06/10/2025

A Arte de Contar Histórias na Educação Infantil: Linguagem, Imaginação e Encantamento

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Luzia Mendes Xavier

Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Educação Infantil. Especialista em Psicopedagogia Clinica e Institucional. Primavera do Leste, MT.

Rosilene de Jesus Ferreira

Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Psicopedagogia com ênfase em Educação Especial. Primavera do Leste, MT.

Wéllima Tavares da Silva

Licenciatura em Pedagogia. Licenciatura em Quimica. Especialista em Educação Inclusiva com ênfase na Educação de Surdos. Primavera do Leste, MT.

Edna Alves Mendes de Jesus

Licenciatura em Pedagogia. Especialista em Planejamento Educacional. Especialista em Docência na Educação Infantil. Primavera do Leste, MT.

Aline Stucker

Licenciatura em Pedagogia. Primavera do Leste, MT.

 


      A contação de histórias é uma das práticas mais antigas da humanidade e continua sendo uma poderosa ferramenta pedagógica na educação infantil. Muito além do entretenimento, contar histórias é uma forma de educar, comunicar e despertar sentimentos, favorecendo o desenvolvimento integral da criança. No contexto escolar, essa prática contribui de maneira significativa para o aprimoramento da linguagem oral e para o estímulo da imaginação, dois aspectos fundamentais na formação cognitiva e emocional dos pequenos.

      Durante a infância, a criança está em pleno processo de aquisição da linguagem. Ouvir histórias contadas por adultos — com expressões, gestos e entonações — estimula a percepção auditiva, a ampliação do vocabulário e a compreensão das estruturas linguísticas. Cada narrativa oferece novas palavras, modos de organizar frases e diferentes maneiras de expressar ideias. Dessa forma, a contação de histórias torna-se uma experiência rica de letramento oral, na qual a criança aprende a escutar com atenção, interpretar mensagens e, gradualmente, expressar-se com mais clareza e segurança.

      Além de ampliar a linguagem oral, a contação de histórias desperta a imaginação e a criatividade. Ao ouvir um conto, a criança visualiza mentalmente personagens, lugares e situações, construindo imagens próprias a partir da narrativa. Essa capacidade de imaginar é essencial para o desenvolvimento cognitivo, pois estimula a abstração, a curiosidade e o pensamento simbólico. A fantasia presente nas histórias permite à criança explorar mundos possíveis, questionar regras, compreender valores e refletir sobre o comportamento humano, de forma lúdica e prazerosa.

      Outro aspecto relevante é o desenvolvimento emocional. As histórias permitem à criança identificar-se com os personagens e suas trajetórias, compreendendo melhor suas próprias emoções. Ao ouvir sobre desafios, medos e conquistas dos protagonistas, ela aprende a lidar com sentimentos semelhantes, elaborando-os de maneira simbólica. As narrativas, portanto, funcionam como um espelho da vida, ajudando na construção da empatia, da autoconfiança e da capacidade de enfrentamento.

      No ambiente escolar, a contação de histórias também fortalece os vínculos afetivos entre professores e alunos. O momento de ouvir uma história é, acima de tudo, uma experiência de acolhimento e encantamento. A voz do educador, suas expressões e gestos criam uma atmosfera de confiança e curiosidade, na qual a criança se sente segura para se envolver, questionar e participar. Essa relação afetiva é essencial para que o processo de aprendizagem aconteça de forma significativa e prazerosa.

      As possibilidades pedagógicas da contação de histórias são amplas. Além de ouvir, as crianças podem recontar histórias com suas próprias palavras, dramatizar cenas, criar finais alternativos ou inventar novas narrativas inspiradas nas que ouviram. Essas atividades favorecem o desenvolvimento da linguagem, pois exigem organização de ideias, uso de conectivos e coerência narrativa. Ao mesmo tempo, estimulam a imaginação, já que a criança passa a atuar como criadora de histórias, e não apenas como ouvinte.

      Para que a contação de histórias cumpra seu papel educativo, é fundamental que o professor atue como mediador sensível e criativo. A escolha das histórias deve considerar a faixa etária, o repertório cultural e o interesse das crianças. O educador pode utilizar diferentes recursos para tornar o momento mais envolvente, como fantoches, objetos simbólicos, livros ilustrados, músicas ou dramatizações. O mais importante, porém, é o encantamento: contar histórias com emoção e expressividade é o que desperta o interesse genuíno da criança.

      Em tempos de avanço das tecnologias digitais e de comunicação acelerada, a contação de histórias mantém sua relevância como um espaço de escuta, imaginação e convivência. Diferente dos estímulos imediatos das telas, a narrativa oral convida à pausa, à atenção e ao exercício da fantasia, valores fundamentais para a formação de sujeitos sensíveis e criativos.

      Em síntese, a contação de histórias na educação infantil é uma prática pedagógica de grande valor, pois integra o desenvolvimento da linguagem oral, o estímulo da imaginação e o fortalecimento dos laços afetivos. Ao ouvir e criar histórias, a criança amplia seu vocabulário, exercita o pensamento simbólico e descobre o prazer de se comunicar. Contar histórias é, portanto, mais do que ensinar: é encantar, humanizar e formar leitores e sonhadores desde a infância.

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