Os jovens frente às questões ambientais: Uma abordagem local
Os jovens frente às questões ambientais:
Uma abordagem local
Young people facing environmental issues:
A local approach
Fábio Rocha dos Santos (Biólogo e Químico especialista em Educação e Meio Ambiente, docente no FINPEC)
RESUMO
Tendo em vista a carência, ou seja, a falta de instrumentos que possam medir a educação ambiental diretamente ligado ao ensino de Ciências e a Educação Ambiental, surgiu a necessidade de realizar esse estudo calçado pela aplicação de um questionário de 4 pontos conforme a escala Likert intitulado BARÔMETRO BRASIL “JOVENS E A CIÊNCIA”, questionário este que foi derivado de um projeto internacional também aplicado por pesquisadores no Brasil, o Projeto ROSE (The Relevance of Sciense Education) que tem como objetivo ouvir os jovens do mundo e do Brasil sobre as aulas de Ciências e seus conteúdos específicos e transversais como, por exemplo, às questões ambientais. Oriundo desse projeto, o BARÔMETRO foi utilizado nesse estudo para questionar 89 alunos do 7º ano do ensino fundamental de uma escola pública do município de São Paulo, com o intuito de compreender o que os jovens pensam em relação às questões ambientais, através dos resultados das respostas das 14 questões aplicadas a temática ambiental, cujo resultado local levou a concepção que a grande maioria destes alunos possui atitudes preditoras de comportamento ambiental positivo.
Palavras chave: Projeto ROSE; Educação Ambiental; questões ambientais; BARÔMETRO BRASIL.
INTRODUÇÃO
Partindo de uma ótica local a uma global, podemos dizer que o homem exerceu e continua exercendo uma forte relação com a natureza, ou seja, no ambiente em que vive e desenvolve as suas funções, que teve início com um mínimo de interferência nos ecossistemas e que hoje culmina numa intensa pressão exercida sobre os recursos naturais face o desenvolvimento e à evolução da humanidade.
Diante desta problemática o tema “Educação Ambiental” ganhou grandes proporções sendo preocupação de diversos setores da sociedade. Mesmo apresentando abordagens distintas no que tange essas questões, todas as discussões apontam para a necessidade de políticas públicas de educação ambiental.
Segundo Dias (2003) “o primeiro encontro que tratou do tema educação ambiental foi e numa Conferência organizada pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) em Tbilisi na Geórgia”.
Dentre de muitos outros encontros importantes que debateram o tema, não podemos deixar de citar um que ocorreu no país, a “Rio-92”, pois, como resultado deste encontro foi elaborado o documento “Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global”. Um de seus princípios é que:
A Educação Ambiental deve ter como base o pensamento crítico e inovador, em qualquer tempo ou lugar, em seus modos formais, não formais, promovendo a transformação e a construção da sociedade. (WWF/ECOPRESS, 2000, p.22).
Podemos então dizer que as questões ambientais é um tema de preocupação de toda a sociedade mundial, o Congresso Nacional brasileiro como parte de um governo democrático implementou na nossa última constituição (Constituição Federal da República 1988) um capítulo inteiro que versa sobre o ambiente. Como forma de regulamentar os preceitos deste capítulo, quatro anos mais tarde em 1992, os Ministérios do Meio Ambiente, da Educação, da Cultura e da Ciência e Tecnologia instituíram o Programa Nacional de Educação Ambiental – PRONEA que, segundo Jacobi (2005) “a educação ambiental foi incluída no processo de gestão ambiental, desta forma, tornando a obrigatoriedade em quase todas as áreas ou disciplinas, iniciando no ensino básico até a educação profissional. Contudo, reforçando ainda mais está prática, precisamente em 1999, é promulgada a Lei Federal nº. 9.795/99 que versa sobre a Política Nacional de Educação Ambiental que conforme o seu artigo 1º conceitua a educação ambiental.
Entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. (BRASIL. Lei nº. 9795, 1999, art.1º).
Cerca de 5 anos mais tarde após a instituição do PRONEA, o Ministério da Educação elaborou uma nova proposta curricular conhecida como Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs, onde a dimensão ambiental passa a ser um tema transversal nos currículos básicos do ensino fundamental. “Ao permear todas as disciplinas, a educação ambiental integra questões sócio-ambientais de forma ampla e abrangente (BRASIL. MEC,1992; 1996)”. Conforme descrito o currículo atual do ensino básico não dispõe de uma disciplina específica de Educação Ambiental e sim essa abordagem se dá entre as demais disciplinas, portanto, o jovem da presente geração possui opinião formada em detrimento aos assuntos assimilados nos ambientes intra e extra-escolares sobre o tema “Meio Ambiente”.
O objetivo deste trabalho é verificar as opiniões dos jovens estudantes do ensino fundamental de uma escola da rede pública de ensino sobre os desafios ambientais, ou seja, qual a percepção e como estes jovens relatam os problemas ambientais.
A análise teve como parâmetro os resultados obtidos através da coleta de dados que utilizou um instrumento (questionário) intitulado “BARÔMETRO BRASIL JOVENS E A CIÊNCIA” fruto do projeto SAPIENS (Saberes do Alunado na Perspectiva Internacional: Evolução, Natureza e Sociedade) que originou do Projeto ROSE (The Relevance of Sciense Education) cujo principal foco era ouvir os jovens do mundo e do Brasil sobre as aulas de Ciências e seus conteúdos específicos como, por exemplo, a tecnologia e o meio ambiente.
A justificativa para a aplicação deste modelo de avaliação é que, diversas pesquisas chegaram a resultados que os jovens demonstram pouco interesse pela área científica, mesmo que, “[...] segundo Mota (2013, p. 95) o conhecimento construído pela ciência auxilia na nossa compreensão sobre o mundo natural”. Portanto, diante desta problemática, criou-se um movimento acadêmico com a finalidade de ouvir os alunos através do questionário, sobre o que eles pensam em relação às aulas de ciências, seus temas ou assuntos de maior interesse nesta área e a sua posição em relação à ciência e tecnologia. Certo dessa necessidade foi criado então o projeto ROSE (The Relevante of Science Education) que foi aplicado através de um questionário no mundo e também no Brasil.
No Brasil o projeto ROSE foi implementado pela primeira vez em 2007 envolvendo então 625 estudantes de 2 municípios de São Paulo e do Mato Grosso. A professora pesquisadora Gouw (2013) também utilizou este instrumento em sua pesquisa de doutorado, sendo que, para tanto utilizou uma amostra quantitativa com 2365 estudantes de 84 escolas em 26 estados e o Distrito Federal.
“Como consequência dos trabalhos no mundo envolvendo o ROSE surge uma aproximação entre a equipe italiana reunida na instituição Observa Science in Society, de Vicenza e a brasileira lotada na Universidade de São Paulo, tendo em vista a participação comum em um mesmo projeto internacional e de seus resultados conforme (BIZZO; PELLEGRINI, 2013)”, dando origem, a fundação do Núcleo de Pesquisa em Educação Divulgação e Epistemologia da Evolução Biológica (EDEVO- Darwin), vinculado à Pró-Reitoria de Pesquisa da Universidade de São Paulo, sendo que, fruto da principal linha de pesquisa, foi à composição do questionário “Barômetro”.
Derivado do grande projeto ROSE, o projeto SAPIENS (Saberes do Alunado na Perspectiva Internacional: Evolução, Natureza e Sociedade) foi criado com o objetivo de, acumular com mais agilidade e confiabilidade os resultados dos dois países em relação às atitudes dos jovens sobre a ciência e a tecnologia.
