INFLUÊNCIA DA MÚSICA NA MOTIVAÇÃO PARA A PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA NA TERCEIRA IDADE
INFLUÊNCIA DA MÚSICA NA MOTIVAÇÃO PARA A PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA NA TERCEIRA IDADE
SANTOS, Cristiano; PINHO, Debora; JESUS, Michell, LAGOS, Nathalia e SILVA, Paloma, Daniela Moraes Scoss
Centro Universitário Ítalo Brasileiro
bachereltcc2@gmail.com
RESUMO
A atividade física com música é muito comum entre os praticantes, para o público da terceira idade é considerado essencial, pois acabam se distraindo do incômodo que a atividade pode causar e assim passando o tempo mais rápido. O presente estudo trata-se de uma revisão de literatura que busca identificar e analisar as contribuições existentes sobre a influência da música na motivação para a prática de atividade física na terceira idade. O referencial utilizado constou de materiais escritos como livros e artigos científicos em um período de 18 anos (de 1998 há 2016). A partir dos documentos estudados foi possível tecer algumas considerações que a música tem participação no cotidiano das pessoas em diversas áreas, podendo contribuir no grau de motivação na execução de diversas tarefas. Em um público da terceira idade a influência da música pode ser mais acentuada para melhoria da execução das atividades.
Palavras chave: Música – atividade física – motivação – idosos – bem estar.
ABSTRACT
Physical activity with music is very common among practitioners, for the elderly audience is considered essential, as they end up distracting themselves from the annoyance that the activity can cause and thus passing the time faster. The present study is a literature review that seeks to identify and analyze the existing contributions on the influence of music on the motivation for the practice of physical activity in the third age. The reference used consisted of materials written as books and scientific articles in a period of 18 years (from 1998 to 2016). From the documents studied it was possible to make some considerations that the music has participation in the daily life of the people in diverse areas, being able to contribute in the degree of motivation in the execution of several tasks. In an audience of the third age the influence of the music can be more accentuated to improve the execution of the activities.
Key words: Music - physical activity - motivation - seniors – welfare.
INTRODUÇÃO
Conforme dados do IBGE a população idosa vem crescendo cada dia mais e apontando mudanças na sua faixa etária (IBGE, 2014). Segundo Corrazza (2005) existem alguns tipos de envelhecimento, o cronológico, biológico e psicológico. A pratica regular de atividade física reduz a amplitude das oscilações corporais ou seja, idosos ativo e idosos sedentários, devido ao seus efeitos sobre o sistema sensoriais como no sistema motor.
A Música pode ser usada como um estímulo poderoso para desenvolver atividades variadas com pessoas da terceira idade, segundo Clair (1996 apud MIRANDA; GODELI, 2003) a música promove respostas físicas, através das qualidades sedativas ou estimulantes, que afetam respostas fisiológicas como pressão arterial, frequência cardíaca, respiração, dilatação pupilar, tolerância a dor dentre outros; além de aspectos fisiológicos, os estímulos musicais também provocam respostas emocionais como alterações no estado de ânimo e afetos.
A atividade física com música é muito comum, alguns praticantes consideram a música como um modo de prevenir a monotonia da atividade física e para idosos isso influencia ainda mais, para eles a música é primordial para realização das atividades. Clair (1996 apud MIRANDA; GODELI, 2003) e Geis (2000) acreditam que a música é um instrumento de grande importância na realização de atividades físicas. Embora o assunto precisa ser mais estudado alguns autores como Miranda, Godeli, Rocha, Noordhoek, Jokl et al. buscam respostas se a música realmente influencia positivamente na prática da atividade física.
A música tem participação no cotidiano das pessoas, podendo contribuir no grau de motivação na execução de diversas tarefas. Em um público da terceira idade a influência da música pode ser mais acentuada para melhoria de resultado da execução da atividade.
O presente estudo busca relacionar a influência da música na atividade física para idosos. Trata-se de uma revisão de literatura onde busca identificar e analisar as contribuições científicas existentes sobre determinada temática em materiais escritos como livros e artigos científicos em um período de 13 anos (de 2003 há 2016). Nesse sentido, realizou-se um levantamento nas bases de dados Scielo, Lilacs, Portal Capes, Biblioteca Digital Pearson e Biblioteca Dante Alighieri com o intuito de identificar artigos científicos publicados sobre a temática da influência da música na prática de atividade física.
