajudando-o a chegar num equilíbrio por meio de esquematização mais desenvolvida e uma abstração mais instável. (PIAGET, 2011).

                        Evidencia-se então que no pensamento piagetiano, linguagem e pensamento são processos cognitivos que estão intimamente relacionados e que um completa e justifica o outro numa ação recíproca.

                        No que se refere a origem do pensamento, Piaget (2011), constatou que, devido as modificações da ação, nesse período percebe-se uma transformação da inteligência, o que antes era apenas senso-motora ou prática, agora se prolonga como pensamento propriamente dito. E isto se deve a uma dupla influência da linguagem e da socialização.

                        Piaget (2007) teve como objetivo maior resolver os grandes problemas epistemológicos, isto é, explicar como o sujeito conhece e fornece explicações cada vez mais objetivas e mais abrangentes sobre o mundo. Para isso teve que realizar pesquisas psicogenéticas sobre as origens e a estruturação progressiva do conhecimento e, nesse sentido, investigar o papel da lógica e da linguagem. É nesse contexto de preocupação teórica que se realizam os primeiros estudos sobre o desenvolvimento do pensamento e da linguagem da criança. A passagem do egocentrismo infantil para a objetividade e para o pensamento lógico encontra-se, segundo esse autor, estreitamente relacionada à linguagem socializada, isto é, à linguagem cujos termos e conceitos são compartilhados por todos os membros do grupo, a qual possui uma estrutura lógica.

            Segundo Piaget (2007), o elo que liga todas as características específicas da lógica infantil é o egocentrismo do pensamento das crianças. Ele reporta todas as outras características que descobriu, quais sejam, o realismo intelectual, o sincretismo e a dificuldade de compreender as relações, a este traço nuclear e descreve o egocentrismo como ocupando uma posição intermédia, genética, estrutural e funcionalmente, entre o pensamento autístico e o pensamento orientado.

                Piaget (2007) defende que o egocentrismo se encontra a meio caminho entre o autismo extremo e a lógica da razão, tanto cronológica, como estrutural e funcionalmente. A concepção genética do pensamento baseia-se na premissa extraída de psicanálise, segundo a qual o pensamento das crianças é original e naturalmente autístico e só se transforma em pensamento realista por efeito de uma longa e persistente pressão social.

                Consideramos que o desenvolvimento total segue a seguinte evolução: a função primordial da linguagem, tanto nas crianças como nos adultos, é a comunicação, o contato social. Por conseguinte, a fala mais primitiva das crianças é uma fala essencialmente social. De inicio, é global e multifuncional; mais tarde as suas funções tornam-se diferenciadas. Numa certa idade o discurso social da criança subdivide-se bastante nitidamente em discurso egocêntrico e discurso socializado. (PIAGET, 2007).

O discurso egocêntrico emerge quando a criança transfere as formas sociais cooperativas de comportamento para a esfera das funções psíquicas pessoais internas. A tendência da criança para transferir para os seus processos internos os modelos anteriormente sociais é uma tendência bem conhecida que Piaget conhece muito bem. Noutro contexto, ele descreve como as discussões entre crianças dão origem às primeiras manifestações de reflexão lógica. Algo semelhante acontece, julgamos, quando a criança começa a conversar consigo, própria como se estivesse a falar com outrem. Quando as circunstâncias a obrigam a deter-se para pensar, o mais certo é começar a pensar em voz alta. O discurso egocêntrico, dissociado do discurso social geral, acaba com o tempo por conduzir ao discurso interior que serve simultaneamente o pensamento autístico e o pensamento lógico. (PIAGET, 2007).

Desenvolvimento moral      

             Piaget argumenta que o desenvolvimento da moral abrange 3 fases: anomia, heteronomia, autonomia.

Anomia

            Geralmente a moral não se coloca, com as normas de conduta sendo determinadas pelas necessidades básicas. Porém, quando as regras são obedecidas, são seguidas pelo hábito e não por uma consciência do que se é certo ou errado. Na fase de anomia, natural na criança pequena, ainda no egocentrismo, não existem regras e normas. O bebê, por exemplo, quando está com fome, chora e quer ser alimentado na hora. As necessidades básicas determinam as normas de conduta. No indivíduo adulto, caracteriza-se por aquele que não respeita as leis, pessoas, normas. Na medida em que a criança cresce, ela vai percebendo que o "mundo" tem suas regras. Ela descobre isso também nas brincadeiras com as criança maiores, que são úteis para ajudá-la a entrar na fase de heteronomia. (PIAGET, 1977).

                                                                                                          

Heteronomia

            Há apenas o respeito à autoridade. Não há consciência, nem reflexão, apenas obediência. A autoridade está no outro: pais, professor, Deus, outros.