Diante ao fato, surgiu à necessidade do levantamento das opiniões mediante o resultado da aplicação do questionário BARÔMETRO na escola alvo, o que poderá ser estendido ainda numa abordagem local, em outras escolas da federação.
Conforme (POOLEY; O’CONNOR, 2000), “[...] as atitudes, são caracterizadas como determinantes do comportamento, ou seja, devem ser o foco das ações educativas pró-ambientais”, logo, a favor do ambiente. Portanto, conhecer as atitudes dos jovens em relação ao ambiente subsidia tais iniciativas.
OBJETIVO GERAL
Verificar as atitudes dos jovens estudantes do ensino fundamental de uma escola pública do município de São Paulo sobre os desafios ambientais.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Analisar os resultados da aplicação do questionário BARÔMETRO BRASIL;
- Relatar as atitudes dos jovens frente aos desafios ambientais.
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL
O evento de grande importância e deu um grande incentivo no que se refere à educação ambiental, foi a Conferência de Tbilisi na Geórgia, sendo, portanto, o ponto de partida para a implantação da EA (educação ambiental) no mundo e também no Brasil, pois, “[...] como resultado da Conferência foram estabelecidos os objetivos e as características da Educação Ambiental, assim como as estratégias pertinentes no plano nacional e internacional (FIORILLO, 2006; AMBIENTE BRASIL, 2008)”.
Paralelamente com a Rio-92 no Brasil, através de um fórum, foi elaborado o documento:
Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global. Um de seus princípios é que “a Educação Ambiental deve ter como base o pensamento crítico e inovador, em qualquer tempo ou lugar, em seus modos formais, não formais, promovendo a transformação e a construção da sociedade” (BRASIL. Tratado de Educação Ambiental, 1992).
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A REGULAMENTAÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL
Quando se trata de normas, leis e regulamentos, vale mencionar que o primeiro diploma legal do nosso país que versa sobre o assunto é a CF/88 (Constituição Federal da República de 1988) que além de garantir direitos e deveres é a única das que já vigoraram no país que trouxe em seu bojo um capítulo inteiro que trata do meio ambiente, o capítulo VI artigo 225, que também traz em um de seus incisos o seguinte:
“Promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente [...]” (BRASIL. Constituição, 1988, art. 225).
A partir de então começaram as regulamentações, como por exemplo, os Ministérios do Meio Ambiente, da Educação, da Cultura e da Ciência e Tecnologia que em 1992 instituíram o Programa Nacional de Educação Ambiental – PRONEA. Na perspectiva de cumprir suas determinações e na qualidade de executor da política nacional de meio ambiente, o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) elaborou diretrizes para a implantação do PRONEA.
“Em seguida, incluiu a educação ambiental no processo de gestão ambiental, o que a torna presente em quase todas as suas áreas de atuação [...]”. (JACOBI, 2003).
Alguns anos depois, precisamente em 1997, o Ministério da Educação elaborou uma nova proposta curricular conhecida como Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN's, onde:
A dimensão ambiental passa a ser um tema transversal nos currículos básicos do ensino fundamental (de 1ª a 8ª séries). Ao permear todas as disciplinas, a educação ambiental integra questões socioambientais de forma ampla e abrangente. (BRASIL. MEC, 1992; 1996).
Após anos de tentativas, progressos e discussões, decisivamente é publicada pelo Congresso Nacional a Lei Federal nº. 9.795/99 que trata da Política Nacional de Educação Ambiental agora sim regulamentando a EA (Educação Ambiental) no Brasil que em suma oficializou como área essencial e permanente em todo processo educacional do país.
ABRANGÊNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO PAÌS
Conforme preceitua a Política Nacional de Educação Ambiental, a Educação Ambiental deve lidar com todos os aspectos da vida do cidadão, como um sujeito em construção e consciente do seu tempo e das exigências e limitações do seu espaço: “A Educação Ambiental deve proporcionar ao homem a oportunidade de conhecer-se como cidadão; estimular, propiciando ao outro a mesma condição; reconhecer no mundo o mundo de todos; caracterizar o tempo e o espaço de todos como sendo os mesmos; admitir que as gerações futuras devam ter a qualidade de vida que merecem. Para isso, é necessário que se julguem os homens iguais, em tempo e lugar, com as mesmas necessidades essenciais e referências que permitam, na consciência e responsabilidade das alternativas das posturas, as relações ambientais que indiquem atuação de um sujeito realmente ético, no meio em que vive” (OLIVEIRA, 1999, p. 62). Portanto, a verdadeira Educação ambiental deve pertencer à comunidade, partindo dela e a ela retornando, do contrário estaremos mais uma vez nos oprimindo em vez de nos educarmos.
A Política Nacional de Educação Ambiental abrange em seu artigo 7º o seguinte:
A Política Nacional de Educação Ambiental envolve em sua esfera de ação, além dos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA, instituições educacionais públicas e privadas dos sistemas de ensino, os órgãos públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e organizações não-governamentais com atuação em educação ambiental. (BRASIL. Lei nº. 9795, 1999, art.7º).
Além da abrangência não-formal, também debruça seus preceitos em cima de todos os níveis do ensino formal, ou seja, a EA deve ser garantida desde o ensino infantil ao ensino superior, excluindo a obrigatoriedade de uma disciplina específica, mas tratando a multi, trans e interdisciplinaridade do tema de forma contínua entre as disciplinas.
A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESCOLAS BRASILEIRAS
Com base num relatório publicado em 2005 pelo INEP/MEC (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira/ Ministério da Educação e Cultura) que apresenta uma análise dos dados disponíveis no Censo Escolar no período 2001/2004, em relação aos indicadores sobre a dinâmica da Educação Ambiental nos municípios brasileiros.
Para tanto, os autores deste relatório fizeram um levantamento em nível municipal, estadual e regional sobre a oferta da Educação Ambiental no Ensino Fundamental, que permitiu propor critérios para a elaboração de um conjunto de indicadores de mensuração dos resultados de tal prática nas escolas conforme a figura 1:
Figura 1: Oferta crescente em de Educação Ambiental nas escolas
Fonte: Censo escolar – MEC/Inep (adaptado)
Mesmo encontrando diversos obstáculos ao longo do caminho, ou seja, durante a sua história, devido à falta da previsão legal de uma disciplina específica para o ensino básico e que alguns professores ainda resistem em trabalhar a temática, é mais nítido o envolvimento com a EA entre os professores das cadeiras de Ciências, Biologia e Geografia principalmente nos projetos desenvolvidos no Ensino fundamental com os temas de grande repercussão como, o “Dia Mundial da Água”.
Em relação aos PCN’s (Parâmetros Curriculares Nacionais) de Ciências Naturais (1998) coloca como objetivo geral que o aluno concluinte tenha desenvolvido dentre outras a seguinte capacidade:
Compreender a natureza como um todo dinâmico e o ser humano, em sociedade, como agente de transformações do mundo em que vive, em relação essencial com os demais seres vivos e outros componentes do ambiente. (BRASIL, 1998, p.33).
Tendo em vista a existência, ou seja, a obrigatoriedade em virtude de lei de envolver a Educação Ambiental no processo ensino-aprendizagem em todos os níveis do ensino formal e que os documentos como os PCN’s também recomendam como currículo transversal, sabendo que está prática tem logrado êxito de alguns anos pra cá, principalmente no Ensino Fundamental, surge então, a necessidade de entender o que o jovem brasileiro pensa e quais são as suas atitudes em relação os desafios ambientais influenciados pela Educação Ambiental.
