07/12/2016

Tríade interativa aluno, professor, família: O sucesso da participação inclusiva do aluno com deficiência na Educação Física Escolar

TRÍADE INTERATIVA: ALUNO, PROFESSOR, FAMÍLIA: O SUCESSO DA PARTICIPAÇÃO INCLUSIVA DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR.

 

 

 

Kleya Ismary Rodrigues Benedito, Natalia Paiva da Silva, Rafael Júlio Francisco de Paulo

 

 

BENEDITO, K. I. R.¹; SILVA, N. P.¹; PAULO, R. J. F.²

1Discentes do Curso de Educação Física – Licenciatura no Centro Universitário Ítalo Brasileiro.

E-mail: kleya.irb@gmail.com

2Orientador, Fisioterapeuta, Mestre em Reabilitação do Equilíbrio Corporal e Inclusão Social pela Universidade Anhanguera, Docente do Curso de Educação Física do Centro Universitário Ítalo Brasileiro.

 

TRÍADE INTERATIVA ALUNO, PROFESSOR, FAMÍLIA: O SUCESSO DA PARTICIPAÇÃO INCLUSIVA DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR.

 

RESUMO

A inclusão já passou por quatro fases de rotulação: Exclusão, Segregação, Integração e Inclusão de alunos com deficiência no ensino regular. Porém, ainda há muito que fazer e mudar para que efetivamente esta inclusão aconteça dentro das escolas. Fato este, que nos levou a investigar, se a tríade interativa entre professor, aluno e família, seria o sucesso da participação inclusiva destes alunos na Educação Física escolar. O resultado foi positivo com relação ao que investigamos, assim como a integração, a estrutura escolar, formação dos professores e o conhecimento de todos envolvidos sobre a deficiência, são pilares essenciais, para que a inclusão seja garantida não só no papel através de leis, mas também, no âmbito educacional na prática.

Palavras Chaves: Aluno com deficiência, Professor, Educação Física, aula de Educação Física e família.

 

 

ABSTRACT

The inclusion has already undergone four phases of labeling: Exclusion, Segregation, Integration and Inclusion of students with disabilities in regular education. However, there is still a lot to do and change so that effectively, this inclusion happens within the schools. This fact, which led us to investigate, if the interactive triad between teacher, student and family, would be the success of the inclusive participation of these students in School Physical Education. The result was positive in relation to what we investigated, as integration, school structure, teacher training and the knowledge of all involved about disability are essential pillars, so that inclusion is guaranteed not only on paper through laws , But also in the educational field in practice.

Keywords: Student with disabilities, Teacher, Physical Education, Physical Education and Family class.

 

 

INTRODUÇÃO

          No Brasil, aproximadamente 23,9% de sua população total, tem algum tipo de deficiência, e, boa parte desta população encontram-se matriculada em algum sistema de ensino (IBGE 2010). Este fato, justifica as mudanças na política educacional e o surgimento de novas leis, que garantem o direito à educação dessas pessoas com deficiência no ensino regular. Porém, com estas mudanças aumentaram apenas o número de matriculas deste público no ensino regular, não assegurando a inclusão efetiva destes indivíduos (BIANCONI; MUNSTER, 2009). Para que a participação inclusiva destes alunos seja produtiva e efetiva, ainda há muito o que fazer e mudar, na área de Educação Física não é diferente (VIANNA; GOMES; GARCIA, 2013).

           Ao debater sobre a inclusão do aluno com deficiência nas escolas, a questão que vem em mente, é a formação dos professores, o conhecimento, comportamento e sua forma de trabalho, mediante ao aluno com deficiência e os demais alunos. Vale ressaltar também, a falta de comunicação de muitos pais com a escola sobre os seus filhos, e isto, gera insegurança e “superproteção”, enxergando as crianças como impotentes ou incapazes de evoluir sozinhas ou conseguir seu desenvolvimento, sua autonomia, e a capacidade de aprender com a sua semelhança a outras pessoas (GLAT; PLETSCH, 2004).

