07/12/2016

TREINAMENTO DE FORÇA PARA TERCEIRA IDADE

TREINAMENTO DE FORÇA PARA TERCEIRA IDADE

 

SILVA, Edmar P.; SANTOS, Priscila P.;

KELENCZ, Carlos. A (Orientador).

CENTRO UNIVERSITÁRIOÍTALO BRASILEIRO - UNIITALO

Contato: edmarpedro.da.silva@hotmail.com

RESUMO

 

O presente estudo teve como objetivo os benefícios do treinamento de força para terceira idade, onde utilizamos como metodologia a revisão de literatura. Nas últimas décadas foi possível observar um aumento de idosos no Brasil e no Mundo. Esse crescimento tem favorecido os cuidados juntos a esses indivíduos para uma vida mais saudável e uma maior autonomia. Na medida em que envelhecemos, ocorre um declínio na síntese natural de hormônios causando uma queda da taxa metabólica, aumento de peso corporal, perda da massa muscular entre outros fatores. A presente revisão faz abordagem sobre os benefícios do treinamento de forças na terceira idade, garantindo-lhe uma melhor autonomia nas atividades diárias. Sendo assim conclui-se que o treinamento de força realizado na terceira idade é um meio de diminui, retardar ou mesmo reverter à perda da capacidade funcional e torna-se um aliado na recuperação dos componentes básicos da estrutura corporal e da força física do indivíduo favorecendo uma melhora de sua qualidade de vida.

 

Palavra chave: envelhecer, treinamento de força, benefícios.

 

Abstract

 

The present study aimed at the benefits of strength training for the elderly, where we used as literature review methodology. In the last decades it has been possible to observe an increase in the elderly in Brazil and in the World. This growth has favored the joint care of these individuals for a healthier life and greater autonomy. As we age, there is a decline in the natural synthesis of hormones causing a drop in metabolic rate, increase in body weight, loss of muscle mass among other factors. The present review focuses on the benefits of strength training in seniors, ensuring a better autonomy in daily activities. Thus, it is concluded that strength training performed in the third age is a means of decreasing, delaying or even reversing the loss of functional capacity and becomes an ally in the recovery of the basic components of the body structure and the individual's physical strength favoring An improvement in their quality of life.

 

Keyword: aging, strength training, benefits.

 

INTRODUÇÃO

 

O processo de envelhecimento e continuo e se inicia desde o nosso nascimento e termina com a nossa morte. Com esse processo acontece uma degeneração das funções fisiológicas, tornando os indivíduos mais vulneráveis as doenças.

Dentre outras coisas o que mais acelera o processo de envelhecimento é sem dúvida a falta de atividade física.   A ausência da prática de atividade física, e por sua vez a falta de consultas médicas preventivas, alimentação inadequada, fumo e álcool, aumenta o risco de morte entre as pessoas por desconhecerem o seu real estado de saúde, e agrava o aparecimento de doenças.

Em busca de melhor qualidade de vida durante essa fase de envelhecimento é importante a prática de atividade física para assim então minimizar a degeneração provocada pelo processo que traz diminuição da massa muscular, da força e da flexibilidade. O metabolismo também fica mais lento, levando ao acúmulo de gordura no corpo

Uma das atividades físicas que mais trazem benefícios para os idosos é, sem dúvida, o treinamento de força. Dentre os benefícios desta prática podemos destacar a manutenção da musculatura e da força, do metabolismo, ganho de massa magra, redução do tecido adiposo, aumento da densidade óssea, melhoria do metabolismo da glicose, redução da pressão arterial, conservação ou melhoria da saúde da região lombar e redução da dor artrítica (WESTOTT & BAECHLE, 2001).

Neste sentido o presente estudo tem como objetivo, demonstrar os benefícios do treinamento de força para pessoas da terceira idade. Utilizamos como metodologia para o desenvolvimento deste trabalho a revisão de literatura.

 

REVISÃO DE LITERATURA

 

Envelhecimento

 

O envelhecimento é um processo natural, onde o organismo perde suas funções, e apresenta alterações como cabelos grisalhos, pele flácida e com manchas, perda de massa muscular e peso. Entretanto, muitos idosos querem mostrar que sua idade não influencia a sua autoestima e sua imagem social. Neste sentido é importante separarmos o conceito de idade cronológica e psicológica, definindo-as na forma em que o individuo interage com o meio e aceita seu processo de envelhecimento. Assim também pode ser avaliada a idade cronológica (números de anos transcorridos desde o nascimento) e social de acordo com o modo em que o indivíduo consegue ter sua adaptação na sociedade (PAPALÉO NETTO; CARVALHO FILHO; SALLES, 2006).