METODOLOGIA DE PESQUISA
Para saber o que os jovens brasileiros pensam em relação ao meio ambiente, seus desafios e a educação ambiental foi realizada esta pesquisa utilizando como instrumento o questionário “BARÔMETRO BRASIL JOVENS E A CIÊNCIA” fruto do Projeto SAPIENS que originou do projeto ROSE, sendo que, contou com 14 questões do item C, “Eu e os desafios ambientais”, respondidas por 89 alunos do ensino fundamental de uma escola pública do estado de São Paulo.
Esta pesquisa buscou demonstrar quantitativamente numa escala bem pontual, ou seja, local, através dos dados obtidos da aplicação do questionário aplicado em uma escola pública situada no município de São Paulo para 89 alunos do ensino fundamental II com idade compreendida 12 e 14 anos.
COLETA DE DADOS
O questionário BARÔMETRO BRASIL “JOVENS E A CIÊNCIA”, foi aplicado e os dados foram coletados pela aluna Eliane Cardoso, graduanda do curso de Licenciatura em Ciências da Universidade de São Paulo numa escola pública do município de São Paulo para alunos do ensino fundamental II da Rede estadual de ensino, sendo que, a amostra retirada para compor esse trabalho especificamente, contou com as respostas do item C, “Eu e os desafios ambientais”, do Barômetro, contendo 14 questões respondidas por 89 alunos com idade compreendida entre 12 e 14 estudantes do 7º do ensino fundamental da referida escola sediada no bairro de Tatuapé, zona leste do município, estado de São Paulo.
Essa pesquisa não levou em consideração o gênero, ou seja, meninas ou meninos, sendo assim, não distinguem as respostas dadas por um ou pelo outro sexo, e sim de forma geral e ampla, diferente de outras pesquisas.
Assim como no ROSE, no BARÔMETRO BRASIL também é utilizado à escala Likert que segundo Siegel e Ranney (2003) “[...] apontam algumas vantagens, como por exemplo, as respostas rápidas e informações precisas sobre o grau de concordância e discordância apresentando alta confiabilidade nas respostas”.
As 14 questões do item C, “Eu e os desafios ambientais”, estão numeradas de 28 a 41, podendo assinalar com o (X) em cada uma das respostas em (1) não concordo; (2) não concordo parcialmente; (3) concordo parcialmente; (4) concordo.
A capa do questionário BARÔMETRO BRASIL, trás a seguinte informação: “Se houver uma pergunta que você não entenda, deixe-a em branco”. Portanto, nem todos os alunos responderam todas as questões, deixando-as em “branco” como veremos do decorrer da análise. Vale ressaltar que o questionário não prevê respostas certas ou erradas.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A seção C “ Eu e os desafios ambientais” é composta por 14 questões conforme o quadro 1:
28. A ciência e a tecnologia podem resolver todos os problemas do ambiente? |
29. Eu pessoalmente posso influenciar o que acontece ao ambiente? |
30. Ainda podemos encontrar soluções para os problemas ambientais? |
31. As pessoas deveriam interessar-se mais pela proteção do ambiente? |
32. Eu estou otimista quanto ao futuro? |
33. O mundo natural é sagrado e devemos deixá-lo em paz? |
34. As pessoas se preocupam demais como os problemas do ambiente? |
35. Penso que cada um de nós pode deixar uma contribuição significativa para a proteção do ambiente? |
36. É correto usar animais para experiências médicas se assim puder salvar vidas humanas? |
37. Os problemas do ambiente devem ser deixados aos especialistas? |
38. É responsabilidade dos países ricos resolverem os problemas do ambiente no mundo? |
39. Os animais devem ter o mesmo direito à vida que as pessoas? |
40. As ameaças ao ambiente não são da minha conta? |
41. Os problemas do ambiente são exagerados? |
Quadro 1: Seção C “Eu e os desafios ambientais”
Fonte: BARÔMETRO BRASIL.
A análise quantitativa, bem como as discussões, será feita a seguir apenas com base no item C, “Eu e os desafios ambientais” considerando apenas o número de questões respondidas em detrimento à escala Likert em termos de percentuais e a média aritmética dos alunos que responderam as 14 questões tendendo a atitudes positivas em relação ao ambiente.