          Acredita-se que, o sucesso da participação inclusiva está no apoio e na interação do professor, do aluno e da família, conforme a Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994, pg. 37) art. 59: “A educação de crianças com necessidades educacionais especiais é uma tarefa a ser dividida entre pais e profissionais. Uma atitude positiva da parte dos pais favorece a integração escolar e social”. Pois, ninguém melhor que a família para descrever as reais necessidades do aluno e auxiliar o professor com as tarefas para o desenvolvimento do mesmo, visto que, a aprendizagem é continua não se limitando apenas ao ambiente escolar (UNESCO, 1994).

          O objetivo deste estudo é demonstrar que a tríade interativa (Aluno, professor e família) é peça fundamental para o sucesso na participação inclusiva do aluno com deficiência no ensino regular.

          A metodologia utilizada para o presente estudo foi a Revisão de Literatura simples. Os materiais utilizados para o desenvolvimento do estudo foram: artigos científicos, livros, sites acadêmicos científicos e trabalhos acadêmicos. De 42 artigos selecionados, foram escolhidos 08 artigos, que atenderam aos critérios de pertinência do tema do trabalho: tríade família, aluno e professor, para uma participação inclusiva na Educação Física escolar.

            Os artigos selecionados foram lidos na íntegra e fichados para a discussão do tema central do estudo. Para a busca dos artigos foram utilizadas a seguintes palavras-chaves: Deficiência, aluno com deficiência, Professor, Educação Física, aula de Educação Física e família.

 

INCLUSÃO

            Nos dias atuais, as pessoas com deficiência são vistas perante a sociedade, como aquelas que lutam frente aos seus direitos, desafiando suas limitações em busca de ações educativas. No Brasil, a primeira Lei à pessoa com deficiência surgiu em 1988 pela Constituição Federal, descrita no Art. 208 “III - Atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente, na rede regular de ensino”. A LDB (Lei de Diretrizes e Bases) aprovada em 1996 também reforçou os diretos destes indivíduos, conforme descrito no Cap. V Art. 58 “Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para os educandos portadores de necessidades especiais”. Até a década de 50, mal se falava em inclusão, começou a entrar em evidência e discutida entre governantes a partir dos anos 70. O movimento da inclusão surgiu no final da década de 80 e início da década de 90 com o objetivo de fundir o ensino especial com o regular, reformulando o sistema de ensino visando à inclusão escolar conforme a Declaração de Salamanca de 1994 (ROGALSKI, 2010).

            A ideia de escola inclusiva não se dirige apenas à inclusão física do aluno com deficiência, mas também, à interação social e cultural, incorporando métodos relativos a necessidades especiais do aluno (FALSARELLA, 2012).

          Segundo a Declaração de Salamanca (1994), o princípio fundamental da inclusão consiste em sempre que possível, todos os alunos aprenderem juntos, independente das dificuldades e de suas diferenças. É um dever da escola, identificar as necessidades de seus alunos e adaptar estilos e ritmo de aprendizagem, garantindo uma boa educação para todos (UNESCO, 1994).

         A não inclusão do aluno no ensino regular deve ser considerada, excepcionalmente, para aqueles casos que ficam claramente demonstrados, que no ambiente regular de ensino, o aluno é incapaz de se desenvolver, e, satisfazer as necessidades pedagógicas e sociais (UNESCO, 1994).

            Com o surgimento das leis e programas, a sensibilidade para a inclusão não era mais apenas de responsabilidade, daquele que necessitava de educação especial, esta responsabilidade, passou a ser compartilhada com a sociedade, família e escola (BIANCONI; MUNSTER, 2009).

            A sociedade tem um hábito de categorizar as pessoas, tendo como base, os fatores econômicos, culturais, sociais e históricos. Contudo, possuem uma visão “padrão de normalidade” do homem, Mattos (1996). Neste mesmo sentido, a inclusão escolar, também tem sua trajetória de rotulação, conforme estudos de Batista (2006 apud Campos 2008), desde o princípio até os dias de hoje, este tema passou por quatro fases: Exclusão, Segregação; Integração e Inclusão.