Como o passar do tempo, de forma natural, o ser humano envelhece, muda seu corpo, seus hábitos e sua forma de ver o mundo. Alguns autores postulam próprias definições sobre o que vem a ser envelhecimento. Spirduso (1995) define uma série de processos que ocorre nos organismos vivos e que, com passar do tempo, leva à perda da adaptabilidade, alteração funcional e eventualmente à morte.

Miller, Slovik, Frontera, Dawson (1993) afirma que o envelhecimento é um processo que convertem adultos e frágeis, com reservas diminuídas em muitos sistemas fisiológicos e uma vulnerabilidade exponencialmente crescente para muitas doenças e para morte. Em 1998, Rita Heikkinen definiu o envelhecimento em um documento preparado para a organização mundial da saúde como um fenômeno altamente complexo e variável que e comum a todos os membros de uma determinada espécie, que é progressivo e envolve mecanismos deletérios que afetam a capacidade de desempenhar um número de funções (HEIKKINEN, 1998).

O fator em comum de todas essas definições é que todos nós envelhecemos a cada dia. Acredita-se que o envelhecer faz parte do processo de crescimento e desenvolvimento do ser humano, e ao contrário do que a sociedade está acostumada a pensar, o envelhecimento está associado não somente a fatores negativos, mas também a uma série de aspectos positivos que enriquecem a vida do indivíduo em diversas áreas. De forma, o idoso não pode ser mais visto como um ser que não tem nada a oferecer, associado á imagem de doença, incapacidade e dependência. A palavra “idosa” existe por causa de uma classificação cronológica e pela necessidade de identificar ou descrever o ser humano nas diferentes fases da vida. Mais na verdade, a pessoa que chega ou ultrapassa os 60 anos de idade é um ser humano vivenciando mais uma etapa da sua vida. Portanto precisamos pensar em como devemos “programar” o processo de envelhecimento que nos atinge, sem distinção de sexo, cor, origem ou nível socioeconômico.

 

CLASSIFICAÇÃO DO IDOSO

 

Idade Biológica

 

Uma pessoa pode estar acima ou abaixo da idade cronológica dependendo do modo de vida que leva, dos hábitos alimentares, prática de atividade física e estado de saúde. A idade biológica pode ser analisada através dos sinais críticos da vida e dos processos celulares. As alterações sofridas pelo metabolismo com as atividades realizadas pelos órgãos do corpo humano são denominadas alterações funcionais gerais, cardiovasculares, respiratórias e renais. Quando nos referimos aos idosos não podemos classificar o envelhecimento apenas pela idade funcional dos diferentes órgãos e sistemas. O grau de envelhecimento dos órgãos varia entre indivíduos idosos, não ativos ou sedentários.

 

Idade Cronológica

 

A idade cronológica é medida a partir do nascimento de cada ser humano. Este critério é independente, ou seja, não considera os fatores fisiológicos e sociais.

 

Idade Psicológica

 

É a idade cujo indivíduo sente que possui devido a vários fatores. Pode ser expressa por meio das capacidades individuais envolvendo dimensões mentais ou funções cognitivas, dentre elas a autossuficiência, a autoestima, a aprendizagem, memórias e percepções.

 

Idade Social

 

Idade Social refere-se ao comportamento apropriado dentro da sociedade, ou seja, é uma noção de sociedade muitas vezes com expectativas rígidas do que é e do que não é apropriado para o indivíduo daquela faixa etária.

 

Capacidade Funcional

 

A capacidade funcional foi definida por WENGGER et al. (1984) e citado por UENO (1990) como a capacidade de realizar as atividades da vida diária de forma independente, incluindo a atividades de deslocamento, atividades de autocuidado, sono adequado e participação em atividades ocupacionais e recreativas. De acordo com HEIKKINEN (1998), o estado funcional pode ser definido como a Habilidade pessoal de desempenhar atividades de três dominós: biológicos, psicológico (cognitivo e afetivo) e social.