As respostas dos 89 alunos do 7º ano resultaram num quadro quantitativo das respostas das questões da seção C, já levando em conta àquelas questões não respondidas, ou seja, deixadas em branco conforme a tabela 1, já as médias obtidas estão na tabela 1:
Tabela 1: Respostas das questões da seção C, “Eu e os desafios ambientais”
Número de respostas dos alunos
________________Escala LIKERT_________________
Questões 1 2 3 4 Questões (não concordo) (concordo) em branco
28. A ciência e a tecnologia podem 25 35 17 11 1
resolver todos os problemas do ambiente?
29. Eu pessoalmente posso influenciar o 27 27 20 13 2
que acontece ao ambiente?
30. Ainda podemos encontrar soluções 6 11 19 52 1
para os problemas ambientais?
31. As pessoas deveriam interessar-se 6 4 13 66 -
mais pela proteção do ambiente?
32. Eu estou otimista quanto ao futuro? 20 24 19 22 4
33. O mundo natural é sagrado e
devemos deixá-lo em paz? 18 22 23 25 1
34. As pessoas se preocupam demais
como os problemas do ambiente? 50 19 15 4 1
35. Penso que cada um de nós pode
deixar uma contribuição significativa para 6 7 27 47 2
a proteção do ambiente?
36. É correto usar animais para experiências 51 20 12 6 -
médicas se assim puder salvar vidas humanas?
37. Os problemas do ambiente devem ser 40 21 19 9 -
deixados aos especialistas?
38. É responsabilidade dos países ricos 56 17 9 6 1
resolverem os problemas do ambiente
no mundo?
39. Os animais devem ter o mesmo direito a 4 11 14 60 -
vida que as pessoas?
40. As ameaças ao ambiente não são da 66 16 4 3 1
minha conta?
41. Os problemas do ambiente são 48 18 14 8 1
exagerados?
Fonte: Elaborada pelo autor
A fórmula a seguir representada na figura 2 demonstra como foram obtidos os dados da média aritmética das respostas apresentados na tabela 2:
Figura 2: Fórmula para média aritmética das respostas
Fonte: Censo escolar (adaptado)
A tabela 2 a seguir mostra a média aritmética das respostas dadas pelos 89 alunos em relação à escala Likert considerando 4 pontos (1; 2; 3; 4) conforme fórmula apresentada na figura 2.
Tabela 2: Média aritmética das respostas
Média das respostas dos 89 alunos
Questões Médias
28. A ciência e a tecnologia podem 1,94
resolver todos os problemas do ambiente?
29. Eu pessoalmente posso influenciar o 2,17
que acontece ao ambiente?
30. Ainda podemos encontrar soluções 3,30
para os problemas ambientais?
31. As pessoas deveriam interessar-se 3,56
mais pela proteção do ambiente?
32. Eu estou otimista quanto ao futuro? 3,40
33. O mundo natural é sagrado e
devemos deixá-lo em paz? 2,60
34. As pessoas se preocupam demais
com os problemas do ambiente? 1,67
35. Penso que cada um de nós pode
deixar uma contribuição significativa para 3,00
a proteção do ambiente?
36. É correto usar animais para experiências 1,70
médicas se assim puder salvar vidas humanas?
37. Os problemas do ambiente devem ser 1,97
deixados aos especialistas?
38. É responsabilidade dos países ricos 1,59
resolverem os problemas do ambiente
no mundo?
39. Os animais devem ter o mesmo direito a 3,46
vida que as pessoas?
40. As ameaças ao ambiente não são da 1,37
minha conta?
41. Os problemas do ambiente são 1,77
exagerados?