            Até o século XX, era a “fase de exclusão”, pois, todos que tivessem algum tipo de deficiência não se encaixavam no “padrão de normalidade” da sociedade ou não eram dignos de educação escolar, tampouco, do convivo social. A “fase de Segregação” foi marcada a partir do século XX, pois, estas pessoas que eram excluídas, passaram a ser acolhidas em grandes instituições como, por exemplo, as igrejas, formando um grupo fechado destacado das pessoas taxadas, como “normais”. E foi na década de 70, que a visão com relação às pessoas com deficiência começou a ficar mais flexível, além do que, iniciou-se a visão de integrar todo e qualquer grupo de minoria, no mesmo ambiente que os demais. E foi desta maneira, que esta minoria, que antes ficavam isoladas, passaram a ser aceitas nas escolas comuns, acolhendo uma diversidade de alunos, com diferentes interesses, motivações e capacidades de aprendizagem (MATTOS, 1996; CAMPOS, 2008).

           E atualmente, estamos na fase da inclusão, ainda temos problemas de adequações para serem resolvidas e revisadas, como por exemplo adaptações do ambiente escolar, opções de acesso, disponibilidade de materiais, pois, o conceito está baseado em uma qualidade de educação para todos, isto é, a escola tem que se adequar para atender a todos os alunos, satisfazendo os requisitos educacionais e não os alunos que deverão se adequar, para que possam ser incluídos na escola (CAMPOS, 2008).

 

INCLUSÃO E A FAMÍLIA

            A família como membro principal na vida da pessoa com deficiência, muitas vezes se impacta perante a identificação da deficiência de seus filhos, na ansiedade, insegurança da dependência e falta de autonomia dos mesmos. Porém, o que se sabe, é que a família tem um papel fundamental na estimulação e incentivo, proporcionando oportunidade e ajuda na busca de uma identidade própria. Muitas vezes o principal obstáculo na construção dessa identidade e autonomia, está na falta de recursos para a inserção no processo pedagógico escolar, uma vez que, a família ainda se sinta insegura, pela maneira que seus filhos serão recebidos e tratados, no ambiente escolar devido à falta de confiança com os profissionais e sua formação, principalmente, escolas regulares. Tal aspecto, força esses familiares a buscarem escolas especiais (GLAT; PLETSCH, 2004; SILVEIRA; NEVES, 2006).

          Um fator abordado a essa reação, é o não conhecimento sobre a pessoa com deficiência, desde a gestação ou nascimento, falta de consciência de suas possíveis características e o desenvolvimento que podem alcançar, faz com que as famílias tenham receios junto às escolas de ensino regulares, medo de seus filhos, não serem aceitos ou tratados de maneira esperada (CASSARIN, 2009).

          Para que estes tipos de sentimentos não influenciem no desenvolvimento da criança com deficiência, é importante que a família busque orientações que facilite o entendimento das relações da pessoa com deficiência. Bem como buscar procura de profissionais para orientações e esclarecimentos sobre a deficiência desde o início, afastando assim, o olhar preconceituoso e limitador (GLAT; PLETSCH, 2004).

          Para o sucesso da participação inclusiva deste aluno com deficiência nas aulas, é importante o envolvimento da família junto à entidade de ensino, sendo fundamental este trabalho integrado entre: escola, família e professores a fim de quebrar barreiras, Resende; Ferreira; Rosa (2010). Conforme discorre a Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994, pg. 37) art. 59: “A educação de crianças com necessidades educacionais especiais é uma tarefa a ser dividida entre pais e profissionais. Uma atitude positiva da parte dos pais favorece a integração escolar e social”.

        Com a família contribuindo, fornecendo informações, sugestões, críticas e participações ativas no ambiente escolar, auxilia a instituição a trilhar qual caminho seguir, ajustando e adaptando o método de ensino para um melhor desenvolvimento do aluno com deficiência, garantindo uma participação inclusiva eficiente (RESENDE, FERREIRA, ROSA, 2010).

