A Contribuição da Família na Educação e na Primeira Infância: Alicerce para o Desenvolvimento Humano

Andressa Norberto Franquin
Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia com Enfase em AEE. Primavera do Leste, MT.
Adriana da Silva Barros
Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Series Iniciais. Especialista em Psicopedagogia Clinica e Institucional. Primavera do Leste, MT.
Cynara Gonçalves Santos
Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Docencia em Educacao Infantil. Primavera do Leste, MT.
Ines Preuss da Rocha
Magisterio. Primavera do Leste, MT.
Rosei Pereira da Silva
Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia Institucional. Especialista em Ed. Infantil, Alfabetizaçao e Letramento. Primavera do Leste, MT.
A primeira infância, compreendida como o período do nascimento aos seis anos de idade, é considerada uma fase crucial no desenvolvimento físico, emocional, cognitivo e social da criança. Diversos estudos nas áreas da psicologia, pedagogia e neurociência apontam que as experiências vividas nesse período têm impactos duradouros ao longo da vida. Nesse contexto, a família emerge como a principal responsável pela constituição do sujeito, exercendo papel fundamental na formação dos vínculos afetivos, nos processos de aprendizagem e na construção dos valores e atitudes. A atuação conjunta entre família e escola, portanto, torna-se um pilar essencial para o sucesso educacional e o bem-estar infantil.
De acordo com Bronfenbrenner (1996), teórico do modelo bioecológico do desenvolvimento humano, a família é o primeiro e mais influente sistema do qual a criança faz parte. Trata-se do “microssistema” primário, onde as interações são diretas, afetivas e constantes. É por meio da convivência familiar que a criança aprende a se relacionar, a desenvolver linguagem, a regular emoções e a construir sua visão de mundo. Essas vivências iniciais impactam diretamente sua capacidade de adaptação em outros contextos sociais, como a escola, e influenciam sua trajetória de vida.
Na perspectiva de Vygotsky (1998), a aprendizagem é mediada pelas interações sociais, e o papel do adulto — incluindo pais e responsáveis — é fundamental para promover o desenvolvimento das funções psicológicas superiores. Ao oferecer apoio emocional, estímulo à curiosidade e oportunidades de interação, a família atua como mediadora do processo educativo. Isso inclui não apenas o ensino direto de comportamentos e conhecimentos, mas também o exemplo, a escuta e o acolhimento das necessidades emocionais da criança.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), em sua introdução à Educação Infantil, reconhece a importância da participação da família no processo educativo, enfatizando que a articulação entre escola e família é condição indispensável para garantir o direito da criança ao desenvolvimento integral (BRASIL, 2017). Essa articulação se dá por meio da comunicação frequente, da escuta ativa por parte da escola e do engajamento das famílias nas decisões pedagógicas e atividades escolares. Quando essa parceria é sólida, os resultados educacionais tendem a ser significativamente melhores.
Além disso, é importante considerar que a qualidade da educação na primeira infância está diretamente relacionada às condições de vida das famílias. Fatores como acesso à moradia, alimentação, saúde, saneamento básico e segurança são determinantes para o desenvolvimento saudável da criança. Nesse sentido, políticas públicas intersetoriais que integrem educação, assistência social e saúde são fundamentais para apoiar as famílias em situação de vulnerabilidade e promover a equidade no acesso às oportunidades desde os primeiros anos de vida (ANDRADE et al., 2015).
A literatura educacional também destaca a importância da parentalidade ativa e consciente. Segundo Buarque e Leal (2012), pais que participam ativamente da vida escolar dos filhos contribuem para a construção de um ambiente favorável à aprendizagem, além de fortalecer os laços afetivos e a autoestima infantil. Atitudes como ler para os filhos, contar histórias, brincar juntos, acompanhar as tarefas e comparecer às reuniões escolares são exemplos de práticas simples que geram efeitos positivos no desempenho acadêmico e no comportamento da criança.
Contudo, é necessário reconhecer que nem todas as famílias possuem as mesmas condições para exercer esse papel de forma plena. Desigualdades sociais, jornadas de trabalho extensas, baixa escolaridade e falta de apoio institucional são fatores que podem dificultar o envolvimento familiar. Portanto, cabe à escola assumir uma postura acolhedora, compreensiva e dialógica, valorizando os saberes familiares e construindo parcerias baseadas na confiança mútua e no respeito à diversidade.
Em suma, a família exerce uma influência central e insubstituível na educação e no desenvolvimento da criança na primeira infância. O fortalecimento do vínculo entre família e escola, o reconhecimento das famílias como parceiras no processo educativo e o investimento em políticas públicas que garantam o direito à infância são estratégias fundamentais para promover o desenvolvimento pleno e a inclusão social desde os primeiros anos de vida. Cuidar da infância é, portanto, uma responsabilidade compartilhada entre escola, família e sociedade.
Referências:
ANDRADE, A. C.; MOTA, C. M. M.; SILVA, L. L. A importância da intersetorialidade na atenção à primeira infância. Brasília: MEC, 2015.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, 2017.
BRONFENBRENNER, Urie. A ecologia do desenvolvimento humano: experimentos naturais e planejados. Porto Alegre: Artmed, 1996.
BUARQUE, C. de H.; LEAL, M. L. A. Educação na primeira infância e o papel da família: contribuições para o desenvolvimento integral. São Paulo: Moderna, 2012.
VYGOTSKY, Lev Semionovich. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. São Paulo: Martins Fontes, 1998.