IDOSOS E O ENVELHECIMENTO
Quem tem muitos anos, idoso é o indivíduo que já possui muitos anos de vida; (FERREIRA, 2009). Porém, esse relógio cronológico não é um marcador preciso para alterações sobre o envelhecimento, podendo haver grandes alterações, como biológicas, físicas, mentais e independência na sociedade. Corazza (2005) define o envelhecimento como um processo complexo que envolve muitas variáveis (genética, estilo de vida e doenças crônicas)
A população está envelhecendo numa velocidade rápida, só aqui no Brasil segundo o IBGE nos próximos 20 anos a população acima de 60 anos vai mais do que triplicar, passando dos atuais 22,9 milhões (11,34% da população), para 88,6 milhões (39,2%). No período a expectativa média de vida do brasileiro deverá aumentar dos atuais 75 anos para 81 anos (IBGE, 2014).
Para Vargas (1983 apud OLIVEIRA et al., 2012), um indivíduo envelhece fisicamente, psicologicamente e biologicamente, portanto, ocorre uma série de transformações na vida do mesmo, como a tendência a obter lentidão, diminuição da concentração, dificuldade de lembrar fatos recentes, declínio na visão e audição, entre outros. O equilíbrio psíquico do idoso depende da maneira como ele aceita a realidade que o cerca e quando isso não acontece de maneira positiva, surgem as reações psicopatológicas do envelhecimento. Portanto falar sobre envelhecimento é falar sobre algo complexo, pois cada ser tem um cronômetro biológico e cada um envelhece de uma forma.
Segundo Corazza (2005), pode-se classificar o envelhecimento da seguinte forma:
- Idade cronológica: é expressa pelo número dos anos ou meses desde o nascimento; esse critério é independente, ou seja, não leva em consideração fatores fisiológicos, psicológicos e sociais.
- Idade biológica: enfoca o envelhecimento através de mudanças nos processos biológicos ou fisiológicos e suas consequências no comportamento do indivíduo. Se a pessoa possui hábitos de vidas saudáveis, sua idade biológica será menor que a cronológica.
- Idade psicológica: Refere-se a capacidades individuais envolvendo dimensões mentais ou função cognitiva, como autoestima e autossuficiência, assim como aprendizagem, memória e percepção (BIRREN, 1959 apud CORAZZA, 2005).
- Idade social: Refere-se á noção de sociedade muitas vezes com expectativas rígidas do que é e do que não é um comportamento apropriado para o indivíduo daquela faixa etária (ROSE, 1972; MCGRATH & KELLY, 1985 apud CORAZZA, 2005).
Com o surgimento das doenças que acompanham o envelhecimento o indivíduo acaba passando por diversas dificuldades e é uma transição bastante difícil, pois acarreta em dependências por terceiros. Para a sociedade envelhecer soa como algo negativo e gera certo preconceito para essa classe. O envelhecimento modifica a relação do indivíduo consigo mesmo, com o outro e com o mundo, para Sonenreich et. al. (1984 apud BALDONI; PEREIRA, 2011) afirmam que a existência do idoso implica num mundo mais restrito, pois, a medida que seu corpo desloca menos, tem seu espaço restringido. A relação com o tempo muda, o futuro torna-se curto, entretanto vale lembrar que esse quadro é muito pessoal, individual e não se aplica para todos. Ramadan (1984 apud OKUMA, 1998) com sua experiência com idosos afirma que nem todos passam pelo mesmo processo.
ATIVIDADE FÍSICA PARA IDOSOS
O envelhecimento vem aumentando consideravelmente, o que atribui o aumento da expectativa de vida, a diminuição da taxa de natalidade, a um melhor controle de doenças e suas patologias (BRASIL, 2003).