       Com a comunicação do professor, escola e família do aluno com deficiência sendo mais próxima, a família tem um acompanhamento mais produtivo proporcionando mais conhecimentos e clareza sobre o desenvolvimento do mesmo, visto que está junção na vida desses alunos pode ter mais efeito e sucesso, pois, estarão trabalhando juntos com o mesmo objetivo a Educação e inclusão (GLAT; PLETSCH, 2004).

           É evidente a abundância no desenvolvimento quando a família se faz presente na vida escolar do aluno, porém, as simples “reuniões de pais”, não são o suficiente para atingir tal abundância, por parte dos professores as meras informações esporádicas sobre o desempenho dos alunos para os pais, não são suficientes para diminuir a distância entre eles. Uma cultura que até hoje é cultivada no âmbito educacional é o habito de não chamar os pais pelo nome, mas sim, de “pai” e “mãe”, ainda que seja um pequeno gesto ou atitude impensada, já contribui para a não aproximação da família com a escola (LIMA, 2015).

 

INCLUSÃO JUNTO AO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA

          Quanto ao papel dos educadores frente à inclusão, primeiramente acreditar em seu trabalho e possível sucesso em suas aulas e vislumbrar, estimular dando novos sentidos e possibilidades dos alunos considerados “normais“ de serem solidários, acolhedores e compreensíveis diante das diferenças (ROGALSKI, 2010).

         Todavia, inclusão não se caracteriza apenas pela presença do aluno com deficiência no ensino regular, esta ação envolve todo um planejamento, uma gestão de turma, organização e até mesmo uma boa vontade e interesse do professor de Educação Física em progredir como educador atingindo efetivamente a participação inclusiva desses alunos (SILVA, 2014).

           Os professores de Educação Física comparados aos outros são mais bem vistos pelos alunos, talvez pela flexibilidade e diversidade das aulas, já que o grau de rigidez é menor comparado às outras disciplinas e o professor também dispõe de uma maior liberdade de organização dos conteúdos das aulas, tendo mais oportunidade de usar a criatividade e adaptações para promover a inclusão (RODRIGUES, 2003).

        Porém, quando analisada a contribuição efetiva do professor de Educação Física na inclusão escolar, há diferentes posturas e atitudes que acabam desestabilizando esta visão de praticidade para a inclusão e isto acontece por diferentes fatores como: Mulheres (professora) evidenciam atitudes mais positivas à inclusão que o homem (professor). Professores com mais experiências e conhecimento do tipo de deficiência de seu aluno, também apresentam uma maior facilidade em resolver questões problemas para proporcionar a participação inclusiva do mesmo (SILVA, 2014).

        Isto indica que, em nada adianta ter anos de serviço no ensino, se não tiver um contato direto com o aluno com deficiência, conhecer esta deficiência, suas possibilidades e limitações (SILVA, 2014).

            Para fazer acontecer esta participação inclusiva, o professor precisa estar aberto a mudanças de métodos, concepção social, modo de ver o mundo, acolhendo e sendo solidário diante das diferenças entre outros fatores para promover a inclusão como buscar conhecimentos sobre a deficiência, explorando sua criatividade para proporcionar vivência de movimentos dentro das possibilidades do aluno, oportunizando o conhecendo do próprio corpo (GLAT; PLETSCH, 2004; ZANETTI, 2005).

       O professor, por sua vez é o mediador entre escola e o aluno, deve informar a instituição de ensino sobre as necessidades de cada aluno deixando-os ciente do que se precisa para atendê-los, em especial aos alunos com limitações, buscando uma melhor forma de proporcionar oportunidades e igualdade na escola para todos (AIME; SENA; AWAD, 2014).

 

INCLUSÃO E A EDUCAÇÃO FÍSICA

          Com toda esta evolução da concepção de inclusão, a Educação Física, passou a se preocupar e a repensar como atenderia este público com deficiências no âmbito escolar e foi assim que surgiu a Educação Física Adaptada (BIANCONI; MUNSTER, 2009).

            A Educação Física na sua essência é a disciplina que tem mais possibilidades de promover a inclusão, devida suas características como a de maior liberdade, para a elaboração do planejamento das aulas, maior variabilidade de adaptações para atingir as metas perseguidas, garantindo uma maior participação, satisfação e evolução dos alunos com deficiência (SILVA, 2014).