Fonte: Elaborado pelo autor
Observa-se que os jovens discordam em relação à questão 28 “A ciência e a tecnologia podem resolver todos os problemas do ambiente?”, pois, 60 alunos (68,%) responderam que não concordam, sendo que, 32% dos alunos concordam com a questão, conforme a figura 3 a seguir:
Figura 3 - Questão 28 “A ciência e a tecnologia podem resolver todos os problemas do ambiente”.
Na segunda questão, (questão 29), “Eu pessoalmente posso influenciar o que acontece ao ambiente?”, os alunos demonstraram que discordam da assinalando 54 respostas (62%), diferente de 33 alunos (38%) que concordam. Neste caso, os alunos demonstraram uma negativa face às questões ambientais, ou seja, quando a maioria escolheu “discordam” em relação a esta questão, demonstrou uma atitude não favorável na questão da influência como pessoa no ambiente, o que pode ser observado na figura 4 a seguir:
Figura 4 - Questão 29: “Eu pessoalmente posso influenciar o que acontece ao ambiente”.
A questão de número 30 que fala sobre “Soluções para os problemas ambientais” mostrou através das respostas um cenário bem diferente da anterior, pois, com a maioria das respostas observa-se uma atitude positiva frente aos desafios ambientais, pois, apenas 17 alunos (19%) discordaram da questão, sendo que, 71 (81%) são favoráveis, ou seja, concordam demonstrando um cenário positivo face aos desafios ambientais, conforme a figura 5 abaixo:
Figura 5 - Questão 30: “Ainda podemos encontrar soluções para os problemas ambientais”.
A questão respondida pelos alunos com maior número de respostas no ponto (4) “concordo”, foi a questão de número 31 “As pessoas deveriam interessar-se mais pela proteção do ambiente?”, uma vez que esta obteve 79 respostas, logo, (89%) dos alunos concordam e consideram que as pessoas deveriam ter mais interesse em proteger a casa do ser, demonstrando então, uma visão e atitude positiva em relação ao ambiente. A figura 6 a seguir mostra esses percentuais.
Figura 6 - Questão 31: “As pessoas deveriam interessar-se mais pela proteção do ambiente”.
A questão 32 “Eu estou otimista quanto ao futuro” foi respondida por 85 alunos, uma vez que 4 dos 89 da amostra não responderam. Divididos nas respostas, pouco mais que a metade dos questionados, ou seja, 44 alunos (52%) se mostram otimistas quanto ao futuro (figura 7).
Figura 7 - Questão 32: “Eu estou otimista quanto ao futuro”.
Em relação à questão 33 “O mundo natural é sagrado e devemos deixá-lo em paz?”, a diferença foi acentuada, ou seja, pouco mais que a metade (52%) se mostrou favorável a resposta “concordo” diante da questão, logo, 46% dos alunos discordam (figura 8).
Figura 8 - Questão 33: “O mundo natural é sagrado e devemos deixá-lo em paz?”.
A grande maioria, ou seja, 69 (78%) alunos responderam que discordam da questão 34 “As pessoas se preocupam demais com os problemas do ambiente?”, logo, quando a maioria discorda dessa questão, demonstram atitudes negativas, sendo assim, a maioria alega que as pessoas não se preocupam com os problemas ambientais e apenas 22% acham que as pessoas se preocupam demais com os problemas ambientais (figura 9).
Figura 9 - Questão 34: “As pessoas se preocupam demais com os problemas do ambiente?”.
Dos 89 alunos questionados, 74, ou seja, (84%) concordam majoritariamente com a questão 35 “Penso que cada um de nós pode deixar uma contribuição significativa em prol ao ambiente”, demonstram que possuem comportamento positivo, podendo sim, ofertar tal contribuição ao ambiente (figura 10).
Figura 10 - Questão 35: “Penso que cada um de nós pode deixar uma contribuição significativa em prol ao ambiente”.
Quando perguntados em relação à questão 36 “É correto usar animais para experiências médicas se assim puder salvar vidas humanas?” 71 alunos (80%) não concordaram mostrando então uma atitude favorável e positiva em relação às outras vidas de um ambiente comum, portanto, demonstra que todas as vidas têm o mesmo direito à vida (figura 11).