Segundo Santarém (2012), a melhor definição para atividade física é a contração muscular. Durante a contração dos músculos esqueléticos ocorre o consumo de energia e estímulos de diversas funções orgânicas. A contração muscular geralmente leva ao movimento do corpo, mas nem sempre. Quando músculos que realizam movimentos opostos nas articulações são ativados simultaneamente, não ocorre movimento. Essa situação é bastante comum na atividade da vida diária, no trabalho físico nos esportes. A contração muscular produz seus efeitos no organismo independente de sua finalidade.
A pratica regular de atividade física reduz a amplitude das oscilações corporais, ou seja, idosos ativos e idosos sedentários, devido aos seus efeitos sobre o sistema sensoriais como no sistema motor, alguns idosos tem mais dificuldades do que o adulto jovem, sendo assim a importância da atividade física na terceira idade devido as suas perdas no decorrer dos anos sempre será de total importância na vida dessas pessoas (FERRAZ, 1999).
Já para Sonati et. al. (2009), a falta de habilidades para a vida diária, a falta de energia e a presença de dor são os aspectos do domínio físico que parecem ser importantes para a qualidade de vida. Esses aspectos influenciam a percepção da qualidade de vida durante o processo de envelhecimento, pois ocorrem mudanças corporais importantes, dentre as quais a perda da massa livre de gordura e o aumento da gordura corporal com distribuição. Sabe-se que a pratica de exercícios físicos contribui para a melhora desses fatores, refletindo positivamente na qualidade de vida.
Para a pratica da atividade física Franchi (2005) cita que a atividade física promove a melhora da composição corporal, a diminuição de dores articulares, o aumento da densidade mineral óssea, a melhora da utilização da glicose, a melhora do perfil lipídico, o aumento da capacidade aeróbia, a melhora de força e flexibilidade, a diminuição da resistência vascular. E, como benefícios psicossociais encontra-se o alívio da depressão, o aumento da autoconfiança, a melhora da autonomia do idoso. O tipo de exercício recomendado para idosos no passado era mais o aeróbio pelos seus efeitos no sistema cardiovascular e controle destas doenças, além dos benefícios psicológicos. Atualmente, estudos mostram a importância dos exercícios envolvendo força e flexibilidade, pela melhora e manutenção da capacidade funcional e autonomia do idoso.
MÚSICA PARA IDOSOS
A música pode ser usada como um estímulo poderoso para desenvolver atividades variadas com pessoas da terceira idade, pois segundo Clair (1996 apud MIRANDA; GODELI, 2003), a música promove respostas físicas, através das qualidades sedativas ou estimulantes, que afetam respostas fisiológicas como pressão arterial, frequência cardíaca, respiração, dilatação pupilar, tolerância a dor dentre outros; além de aspectos fisiológicos, os estímulos musicais também provocam respostas emocionais como alterações no estado de ânimo e afetos. No âmbito social, promove integração, por propiciar experiências com outros indivíduos o que é a base de qualquer relacionamento; também favorece a comunicação, além da expressão emocional, pois utiliza a comunicação não verbal, o que facilita a expressão de emoções também por pessoas da terceira idade que não encontram muita facilidade de verbalizar com outras pessoas; promove o afastamento da inatividade, assim também como a quebra da rotina cotidiana, através de atividades que tenham a música envolvida, propiciando assim uma melhor qualidade de vida; além de evocar emoções ou lembranças de lugares, pessoas ou épocas guardadas na memória do ouvinte.
Piegler (1980 apud MIRANDA; GODELI, 2003) afirma que embora a música contribua de várias maneiras para o bem-estar de pessoas da terceira idade, é necessário que a intervenção a ser realizada pelo profissional para um determinado fim seja previamente avaliada e que se leve em consideração características do público a ser direcionada a atividade como também da ferramenta, no caso, a música para que a mesma possa propiciar respostas positivas daqueles que irão se beneficiar das atividades desenvolvidas pelo profissional.