        Contudo, há temas de atividades na Educação Física, que são totalmente excludentes para esses alunos com deficiência como, por exemplo, a competição e a cultura desportiva (quando usada sem uma perspectiva pedagógica), eles criam um obstáculo adicional, não valorizando as diferenças evidentes em comparação aos demais alunos. Com relação aos sentimentos, assim como, essas atividades geram uma satisfação quando a meta é atingida, geram também sentimento de frustração quando o empenho fica abaixo dos demais (RODRIGUES, 2003).

            O cenário dos alunos com deficiência nas escolas na aula de Educação Física ainda está aos poucos em andamento, devido a alguns fatores que contribuem para a não inclusão do aluno com deficiência, tais como: Espaços físicos impróprios e sem acessibilidade, materiais insuficientes, professores despreparados, desmotivados ou descompromissados (AIME, SENA, AWAD, 2014).

            Pessoas com deficiência possuem necessidades diferenciadas, tem dificuldades de aprendizados e precisam de recursos estratégicos tanto pedagógicos quanto metodológicos adaptados para facilitar seu acesso e aprendizagem conforme informa a (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, no Título III, DO DIREITO Á EDUCAÇÃO E DO DEVER EDUCAR, no art. 4º inciso III, 1998).

            No final da década XIX, passou a ser obrigatória no ensino regular a inclusão e desde então a Educação Física vem se desenvolvendo de uma forma eficaz e produtiva (STRAPASSON, 2007).

            Nota-se que mesmo com as leis que amparam o direito do aluno junto à escola ou até mesmo a sociedade, ainda há várias dificuldades em realizar a inclusão, não somente pela falta de compromisso ou interesse do professor, mas também pelo receio dos próprios alunos com deficiência ou da família, visto que já sofreram com algum tipo de preconceito em outras situações, por isso acabam se excluindo das aulas de Educação Física. Os benefícios para os alunos com deficiência, através das aulas de Educação física são vários, tais como: Aumento das competências afetivas, integração, autonomia, desenvolvimento cognitivo quanto ao motor e inserção à sociedade, onde devem ser estimulados e aplicados com cuidados, carinho e compromisso com os alunos, respeitando suas limitações e necessidade especifica e/ou individuais (AIME, SENA, AWAD, 2014).

            Segundo Lehnhard (2009), em suas pesquisas de campo os alunos com deficiência física podem sim participar das atividades proposta pelo professor de Educação Física, desde que o inclua nas atividades de uma forma adaptada sem perder a essência e objetivo.

        O professor de Educação Física deve saber lidar com os alunos em diversas situações, buscar desenvolver a criatividade, firmeza em seu conhecimento, humanismo e segurança, as atividades e conteúdo de Educação física devem ir de encontro às necessidades e expectativas dos alunos em sua aula (AIME, SENA, AWAD, 2014). Criar programas individuais e coletivos explorando suas necessidades, criatividade, explorar o corpo e movimento, através de jogos, brincadeiras, possibilidades e desejos, pois não se deve carregá-los no colo, apenas estimulá-los para correr seu caminho e ter sua responsabilidade individual (ZANETTI, 2005).

             A prática das aulas de Educação Física, quando usada sem uma perspectiva, é uma atividade que não oferece a cooperação, não valoriza a diferença e gera sentimentos de insatisfação e de frustração, (RODRIGUES, 2003).

            A disciplina de EF pode com rigor e investimento, ser efetivamente uma área chave para tornar a educação mais inclusiva e ser um campo privilegiado de experimentação, inovação, melhoria e qualidade pedagógica escolar na vida do aluno com deficiência (RODRIGUES, 2003).

           A seguir o QUADRO DE EVIDÊNCIAS apresentará dados referentes aos estudos realizados das abordagens relacionadas, composto por 8 artigos selecionados que foram lidos na íntegra e fichados para a discussão do tema central do estudo, onde comparamos fatos apresentado pelos autores sobre a relação entre a família, professor de Educação Física e o aluno.

