A Blindagem dos Professores
Por Wolmer Ricardo Tavares – Mestre em Educação e Sociedade, Escritor, Palestrante e Docente – www.wolmer.pro.br
Currículo Lattes http://lattes.cnpq.br/9745921265767806
Quando professor universitário, lecionava no curso de Administração, uma disciplina denominada Gestão do Conhecimento, e nela eu abordava a técnica de storytelling[1] que busca difundir valores e conhecimentos por meio de narração de histórias.
A palavra story significa historiar, narrar; e telling, significa de forma eficaz, notável, surgindo então a palavra storytelling, ou seja, a arte de narrarmos um fato de forma eficaz assegurando a assimilação dos ouvintes.
Assim sendo, será narrado uma história para que o leitor entenda a situação em que nos encontramos, visto que a educação nunca é neutra, pois a neutralidade é uma forma de se fazer perpetuar as arbitrariedades, injustiças e o abismo social em que nos encontramos.
Em um mundo distópico, ao qual prevalecia uma sociedade opressora, sombria e desumanizada cujo regime totalitário era o braço forte, impondo a perda da liberdade, desigualdade, vigilância e falta de esperança, existia uma instituição formada por juízes que por força hercúlea conseguia a duras penas manter um pouco o equilíbrio e o status quo da justiça.
O problema que neste mundo utópico os professores encontravam-se no topo da pirâmide social, e para ser professor não era exigido licenciatura e tampouco conhecimento, bastava ser indicado pelo povo alienado, sempre alienado, já que eram os professores que ditavam as regras de o que ensinar, como ensinar e quando ensinar, além de pontuar quem deveria ou não aprender, aumentando exponencialmente o abismo social.
Esses juízes que buscavam e faziam acontecer a justiça, precisavam ser anulados, isso porque eles eram o empecilho para esta distopia.
Estes professores tiveram um brilhante plano, e impuseram uma blindagem, afinal das contas, estes professores eram despidos de qualquer coisa que remetesse a deontologia[2].
Assim, esta lei imposta por eles exigia que qualquer docente jamais poderia ser investigado, teria completa imunidade e impunidade, afinal das contas, ser professor não é para qualquer um.
O professor poderia assediar sexualmente e moralmente seus alunos, dirigir bêbado, usar arma de fogo inclusive para intimidar alunos não simpatizados por eles. Poderiam também desviar merenda escolar, dinheiro do PDDE, agredir alunos e também diretores, e até fazer uma associação com o crime organizado, mediante um considerável salário, para que o crime organizado pudesse usufruir também desta impunidade, tendo estes professores cúmplices de seus horrendos crimes, como tráfico de armas, drogas e outras mazelas impostas por eles.
As salas dos professores seriam ambientes instransponíveis, sendo o lugar perfeito para guardar todo e qualquer tipo de drogas, armamentos, provas de crimes ou qualquer outra coisa que denegrisse a imagem do professor.
Além de tudo isso, o professor não precisaria fazer seu plano de aula, já que ninguém (pedagogo, diretor, pais) saberia o que está sendo ensinado. Seria a palavra do aluno contra a dele que com esta blindagem, tornou-se onipotente.
Uma das lideranças desta opressão é de uma professora que usa uma peruca loira, considerada a mais corrupta e mentirosa a representar o corpo docente, conhecida com Nicolle, a burra, porque de sua boca sai o chorume da ignorância, imbecilidade e preconceito.
Qualquer semelhança desta história com a atual PEC da blindagem que protege parlamentares, oferecendo a eles total imunidade e impunidade parlamentar é mera coincidência.
O caro leitor conseguiu imaginar como funciona esta blindagem nos parlamentares? Eles estão rasgando o Art. 5º da Constituição brasileira no qual afirma que “todos são iguais perante a lei”.
Já afirmava Ivan Teonilang “a impunidade é o incentivo contundente para a prática do crime”, o que é corroborado pelo Marquês de Maricá quando afirmou que “a impunidade é segura, quando a cumplicidade é geral”.
Assim sendo, que por meio da educação, possamos esclarecer nossos educandos que a escolha de um político deve ser algo mais racional, pautando-se no compromisso com o povo, no sentimento de humanidade e ética.