Um dos fatores a se considerar com o envelhecimento é a perda auditiva que acompanha essa fase da vida e que provoca mudanças na intensidade sonora percebida pelo idoso e diminuição na capacidade de discriminação da tonalidade segundo afirma Piegler (1980 apud MIRANDA; GODELI, 2003). Embora a perda auditiva seja um fato relevante a se considerar, as pessoas idosas em geral conseguem tanto ouvir, como também tocar ou reger, pois entre os vários sons que formam um tom musical o som principal situa-se relativamente baixo e poucos indivíduos vive tempo suficiente para que a perda auditiva torna-se tão acentuada a ponto de não ouvi-los.
Segundo Gomes (2012) em uma análise que relaciona os benefícios da música em pessoas idosas constatou-se enorme influência da música sobre o estado psíquico dos mesmos. Além de um estímulo positivo para o aumento da autoestima em relação à idade.
De acordo com que afirma Corte e Ludovici Neto (2009) pessoas afetadas por doenças oriundas do avanço da idade, encontram na musicoterapia uma essencial maneira de minimizar os danos causados pela progressão das mesmas doenças, aumentando nos indivíduos da terceira idade certa resiliência quanto aos sintomas.
Para Leão e Flusser (2008) a música oferece aos idosos a possibilidade de socialização, contribuindo assim para a participação mais efetiva do mesmo em atividades significativas através das quais a pessoa a terceira idade diminui a probabilidade de um isolamento social o que consequentemente viabiliza uma melhor qualidade de vida.
Pode-se afirmar que a música também se destaca como uma ótima intervenção terapêutica para idosos que apresentam tipos diferentes de patologias; entre elas destacam-se: A doença de Alzheimer entre outros tipos de doenças que envolvem demência segundo afirmam Groenen (1993 apud MIRANDA; GODELI, 2003) e Hansom (1996 apud MIRANDA; GODELI, 2003). Observam-se também estudos que defendem a música como ferramenta terapêutica, comprovados por Garner (1993 apud MIRANDA; GODELI, 2003) e Mathews (2001 apud MIRANDA; GODELI, 2003) que elucidam ainda mais o papel fundamental que a música pode exercer de diferentes maneiras na vida deum indivíduo. Além dessas patologias, de acordo com Gomes (1984 apud MIRANDA; GODELI, 2003) a música também pode auxiliar no tratamento de pessoas que possuem algum tipo de dependência física devido a fratura, acidente vascular cerebral, esclerose múltipla.
MOTIVAÇÃO
Motivação pode ser considerado uma influência para conquistar um objetivo, segundo Samulski (1995) a motivação é caracterizada como um processo ativo, intencional e dirigido a uma meta, o qual depende da interação de fatores pessoais (intrínsecos) e ambientais (extrínsecos), ou seja, depende das intenções, interesses, motivos e metas.
Para a pratica esportiva depende da interação entre os motivos e o meio ambiente. Um estudo realizado por Chagas e Samulski (1992) em academias de ginástica destaca alguns aspectos motivadores que levam uma pessoa a frequentá-la; manter a boa forma, melhorar o condicionamento físico, aumentar o bem estar corporal e psicológico, melhora estado de saúde e prazer em realizar atividade física.
Ainda segundo Samulski (1995), cada pessoa possui duas tendências motivacionais: de procurar sucesso e a de evitar o fracasso. O motivo de procurar sucesso é definido como orgulho, satisfação pessoal, enquanto o de fracasso é evitar passar por situação de vergonha e humilhação. Porém pessoas orientadas para o sucesso não ficam preocupadas com resultados negativo, já pessoas orientadas para o fracasso pensam bem mais na derrota do que no sucesso da atividade.
Weinberg e Gould (2008) o conceito de motivação em grande parte das pessoas se enquadram em três diferentes abordagens relacionadas a motivação: Visão Centrada no Traço, Visão centrada na Situação e Visão Interacional. A visão centrada no traço considera aspectos individuais do próprio participante em relação a modalidade que propõe a fazer. Aspectos esse que podem ser a necessidade, objetivos e expectativas do mesmo. A visão centrada na situação afirma que os fatores que influenciam na motivação do indivíduo estão relacionados a estímulos externos. A visão mais aceita pelos psicólogos do esporte é a visão Interacional que defende a ideia que tanto a visão centrada no traço como a visão centrada situação colaboram para a motivação na realização de um esporte ou atividade física.