 

Quadro1- Sinopse das evidências científicas sobre a relação professor e aluno

ARTIGO

OBJETIVO

RESULTADOS

Ávila;et al., (2008).

Investigar a perspectiva do professor / aluno com deficiência.

  • Ambiente regular de ensino: inadequação→ aluno → deficiência;
  • Professor ↓ capacidade de constituir um ambiente bom aos alunos;

↓ formação técnica especializada;

Palma; Manta (2010).

Analisar a compreensão dos professores de EF sobre a participação do aluno com deficiência nas aulas.

  • ↑ barreiras atitudinais, arquitetônicas.

Professores acreditam na inclusão.

Aime; Sena; Awad, (2014).

Apontar como vem sendo tratada a inclusão nas aulas de Educação Física.

  • ↑ Necessidade do professor de auxilio → Escola.

Somando professor + aluno + escola = Possível inclusão.

 

          O quadro 1, apresenta evidências científicas, que discutem a relação professor/ aluno no sucesso da participação inclusiva do aluno com deficiência no ensino regular. Do ponto de vista profissional o sucesso na participação inclusiva do aluno com deficiência está no espaço físico da escola (ÁVILA, et al., 2008; PALMA; MANTA 2010).

           Como é constatado no estudo de Silva; Júnior (2015), a infraestrutura de uma escola pode contribuir para um processo de inclusão e aprendizagem com qualidade. As maiorias das escolas não estão preparadas estruturalmente, para atender alunos com deficiência e isso faz com que os professores de Educação Física enfrentem enormes dificuldades para o desenvolvimento de uma prática pedagógica. A infraestrutura adequada contribui também para sentimentos de satisfação e aumento de produtividade em várias atividades dentro das aulas de educação física, inclusive no rendimento escolar, principalmente para os alunos com deficiência. A falta de estrutura/ materiais dificulta a diversidade de atividades diferenciadas e inclusivas, sendo mais difícil desenvolver um trabalho criativo e prazeroso. Causa desmotivação e descontentamento principalmente para os alunos com deficiência.

           Outro ponto importante nesse sucesso está na formação profissional, uma vez que, o professor considera que a falta de capacitação, bem como, a formação técnica, bloqueia a construção de um ambiente inclusivo de evolução (ÁVILA, et al., 2008; AIME; SENA; AWAD, 2014). O conteúdo da área, se adaptada (Inclusão) durante a graduação é fundamental, porém, não é o suficiente para a formação integral do profissional para saber trabalhar com este público, sendo assim, é de interesse do professor de Educação Física formular estratégias de formação especifica na disciplina de Educação Física Adaptada. Porém, mais que isso, é necessário conviver no dia a dia no ambiente escolar com os alunos com deficiência, a fim de oportunizar o leque de experiências e estimular a reflexão do profissional perante sua atuação neste contexto. Trocando tais conhecimentos com profissionais da Educação Física mais experiente nesta área inclusão escolar (NASCIMENTO; et al., 2007).

           E para efetivamente acontecer à participação inclusiva do aluno com deficiência, além da formação e do conhecimento por parte do professor de Educação Física há a necessidade de um profissional a mais auxiliando na classe (AIME; SENA; AWAD, 2014).

 

Quadro 2 – Sinopse das evidências científicas sobre a relação professor e Família.

ARTIGO

OBJETIVO

RESULTADOS

Glat; Pletsch (2004).

Expor o comportamento e sentimento da família diante do deficiente e o dever do professor.

  • ↑ Desmotivação dos pais no início, ↑ sentimentos depressivos.
  • Pais acreditam ↓ no desenvolvimento da criança.
  • ↑ importância no estimulo desde início dos pais, para a inclusão.
  • Essencial professor trabalhar junto com a família.

Estreitar relação Família → Professor.

Silveira; Neves, (2006).

Identificar concepções dos pais e professores sobre a inclusão escolar e social das crianças no ensino regular.

  • Concepção Pais / Professores: Negativo a inclusão escolar;
  • ↑ limitações das crianças e despreparo das escolas.

Necessidade de formação do profissional.

Resende; Ferreira; Rosa, (2010).