            O certo é o cumprimento da regra e qualquer interpretação diferente desta não corresponde a uma atitude correta. A responsabilidade pelos atos é avaliada de acordo com as conseqüências objetivas das ações e não pelas intenções. O indivíduo obedece as normas por medo da punição. Na ausência da autoridade ocorre a desordem, a indisciplina. (PIAGET, 1977).

Autonomia

            Legitimação das regras. Aqui o indivíduo adquire a consciência moral, possui princípios éticos e morais. Na moralidade autônoma, o indivíduo adquire a consciência moral. Os deveres são cumpridos com consciência de sua necessidade e significação. Possui princípios éticos e morais. Na ausência da autoridade continua o mesmo. É responsável, auto-disciplinado e justo. A responsabilidade pelos atos é proporcional à intenção e não apenas pelas consequências do ato. (PIAGET, 1977).

            Segundo Piaget (1977) ele não poderia analisar uma moralidade infantil, como uma moralidade adulta, e sim, observar o funcionamento padronizado de como cada criança via as regras, como uma moralidade delas, própria da sua forma de pensar, sem que houvesse uma interferência de julgamento da consciência adulta de moral. Para Piaget, a própria moral pressupõe inteligência, haja vista que as relações entre moral x inteligência têm a mesma lógica atribuída às relações inteligência x linguagem. Quer dizer, a inteligência é uma condição necessária, porém não suficiente ao desenvolvimento da moral. Nesse sentido, a moralidade implica pensar o racional, em 3 dimensões: a) regras: que são formulações verbais concretas, explícitas (como os 10 Mandamentos, por exemplo); b) princípios: que representam o espírito das regras (amai-vos uns aos outros, por exemplo); c) valores: que dão respostas aos deveres e aos sentidos da vida, permitindo entender de onde são derivados os princípios das regras a serem seguidas.

Os estágios do desenvolvimento cognitivo

            Segundo Piaget, todo e qualquer desenvolvimento passa por um processo de equilibrações sucessivas, ele preocupou-se em pesquisar, sobretudo a gênese do conhecimento. Neste seu estudo utilizou principalmente o método clínico de observação. Afirma que “o conhecimento resulta da interação do indivíduo com o meio e, todas as crianças passam por todos os períodos (estágios)”. (PAREDES, Eugenio Coelho. Fascículo II, 2000, p. 40).

Período sensório-motor 0 a 2 anos

            Período de sucção, a criança está presa ao aqui e agora da situação, usam esquema sensório-motor; pegar, balançar, joga, bate, morde objetos e atua de forma pré-lógica, colocando um sobre os outros ou um dentro do outro.

            Nesta fase a criança constrói esquema. A afetividade e a inteligência são aspectos indissociáveis, destaca a construção da noção do “eu”, diferencia o mundo externo do seu próprio corpo, por exemplo: o bebê de 5 meses age em relação a um objeto enquanto ele estiver visível à sua frente, se este for coberto por um pano, imediatamente sua atenção volta para outro objeto, elas agem como se o objeto nunca tivesse existido.

            A partir dos 8 meses o bebê percebe que o objeto está ali debaixo do pano, experimenta grande satisfação descobrindo o objeto e o escondendo várias vezes.

            Hoje, no mundo atual com seus avanços e contradições exige das crianças uma nova postura à realidade exterior, o que sem dúvida provoca modificações nas estruturas psicológicas, desde o antigo quarto escuro e silêncio absoluto, que era reservado para os bebês, hoje já é substituído por cores quentes, música, e barulho, convivendo com um ambiente altamente estimulador o que leva muita gente afirmar que as crianças de hoje são mais espertas que as de ontem.

            Quando o período sensório-motor vai-se modificando, a criança vai se libertando do aqui e agora, aparece à função simbólica, sendo alterada drasticamente surgindo uma nova etapa que prepara a criança para adaptar-se ao meio.

 Período pré-operário – 2 a 7 anos

            Marcada pela linguagem oral, por volta dos 2 anos a criança dispõe de esquemas representativos ou simbólicos, idéia pré-existente a respeito de algo. Este período recebe o nome de pensamento egocêntrico tendo ela própria como referência, exemplo: se um adulto perguntar a uma criança que tem irmãos, quantos irmãos ela tem, ela responderá nenhum, ou seja, o ponto de referência da família é ela mesma e não o outro.

            Esta etapa é também marcada pelo animismo, ou seja, a criança empresta a alma para coisas e animais, atribuindo-lhes sentimentos e intenções próprias do ser humano. É comum a criança dizer que a mesa é má, pois a machucou ou, que o vento “quer” embaraçar o seu cabelo penteado.

            Segundo Cláudia Davis, nesta etapa falta-lhe, portanto uma das condições de pensamento necessários para que haja uma operação: a reversibilidade por isso o nome de período pré-operacional. (1990, p. 43).