Os autores acima citados, partindo deste princípio apontaram cinco diretrizes para desenvolver a visão interacional de motivação: 1 tanto a situação como o traço motivam as pessoas; 2 As pessoas tem vários motivos para participar; 3 Mudança de Ambiente para aumentar a motivação; 4 Incentivo a Motivação e 5 Use modificações no comportamento para alterar motivos indesejáveis do participante.
Segundo Samulski (2009) alguns atletas se motivam através da utilização de técnicas Emocionais, onde as emoções e sensações positivas são trabalhadas durante a execução do movimento. Alguns atletas escutam música antes das competições ou durante os intervalos para alcançar um estado emocional altamente motivacional.
INFLUÊNCIA DA MÚSICA NA MOTIVAÇÃO PARA A PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA NA TERCEIRA IDADE
A atividade física juntamente com a música é muito constante, seja ela individual com fones de ouvido ou em atividades em grupo, podendo ser em movimentos sincronizados pelo ritmo ou não. Clair e Geis (1996, 2000 apud MIRANDA; GODELI, 2003) acreditam que a música é um instrumento de grande importância na realização de atividades físicas. Alguns praticantes a consideram como uma forma de prevenção contra a monotonia existente nos exercícios trazendo sensações prazerosas e agradáveis amenizando o foco do cansaço que a atividade proporciona.
Quanto a prática da atividade física direcionada a pessoas da terceira idade se torna prazerosa, despertando nos praticantes da mesma, alterações positivas. As chances nesse caso dos indivíduos se fidelizarem a um programa ou a prática constante de atividades físicas se tornam muito maior de acordo com a afirmação de Okuma (1998). Se tratando da escolha musical para os idosos, a música é bastante relevante, pois contribui na motivação em realização da prática e do prazer na atividade. Okuma (1998) ressalta que idosos praticantes de atividades físicas se mantêm ativos até na hora da preferência musical em aula, eles conseguem interagir com as novas gerações, gostam de músicas de épocas e também das atuais. Para a autora isso significa que eles estão cognitivamente sintonizados com o ambiente adequando-se as mudanças que acontecem em si mesmo e ao seu redor.
Embora seja um assunto que precisa ser mais estudado alguns autores buscam respostas sobre a influência da música na atividade física. Gfeller (1988 apud MIRANDA; GODELI, 2003), diz que o benefício pode ocorrer ao favorecer o desenvolvimento de capacidades físicas como força e resistência, ou contribuindo para uma atitude mental positiva, pela motivação para a atividade. Csikszentmihalyi (1999 apud MIRANDA; GODELI, 2003) considera que a atividade física com música, por ser mais agradável, poderia reforçar a sensação de “desligamento”, na qual o indivíduo estaria intrinsecamente motivado e totalmente envolvido e absorvido na atividade.
Em uma pesquisa de Thornby et. al (1995 apud MIRANDA; GODELI, 2003) foi testada a hipótese de que um estímulo que distraia introduzido durante o exercício, como a música, possa reduzir a percepção do esforço respiratório. Os resultados obtidos indicaram que a música na atividade física pode diminuir a percepção do esforço respiratório, diminuindo assim o desconforto. Pfister et al. (1998 apud MIRANDA; GODELI, 2003) examinaram os efeitos da música sobre a tolerância ao exercício e a percepção de esforço e de sintomas de desconforto. Não foram observadas diferenças significativas entre o exercício com e sem música, porém 60% dos sujeitos relataram voluntariamente que foi prazeroso ouvir música durante o exercício.
Ainda buscando respostas relacionadas a influência da música, em um estudo de Noordhoek e Jokl (2008) foi feito uma análise que a interação da atividade física e a música é sobretudo importante pela dimensão existencial que esta alcança na vida do indivíduo. A música interfere direta na recuperação da memória e torna-se assim auto expressiva e de atuação relevante como modelo de prevenção, reabilitação e intervenção na vida destas pessoas. Em outra análise essa feita por Moser (1998 apud MIRANDA; GODELI 2002) onde entrevistou alguns idosos e questionou o que eles achavam das atividades com músicas a maioria deles usaram as expressões: desperta, prazeroso, estimula, alegria, alerta, incentivo, motivante, animada e satisfação. Observou-se como é extremamente significativo a relação da música para eles.