A diminuição ou perda da capacidade funcional leva à incapacidade, que em muitos casos é consequência das perdas associadas ao envelhecimento, principalmente à falta ou diminuição da atividade física associada ao aumento da idade cronológica, que leva a perdas importantes na condição cardiovascular, força muscular e equilíbrio, responsáveis, em grande parte, pelo declínio na capacidade funcional.

Outros conceitos relevantes na perspectiva da capacidade funcional e da qualidade de vida do idoso são o da autonomia e mobilidade.

De acordo com HEKKINEN (1996), a autonomia pode ser percebida a parti de diferentes perspectivas, desde a política ou a moral, com termos que têm sido usados como sinônimos, como autodeterminação, autocontrole, autocuidado, controle pessoal, liberdade e independência. Similarmente, KEEIKKINEN (1998) considera a autonomia como uma característica que melhora a qualidade de vida e que enfatiza a independência a capacidade de enfrenta sozinho a própria vida e ter controle sobre ela.

Segundo PATLA e SHUMWAY-COOK (1999), a mobilidade é a habilidade para se mover de forma independente de um ponto para outro. Esta habilidade para se movimentar de forma segura e independente é a parte fundamental das atividades básicas da vida diária, como as atividades de higiene pessoal de se vestir, assim como das atividades instrumentais da vida, como ir às compras, ao banco e visita amigos, ir ao cinema, lava e cozinhar.

O envelhecimento é um processo dinâmico e progressivo no qual as alterações morfológica, funcionais e bioquímicas vão alterando progressivamente o organismo tornando- mais susceptível a agressões.

A capacidade funcional, especialmente a dimensão motora, é um dos importantes marcadores de um envelhecimento bem-sucedido e da qualidade de vida dos idosos. A perda dessa capacidade está associada à predição de fragilidade, dependência, institucionalização, risco aumentado de quedas, morte e problemas de mobilidade, trazendo complicações ao longo do tempo, e gerando cuidados de longa permanência e alto custo.

A manutenção e a preservação da capacidade para desempenhar as atividades básicas de diária são pontos básicos para prolongar o maior tempo possível à independência. Com isso, o idoso mantém a sua capacidade funcional.

 

DEFINIÇÃO DE FORÇA

 

O treinamento de força ou treinamento resistido progressivo é geralmente definido como treinamento no qual a resistência contra o músculo gera força, e esta força é progressivamente aumentada ao longo do tempo (GRAVES, 2006)

Segundo Brooks (2000) o termo treinamento de força é comumente utilizado para cobrir todos os tipos de treinamentos de força ou com pesos. Ele inclui pesos livres (tais como anilhas, halteres, pesos de segurar com as mãos e discos livres), resistência elástica e até mesmo seu próprio peso corporal (p. ex., quando você faz um apoio) Força é uma das mais importantes qualidades físicas. A fraqueza dos músculos pode avançar até que uma pessoa da terceira idade não possa realizar mais as atividades comuns da vida diária, tais como tarefas domésticas de levantar-se de uma cadeira, varrer o chão, lavar louça ou jogar o lixo fora. Logo, “É importante manter a força, conforme se envelhece, porque ela é vital para saúde, para capacidade funcional e para a vida independente” (FLECK e KRAEMER, 2008).

 

 

 

OS BENEFÍCIOS DO TREINAMENTO RESISTIDO NA TERCEIRA IDADE

 

Devido às mudanças relativas à idade da saúde musculoesquelética, o treinamento de força pode ser um dos processos de maior benefício para as populações mais velhas que precisam aumentar a força musculoesquelética, massa muscular, densidade mineral óssea e desempenhos relacionados à força. (SIMÃO, 2008).

O grau de organização de um treinamento vai variar de acordo com os objetivos traçados, respondendo a uma necessidade particular da idade, e respeitando os princípios básicos do treinamento, que segundo ENOKA (1994, apud FRONTERA, p.89) os programas de fortalecimento efetivos são baseados na sobrecarga, na especialidade, no treinamento cruzado e na reversibilidade.

