A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO
Karolynne Peres de Sousa Ramos
Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Neuropsicopedagogia Clínica e Institucional. Primavera do Leste, MT.
Marijane Batista Dias
Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia e Educação Infantil. Especialista em Alfabetização e letramento. Primavera do Leste, MT.
Valda Rodrigues dos Santos
Licenciatura plena em Pedagogia. Especialista em educação infantil e letramento com ênfase em psicopedagogia. Primavera do Leste, MT.
Paulla Fernanda Praxedes
Licenciatura plena em Pedagogia. Especialista em Educação infantil e Alfabetização. Primavera do Leste, MT.
Maria da Glória Ramos dos Santos
Licenciatura plena em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional. Especialista em Educação Especial/ AEE. Primavera do Leste, MT.
A construção do conhecimento científico pautado sob a ótica interdisciplinar tem como objetivo, lidar com a crescente complexidade do mundo, apontando caminhos possíveis de serem trilhados e descortinados de forma mais eficiente ante ao que a sociedade exige, conhecimento esse que surge resultante de um possível ‘rompimento’ ou ‘alargamento’ das fronteiras disciplinares. Assim como nos diz Coimbra (2000, p. 65),
A interdisciplinaridade, doravante, é uma vocação necessária para a Ciência, como tal; não apenas para os seus cultores e aplicadores. A verdadeira Ciência não para em si; não se contenta com os objetos particulares de um saber, por mais valioso e indispensável que sela ele, porquanto tal objeto não é isolado de um contexto. Mais do que a consecução pura e simples de um determinado conhecimento, é a necessidade intrínseca de prosseguir o que impõe à Ciência maior amplitude de horizonte (extensão) e mais profundo entendimento (compreensão). À medida que se ampliam os horizontes, impõe-se, por igual, o imperativo do aprofundamento.
Os limites impostos pela “disciplinarização” do conhecimento, na contemporaneidade do século XXI parecem estar criando obstáculos ao contínuo e progressivo desenvolvimento da ciência. De modo geral, Coimbra (2000) afirma que o ‘modelo’[1] interdisciplinar materializa o vínculo que um saber deve estabelecer com os outros, adotando uma relação de reciprocidade, fazendo surgir assim, uma nova estrutura de completude e cumplicidade científica no que convergem os fenômenos a serem estudados, conhecidos, construídos e desconstruídos à luz das exigências situacionais.
Conforme Pombo (2006), a interdisciplinaridade existe, sobretudo, como prática, assim como afirma Fazenda (1991, p. 82-88) que traz para discussão a exigência de que as inquietações estejam circundadas de situações reais, experimentadas pelos agentes envolvidos, pois “as evidências fornecidas pela prática permitem a discussão teórica da problemática que gradativamente vai se desvelando”, admitindo-se que “a maioria das contradições enfrentadas no cotidiano de um indivíduo não são tão singulares quanto se imagina, mas comuns a todos os que se dispõem a reconstruir suas práticas”.
Estas inquietações abrem caminhos para pesquisas e discussões interdisciplinares, em que a especificidade de cada área do conhecimento estará envolvida com suas aplicações específicas.
Portanto, reforçamos aqui nosso histórico respeito frente à consolidação da necessidade específica dos contributos de cada área, doravante chamadas de disciplinas (no sentido educativo-pedagógico), uma vez que cada uma possui suas particularidades que serão eximiamente aproveitadas em aplicações interdisciplinares. Entretanto, a defesa aqui converge na premência de uma visão contemporânea sistêmica da realidade e a emergente necessidade em ultrapassar as fronteiras da “disciplinarização”, passando a ser considerada como ponto central da evolução científica, além de servir como estratégia para solucionar problemáticas complexas decorrentes da evolução da humanidade.
Estas e outras assertivas apontam para a necessidade de produzir conhecimento científico cada vez mais amplo e comunicativo, visto que o confinamento disciplinar do saber, mesmo tentando manter suas bases históricas, seu habitus, seu ethos e seu modus operandi com razoável fôlego, tem se mostrado frágil no decorrer dos anos (a contar a partir do século XX), frente às problemáticas (sistemas) complexas que a humanidade tem construído, tais como: economia, em que múltiplos fatores incluem diretamente em seus possíveis resultados, a política que se consolida sob muitas vertentes e realidades, o corpo humano que é uma construção complexa de múltiplos fatores, a cultura que se constrói ao longo das realidades e outras situações em que sabidamente o entendimento holístico é requerido constantemente.
[1] Frente à propositura que este trabalho se materializa, tratar-se-á interdisciplinaridade como uma atitude pedagógica, o que aqui equivalerá a abordagem e termos associados. Conforme Fazenda (1979, p.8-9) ao discutir interdisciplinaridade, é preciso considerar a “relação de reciprocidade, de mutualidade, que pressupõe uma atitude diferente a ser assumida frente ao problema de conhecimento, ou seja, é a substituição de uma concepção fragmentária para unitária do se humano”. Por este e outros motivos a serem descortinados não podemos considerar a interdisciplinaridade como um “modelo”, visto que esta proposta não se objetiva em modelar algo, ou ditar formas específicas de seguir ditames, assim como Fazenda (1979) mostra que a única forma de assegurar a existência da interdisciplinaridade é promover diálogos permanentes e constantes.