Figura 11 - Questão 36: “É correto usar animais para experiências médicas se assim puder salvar vidas humanas?”
Também não concordam com a questão 37 “Os problemas do ambiente devem ser deixados aos especialistas?”, pois, 61 alunos (69%) discordam que os problemas são apenas dos especialistas, com estas respostas demonstram atitudes positivas em relação aos problemas ambientais corroborando com os preceitos da Constituição Federal da República, que diz em seu artigo 225 que o dever de defender e preservar o meio ambiente é da coletividade, logo, com a maioria das respostas discordando assumem também essa responsabilidade (figura 12).
Figura 12 - Questão 37: “Os problemas do ambiente devem ser deixados aos especialistas?”.
“É de responsabilidade dos países ricos a resolução dos problemas do ambiente no mundo?” (questão 38). A grande maioria dos alunos, precisamente 73, o que equivale (83%) dos pesquisados responderam que discordam da questão, logo, não creditam que os países ricos resolverão os problemas ambientais do mundo. Nota-se também nesta questão que os pesquisados não se eximem das responsabilidades com o ambiente (figura 13).
Figura 13 - Questão 38: “É de responsabilidade dos países ricos a resolução dos problemas do ambiente no mundo?”
Além de responderem anteriormente não concordarem com o uso de animais em experiências, também concordam que eles têm o mesmo direito à vida que as pessoas, pois, em relação à questão 39 “Os animais devem ter o mesmo direito à vida que as pessoas?” 74 alunos (83%) responderam que sim, concordam, logo, 15 alunos discordam do questionamento. Ainda assim, a grande maioria demonstra que é favorável a preservação de outras espécies no ambiente, sendo que os animais têm o mesmo direito à vida que as pessoas (figura 14).
Figura 14 - Questão 39: “Os animais devem ter o mesmo direito à vida que as pessoas?”
A resposta da questão 40 “As ameaças ao ambiente não são da minha conta?” foi a que obteve maior concentração no ponto “não concordo”, pois, 82% dos alunos responderam que discordam, ou seja, uma vez discordando da questão, demonstram que são responsáveis pelo ambiente onde vivem adotando um comportamento positivo e favorável em relação às questões ambientais (figura 15).
Figura 15 - Questão 40: “As ameaças ao ambiente não são da minha conta?”
Não diferente, em relação ao interesse que demonstraram em outras questões, 66 alunos (75%) responderam que discordam da questão 41 “Os problemas do ambiente são exagerados?”, sendo assim, assumem uma posição favorável e positiva em prol do meio ambiente (figura 16).
Figura 16 - Questão 41: “As ameaças ao ambiente não são da minha conta?”
Em relação às médias obtidas das respostas, a questão 40 “As ameaças ao ambiente não são da minha conta” foi a que apresentou a menor delas (1,37) demonstrando discordância em relação à questão conforme abordado anteriormente. Já a questão 31 “As pessoas deveriam interessar-se mais pela proteção do ambiente”, obteve a maior média entre elas (3,56), apontando comportamento pró-ativo e interesse pelos assuntos ambientais (figura 17).
Figura 17 – Média das questões (menor média) – (maior média)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Essa pesquisa dedicou-se tão somente a analisar os dados extraídos de uma escola pública no município de São Paulo, referente ao posicionamento dos estudantes frente às questões ambientais, sendo que para tal aplicou o questionário intitulado BARÔMETRO BRASIL “JOVENS E A CIÊNCIA” fruto do Projeto SAPIENS derivado do projeto ROSE.
Foram discutidos os resultados de 14 questões aplicados a 89 alunos de do 7º ano do ensino fundamental, que demonstrou as atitudes, as visões e opiniões dos alunos frente aos desafios ambientais. A pesquisa cons