Conforme FLECK E KRAREMER (1999, p 208) para desenvolver um programa de treinamento de força para adultos mais velhos, consistem em pré-teste e avaliação, estabelecimento de objetivos individualizado, planejamento de um programa e desenvolvimento de métodos de avaliação. O treinamento deve fazer parte de um estilo de vida que desenvolva o condicionamento físico em caráter permanente, objetivando as necessidades para promoção de uma melhoria da qualidade de vida do idoso facilitando, desse modo, sua vida diária possibilitando a ele, uma longevidade independente, facilitando sua interação com o ambiente que convive.

Há mais de uma década Fiatarone et al (1990 Apud FRECK & KRAEME, 2008) relatam que indivíduos acima de 90 anos de idade podem atingir ganhos de força em um período de apenas 8 semanas de treinamento. Esse achado gerou atenção ao conceito de treinamento de força para idosos, mesmo aqueles com doenças crônicas, incluem melhor saúde, melhoria das habilidades funcionais e melhor qualidade de vida

 

 

 

 

 

 

 

 

A tabela a seguir apresenta às considerações de Simão (2008) a respeito das adaptações a idade e ao treinamento resistido:

 

Adaptações do idoso ao treinamento de força

 

Envelhecimento

Treinamento

Força muscular

Diminui

Aumenta

Resistido muscular

Diminui

Aumenta

Massa muscular

Diminui

Aumenta

Capacidade de hipertrofia

Diminui

Aumenta

Capacidade metabólica do músculo

Diminui

Aumenta

Taxa metabólica do músculo em repouso

Diminui

Aumenta

Composição corporal de gordura

Aumenta

Diminui

Densidade mineral óssea

Aumenta

Diminui

Funções físicas

Aumenta

Diminui

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Os estudos utilizados nesta pesquisa evidenciam a prática do treinamento de força como prevenção e diminuição dos aspectos do envelhecimento, sobretudo na atividade muscular e sua melhora na capacidade física, diminuição da sarcopenia, melhora da capacidade funcional e qualidade de vida.

Sendo assim conclui-se que o treinamento de força para terceira idade pode trazer inúmerosbenefícios, sendo que o principal deles e a melhor qualidade de vida, pois com o ganho de força e redução da gordura corporal as pessoas nessa fase de vida podem realizar as atividades da vida diária com mais eficiência e sem a necessidade de ajuda de outras pessoas, tornando os idosos independentes.

 

REFERÊNCIA

 

BROOKS, D. Manual do personal trainer: Um guia para o condicionamento físico completo. Porto Alegre: Artes medicas sul, 2000.

 

FLECK, S. J. ; KRAEMER, W. J. Otimizando o treinamento de força: programas de periodização não linear. Barueri: Manole, 2009.

 

FLECK, S. J. ; KRAEMER, W. J. Fundamentos do treinamento de força muscular. 3. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2008

 

GRAVES, E. J. Treinamento resistido na saúde e reabilitação. Rio de Janeiro: Revinter Ltda, 2006.

 

HEIKKINEN, R. L. The role of physical activity in healthy ageing. Geneva: World

Health Organization; 1998

 

HEIKKINEN, E. Physical Activity – a patchway to autonomy in old age. In:

Proceedings of Fourth International Congress Physical Activity, Aging and

Sports; 1996 Aug 27-31 Heidelberg (Germany). University of Heidelberg; 1996. p.36-48

 

PATLA, A, SHUMWAY-COOK, A. Dimensions of mobility: defining the complexity and difficulty associated with comunity mobility. I aging Phys Act. 1999

 

PAPALÉO NETTO, M; CARVALHO FILHO, E. T; SALLES, R. F. N. Fisiologia do Envelhecimento. Geriatria - Fundamentos, Clínica e Terapêutica. 2. Ed. São Paulo: Atheneu, 2006.

 

SPIRDUSO, W. Phisical Dimensions of Aging 1 st ed. Champaing: Human Kinetics, 1995

 

SIMÃO, R. Fisiologia e prescrição de exercício para grupos especiais. 3 Ed. São Paulo: Phorte, 2008.

 

WESTCOT, W; BAECHLE, T. Treinamento de força para a terceira idade: Para condicionamento físico e performance ao longo dos anos. 1. Ed. São Paulo: Manole, 2001.

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Volume/Edição

Autores

  • Edmar Pedro da Silva

Páginas

  • a

Áreas do conhecimento

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Palavras chave

  • envelhecer, treinamento de força, benefícios.

Dados da publicação

  • Data: 07/12/2016
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