            A criança não compreende que quando fazemos uma transformação apenas mudamos o lugar ou o formato do objeto, isso não o alterará, exemplo: se darmos a criança duas massinhas iguais que tenha a mesma quantidade de gramas, e mudar o formato de uma das massinhas, ela dirá que uma massa é mais pesada que a outra. A criança é incapaz de rearranjar mentalmente objetos ou concebê-los em alguma outra disposição.

Período operário concreto – 7 a 12 anos

            Neste período o pensamento se torna menos egocêntrico, a criança é capaz de construir um conhecimento mais compatível com o mundo que o rodeia. Compreende que mudando o formado da massinha citada no período anterior, elas ficam com o mesmo peso, que só mudou o formato. O pensamento agora se baseia mais no raciocínio concreto que na percepção e se confunde nas situações abstratas. Com o recuo do egocentrismo percebe que as pessoas têm pensamentos, sentimentos e necessidades diferentes dos seus.

 Período operações formais – 12 anos em diante

            Conforme cita Cláudia Davis:

A liberdade do pensamento das amarras do mundo concreto, adquirindo no operatório-formal, permitirá ao adolescente pensar e trabalhar não só com a realidade concreta, mas também com a realidade possível com consequência, a partir de 13 anos, o raciocínio pode, pela primeira vez, utilizar hipóteses, visto que estas não são em princípio, nem falsas, nem verdadeiras, são apenas possibilidades. (1990, p. 45).

      

Nesta etapa há um grande desenvolvimento da inteligência. O adolescente é capaz de desempenhar operações mentais não só a partir de objetos concretos, mas também com símbolos, passam por mudanças hormonais que repercutem não só o corpo, também é comum o comportamento de revolta, é hora dos grandes idealismos, vontade de mudar tudo e questionar tudo. Possuem muitas incertezas, de indagações sobre o sentido da vida.

            Sabe-se que o desenvolvimento intelectual e cognitivo, embora seja contínuo varia no que diz respeito à idade, de criança para criança, mesmo porque algumas poderão estar à frente do que se espera delas, outras não.

            Para Piaget a criança é concebida como um ser ativo atento que constantemente cria hipóteses sobre o seu ambiente, privilegia a maturação biológica.

                                                                                           

CONSIDERAÇÕES FINAIS

          

Piaget utiliza os termos biológicos para explicar os processos cognitivos que ocorrem. Considera importante para a construção do conhecimento, o desenvolvimento orgânico, as experiências físicas e lógico-matemáticas e conseqüentemente sua adaptação ao meio social. A atividade, a ação é que nortearão o processo de ensino aprendizagem.

         Os educadores necessitam ser conhecedores das teorias que norteiam sua prática, especificamente sobre as questões que envolvem o processo de ensino-aprendizagem. Piaget influenciou a educação brasileira com contribuições significativas para pensarmos a aprendizagem. Ele procurou uma nova prática para a Educação, baseada crítica dos processos que perpetuam a alienação, da relação monológica da escola que reproduz o conhecimento, da educação sem criatividade, criticidade, reflexão.

         A educação não pode prescindir da contribuição desse teórico, que propôs uma educação como prática da liberdade, do sujeito histórico e transformador, do humanismo. A Psicologia faz com que o educador reflita na sua importância como educador e também proporciona suporte às mudanças na práxis do educador que possui valores éticos e compromisso profissional com seus educandos.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

1. BETTELHEIM, Bruno. Uma vida para seu filho. Rio de Janeiro: Campus, 1988.

2. DAVIS, Claudia; OLIVEIRA, Zilma. Psicologia da educação. São Paulo : Cortez, 1990.

3.PIAGET, Jean. Epistemologia Genética. Tradução: Álvaro Cabral. 3ª ed. Martins Fontes: São Paulo, 2007.

4.PIAGET, J. A. Formação do símbolo na criança: imitação, jogo e sonho, imagem e representação. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1975.                                                                                                                        

5.PIAGET, Jean. O julgamento moral na criança. São Paulo: Mestre Jou, 1977.                                                                                                  

6.PIAGET, J. Seis estudos de psicologia. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1989.

7.PIAGET,J. Seis estudos de Piaget. Tradução: Maria Alice Magalhães D’Amorim e Paulo Sérgio Lima Silva. 25ª ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2011.

8. PAREDES, Eugenia Coelho e TANUS, Maria Ignês Joffre. Psicologia: fundamentos da teoria piagetiana. Fascículo II, Cuiabá, Editora UFMT, 2000.

9. BRASIL. Ministério da Educação. Referencial Curricular Nacional Para A Educação Infantil. Secretaria de Educação. Volume I. Brasília, 2002ª.

 

Thiara da Silva Nunes

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