Conhecer medidas para inclusão, através do olhar das mães.

  • ↑ nível de conhecimento no processo de inclusão
  • ↓ conhecimento das políticas de inclusão vigente.
  • A favor de auxilio de professores multidisciplinares.

Mães acreditam nos benefícios da inclusão escolar, porem, ↑ insegurança.


   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

         O quadro 2 apresenta evidências científicas que discutem a relação Família e professor que influenciam no sucesso da participação inclusiva do aluno com deficiência no ensino regular. Há famílias que apresentam desmotivação e sentimentos depressivos que fazem com que não acreditem no desenvolvimento da criança com deficiência. Isto aumenta ainda mais a importância de uma relação estreita entre professor e família (GLAT; PLETSCH, 2004). Em outros casos há famílias que apoiam e lutam para que seus filhos sejam aceitos dignamente nas escolas regulares e para que a criança seja estimulada devidamente, os pais devem ser entendidos como mediadores neste processo de inclusão, almejando não somente o entrosamento social, mas sim, o desenvolvimento educacional do mesmo. É um dever de escola demonstrar segurança aos pais, visto que, eles por mais motivados que estejam sempre se sentirão inseguros se não houver esta aproximação (RESENDE; FERREIRA; ROSA, 2010; SANTOS et al., 2013).

          A família precisa manter um bom e estreito relacionamento com os professores, pois isto é um fator positivo para a inclusão e os alunos com deficiências precisam muito deste incentivo e atenção para vencer as dificuldades de aprendizagem (SANTOS et al., 2013).

          E segundo estudos do quadro 2, é a falta de conhecimento sobre a deficiência que acarreta a negatividade e falta de expectativa sobre a inclusão escolar (GLAT; PLETSCH, 2004; SILVEIRA; NEVES, 2006).

 

Quadro 3 – Sinopse das evidências científicas sobre a relação professor de Educação Física e o aluno.

ARTIGO

OBJETIVO

RESULTADOS

Rodrigues, (2003)

Melhorias na formação e apoio para o professor de EF.

  • Escola regular → envolvimento diferenciado = meio menos restritivo possível→ evolução.
  • Flexibilidade aos conteúdos ↑ facilidade de aprendizado e diferença curricular a EF.
  • Professores disposto a mudanças, + interesse, objetivo e adaptações às atividades sem perder a essência.

Zanetti, (2005).

Identificar as relações sociais nas aulas de Educação Física com alunos deficientes.

  • Família primordial, principalmente nos primeiros anos de vida → ambiente escolar.
  • Professores → incluir→ desenvolver as capacidades do deficiente + participação com os familiares.
  • ↑ relação aluno X professor.

Relação boa entre os deficientes com demais alunos. 

 


            O quadro 3 apresenta evidências científicas que discutem a Relação Família, professor de Educação Física que influenciam no sucesso da participação inclusiva do aluno com deficiência no ensino regular. A inclusão no ensino regular nas aulas de Educação Física deve ter um envolvimento diferenciado para tornar possível através das atividades o acesso inclusivo dos alunos, proposto pelo professor em suas aulas obtendo flexibilidade aos conteúdos, porém, sem sair dos objetivos. E o professor deve estar disposto a mudanças e renovações para adaptar suas aulas (RODRIGUES, 2003).

            O apoio da família é primordial para fazer acontecer a inclusão, através do feedback com os professores e a escola, relatando sobre o aluno com deficiência as qualidades e dificuldades, tanto social quanto pessoal, para assim auxiliar o professor de EF a elaborar suas atividades (ZANETTI, 2005).

            O professor tem que buscar conhecer individualmente a necessidade do aluno, para ter visão e a concepção sobre suas atividades o que traz benefícios ou dificuldades e proporcionar opções para as resoluções e efetivar a inclusão dentro das aulas de Educação Física (ZANETTI, 2005).