Miranda e Godeli (2003) afirmam que a essência da música é o desenvolvimento da consciência corporal, tanto através da prática de atividades que envolvem habilidades motoras, como coordenação, equilíbrio, percepção espaço temporal, entre outros. Sendo assim a experiência corporal traz primeiros benefícios, tanto fisiológicos como mentais, mas sobretudo na população idosa permitindo uma nova construção dos laços afetivos, e de tal forma que o fenômeno da consciência corporal pode ser otimizado pela intervenção da música, que multiplicando os estímulos para área cognitiva em conjunto com a atividade física, podendo ser uma estratégia para ser utilizado pelos profissionais da área.
DISCUSSÃO
O Estudo realizado por Miranda e Souza (2009) buscou atestar os efeitos da música durante as atividades físicas aeróbias sobre o estado subjetivo em idosos. Participaram do estudo 85 idosos entre 60 e 85 anos. A Obtenção dos resultados ocorreu por meio de uma análise de variância multivariada (manova). Em três situações experimentais; exercício aeróbio com músicas “agradável” e músicas “desagradável” e sem a utilização de músicas; avaliaram-se afetos positivos, negativos e fadiga antes e após o exercício aeróbio e a percepção de esforço durante o exercício. O estudo testifica que a música durante o exercício aeróbio, atua de maneira a fazer com que as sensações desagradáveis inerentes ao exercício sejam reprimidas, fazendo com que a prática do mesmo se torne mais prazeroso.
Simões (2010) ao avaliar os efeitos do exercício físico e da música na motivação para o exercício nos estados de humor e na função cognitiva verificou que os exercícios aeróbios de duração e intensidade moderada trazem resultados de melhoria relevantes no estado de humor dos praticantes culminando assim em uma melhoria da motivação e na melhoria dos aspectos cognitivos. Para a elaboração do experimento, participaram 16 homens e 16 mulheres (idade média de = 33,8 9,0 anos) que costumavam praticar atividades físicas com regularidade onde tosos realizaram exercícios físico com a utilização e côa não utilização de músicas. O resultado aponta que a música presente na realização dos exercícios colabora na melhoria de aspectos emocionais e cognitivos sem influenciar na fadiga oriunda do exercício.
Miranda e Godeli (2001) realizaram um estudo com o objetivo de investigar a opinião de idosos sobre o papel e a importância da música nas atividades físicas aeróbicas. O estudo foi composto por 41 indivíduos integrantes do Programa Autonomia para a Atividade Física (PAAF), curso comunitário de educação física para pessoas idosas, oferecido pela Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo. Foram 30 mulheres, com idades de 62 a 77 anos, média de 69,27 anos e 11 homens, com idades de 63 a 73, média de 68,73 anos, que já estivessem praticando essas atividades há um ano, pelo menos. Foi feita uma entrevista com questões consideradas relevantes de modo descontraído para que os entrevistados se sentirem a vontade. Através das opiniões obtidas pelas entrevistas, percebeu-se que a música presente durante a atividade física afeta de alguma maneira a totalidade dos idosos entrevistados, porém não existe uma forma clara para explicar porque a música provoca determinadas reações nos ouvintes.