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

         A inclusão de pessoas com deficiência é determinada e exigida por lei há mais de seis décadas, porém, esta inclusão ainda está em processo de aceitação, adaptação e de descobertas sobre este público, que até o século XX eram segregadas e “excluídas”, perante a sociedade taxada como “normais”. Apesar do tempo decorrido, o assunto é considerado como algo novo e recente, requisitando continuo estudos para que possam ser exploradas possibilidades para garantir efetivamente esta inclusão, principalmente no âmbito educacional.

            A família é a base fundamental e insubstituível neste processo inclusivo, através da família, que se inicia e termina este ciclo. A escola, neste processo é o intermediário. Ou seja, para que a inclusão seja garantida no âmbito educacional é indispensável, à integração entre a família e a escola, assim como, com o professor de Educação Física, este fator de integração é a base, para que haja o sucesso da participação inclusiva do aluno com deficiência na Educação Física escolar. Os pais devem estar em perfeita harmonia, com os mediadores neste processo, sendo necessário, manter um bom e estreito relacionamento com os professores, pois isto contribui positivamente, para a inclusão dos alunos com deficiências, que necessitam muito deste incentivo e atenção para vencer as dificuldades de aprendizagem.

            É de grande valia, que o professor de Educação Física procure saber as possibilidades e limitações do seu aluno com deficiência, buscando conhecer individualmente suas necessidades, através de pesquisas e principalmente através da integração com a família, com o objetivo de verificar as variáveis e adaptações à serem feitas, afim de, proporcionar benefícios, tanto para o aluno com deficiência, quanto para os demais alunos.

 

 

REFERÊNCIAS

AIME, M. R.; SENA, J. A. S; AWAD, H. Z. A. Portadores de deficiência física nas aulas de Educação Física, 2014. Disponível em: 14, 15 e 16 de outubro de 2014, Anais do 12º Encontro Científico Cultural Interinstitucional - 2014 1 ISSN 1980-7406.

 

 

ÁVILA, C. F.; TACHIBANA, M.; VAISBERG, T. M. J. A. Qual é o lugar do aluno com deficiência? O imaginário coletivo de professores sobre a inclusão escolar. PaidéiaRibeirão Preto, v.18, n.39, p.155-164, 2008.

 

 

BIANCONI, E. C; MUNSTER, M. A. Educação física e pessoas com deficiências: Considerações sobre as estratégias de inclusão no contexto escolar. In: CONGRESO NACIONAL DE EDUCAÇÃO–EDUCERE. Paraná. AnaisParaná, 2009.p. 6012-6020.

 

 

BRASIL, Lei 9.394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: Ministério da educação e do Desporto, 1996.

 

 

BRASIL, MINISTÉRO PUBLICO. Cartilha do Censo 2010 – Pessoas com Deficiência / Luiza Maria Borges Oliveira / Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) / Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência (SNPD) / Coordenação-Geral do Sistema de Informações sobre a Pessoa com Deficiência; Brasília: SDH-PR/SNPD, 2012.

 

 

BRASIL, g. Capítulo III
da educação, da cultura e do desporto, seção Ida educação. 1988.

 

 

CAMPOS, C. P. Q. Monografia: Ser diferente é ser igual: O respeito às diferenças em sala de aula e suas implicações no processo de desenvolvimento e aprendizagem do aluno sob a perspectiva da psicopedagogia.  CABECEIRAS – GO, p. 18-20. 2008.

 

 

CASARIN, S. Um trio afinado. Revista Nova Escola. Edição Especial. São Paulo: Ed. Abril, 2009.

 

 

FALSARELLA, Ana Maria. Inclusão escolar: dilemas e perspectivas. Augusto Guzzo Revista Acadêmica, São Paulo, n. 5, p. 32-38, ago. 2012.

 

 

GLAT, R.; PLETSCH, M. D. Orientação familiar como estratégia facilitadora do desenvolvimento e inclusão de pessoas com necessidades especiais. Santa Maria. Revista Educação Especial. n. 24, 2004. p.33-40.

 

 

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Autores

  • Natalia Paiva da Silva

Páginas

  • a

Áreas do conhecimento

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Palavras chave

  • Aluno com deficiência, Professor, Educação Física, aula de Educação Física e família.

Dados da publicação

  • Data: 07/12/2016
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