No estudo de Castro et. al. (2009) objetivou comparar o nível de qualidade de vida entre idosos que praticavam uma atividade física e aqueles que não. Para este estudo houve a participação de 50 idosos voluntários praticantes de atividade física (dança e musculação) também participaram da pesquisa 20 idosas sedentárias, (não praticantes de atividade físicas regulares), desta forma a amostra foi dividida da seguinte forma, quatro grupos: grupo de dança (20 idosas, idade 67 anos), grupo de musculação (15 idosos, idade 67 anos), grupo de controle (20 idosos, idade 68 anos). O grupo de dança tinha 50 minutos, três vezes por semana (com ritmos variados) dependendo de sua capacidade física, nível de energia, motivação e capacidade cognitiva, todos as aulas eram procedidas de um período de aquecimento e flexibilidade e terminavam com um relaxamento. Para o grupo de musculação seu programa de treinamento eram (2 series de 8 a 10 repetições com 75 a 85% de 1 RM), sendo (puxada por trás no puley alto, flexão de pernas, rosca bíceps com halteres, extensão de pernas, rosca tríceps no puley e abdominais), com frequência de 3 vezes na semana em dias alternados um tempo aproximadamente de 45 minutos. Após a exposição dos dados, os dois programas de atividade física (Dança e musculação) e a prática de meditação, apresentaram resultados satisfatórios na amostra analisada, contribuindo para um melhor nível de qualidade de vida, referente aos efeitos dos programas de atividade física sobre a qualidade de vida, não deixando dúvida que principalmente a dança, mas também a musculação e a meditação atuaram elevando os níveis de qualidade de vida nos idosos praticantes destas atividades.
Em um estudo de Silva e Gress (2012) avaliaram a influência da música e dos ritmos musicais no treinamento de praticantes de exercícios físicos resistidos em diferentes academias. A análise foi constituída por 144 praticantes de exercício físico com frequência regular em academias de Ji-Paraná-RO, selecionados ao acaso. Foi utilizado um questionário semiestruturado com nove questões abertas e fechadas onde buscou investigar as preferências musicais para o treino bem como de outros momentos e estilos musicais. Pôde-se concluir que a grande maioria dos praticantes de exercícios físicos resistidos consideram importante e agradável o auxílio da música durante o treinamento e costumam utilizá-las sobretudo para manter a motivação durante a prática. Conforme o esperado, a maioria dos alunos concordam que a música pode influenciar no desempenho físico durante o treinamento e a maioria destes está contente com o acervo musical oferecido pelas academias que frequentam. O Estilo musical preferido para este fim foi a música eletrônica. Sendo esta também segunda opção para escutar no dia-a-dia fora da academia.
Sena e Grecco (2011) realizaram uma pesquisa que tinha como objetivo analisar as mudanças da frequência cardíaca (FC) durante a corrida em esteira por 20 minutos com velocidade de 8,0 km/h sem música, com música a 120 bpm (música de andamento lento) e a 140 bpm (música de andamento rápido). Participaram desta pesquisa doze homens de 21 a 36 anos, praticantes de musculação e corrida 3 a 4 vezes por semana. A FC era mensurada no décimo minuto, no décimo quinto minuto e por final no 20’, além de analisarmos, em todos os participantes, a FCmáx e FCmédia em todas as etapas do trabalho. Todos responderam questionários sobre estado de humor e preferência musical antes dos testes. Os dados foram analisados por média e desvio padrão, comparados pela Anova Two Way e o nível de significância foi de p < 0,05. Nos testes realizados a comparação da corrida sem música e com música a 120 bpm tiveram diferença significativa na frequência cardíaca do décimo minuto. Na comparação da corrida sem música e com música a 140 bpm também houve diferença significativa do décimo minuto. Na comparação da música a 120 bpm com música a 140 bpm não ocorreu diferença significativa. Não há diferenças significativas no comportamento da FC quando se corre com música a 120 bpm e a 140 bpm. Teve uma diferença no décimo minuto, quando comparamos a corrida na presença e na ausência de música. O bom humor reparado após a corrida independe da música. A beta-endorfina liberada durante o exercício é a maior responsável em causar bom humor nos corredores.
CONCLUSÃO
Com base nos resultados dos estudos, os idosos relacionam a música na atividade física como um fator extrínseco de grande contribuição para o bem estar psicológico proporcionando satisfação, disposição e diminuição da percepção do esforço. A de se considerar a necessidade de maiores evidencias sobre o papel da música como algo que contribua significativamente para sensações de bem estar por parte dos praticantes de programas que visam estimular a inserção do público da terceira idade a prática de exercícios físicos, porém as informações existentes no presente estudo deixam claro o papel da música como uma ótima alternativa para fazer com que as práticas de exercícios físico na terceira idade sejam ainda mais agradáveis, menos monótonas e estimulantes para seus praticantes.
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