14/06/2015

Gestão de Serviços no Setor Educacional - Uma Oportunidade para Aplicações de Lean Production

Resumo: As empresas da atualidade buscam cada vez mais as incorporações formando novos grupos, tendo como um dos objetivos, absorverem parcelas cada vez maiores do mercado. Recentemente, esta realidade tem permeado as Instituições de Ensino Superior – IES privadas inseridas no mercado educacional brasileiro.  O impacto destas ações deve ser previsto de acordo com o bom planejamento através de estratégias, metas e propósitos bem orientados e de forma clara a evitar resultados negativos e inesperados.  Este artigo abordará um panorama do setor de que envolve grupos educacionais, analisando as peculiaridades dos atributos de desempenho, bem como a identificação de oportunidades de Lean Production a serem utilizadas pelos players de setor.

Palavras-chave: Educação Superior. Gestão Educacional. Ensino Superior Privado

1. INTRODUÇÃO

As universidades, públicas ou privadas, fazem parte do sistema de produção de conhecimento superior, como institutos de pesquisas, empresas, hospitais, repartições públicas e entidades de formação profissional de nível superior. (BUARQUE, 2003, grifo do autor). Este sistema de produção pode ser dentro de seus desdobramentos, descrito como de produção e prestação de serviços educacionais em diversos níveis de ensino, especialmente o de nível superior através de cursos de graduação do tipo bacharelados, licenciaturas, de tecnologia superior, presencial ou semipresencial, de pós-graduação lato senso e strictu senso e extensões sequenciais, incluindo ainda outros serviços de menor aporte inclusos nas redes universitárias privadas, seu produto final é o conhecimento a ser aplicado em todas as áreas da vida, e suas implicações, assim como Paulo Freire destaca em sua Pedagogia da AutonomiaI, abordando a imperiosidade da prática formadora, de natureza eminentemente ética, dentro deste ideal É na inconclusão do ser, que se sabe como tal, que se funda a educação como processo permanente. (FREIRE, 2007, p. 18, 20)

Ainda sob o enfoque da ética, corroborado por FREIRE, 2007, as organizações não podem ser simplesmente a proliferação de construções de porte significativo em que se vendem serviços educacionais, algumas dessas, convenientemente situadas em shopping centers ou na beira de estradas em que os grandes centros de compras e inevitavelmente, loja Mc’Donald’s, estão localizados (LEHER, 2002).

   O crescimento do setor educacional advém de iniciativas nacionais e internacionais, resultando assim ações de órgãos governamentais e não governamentais.

   Basicamente as políticas de governo baseiam-se no pressuposto de que para que haja economia forte, eficiência na estrutura produtiva, organização racional do trabalho e da produção, deve haver um aprofundamento entre ciência, tecnologia e trabalho e isto se daria pela capacitação e formação de um contingente maior da força trabalhadora. Para Antunes, o conhecimento é a grande moeda de troca. Investir hoje em educação e na produção do conhecimento significa investir na soberania e no desenvolvimento do país, e reforça dizendo que nunca os países, em especial o Brasil, precisaram tanto das universidades como hoje, frente às transformações que estão ocorrendo em nível nacional e mundial (ANTUNES, 2003)

   Segundo os termos definidos na Declaração Universal dos Direitos Humanos, pela qual a educação superior deve ser acessível a todos com base no mérito, sem discriminações e a universidade ainda representa patrimônio intelectual, independência política e crítica social. Graças a essas características, afirma Buarque, a universidade é a instituição mais bem preparada para reorientar o futuro da humanidade (BUARQUE, 2003).

Historicamente, algumas mudanças começaram a acontecer dentro do setor de ensino no país a partir da década de 80, período pós-ditadura em que se inicia o processo de abertura comercial, desenvolvimento em parceria de organismos internacionais, inserção de capital financeiro e produtivo internacional na economia nacional, globalização, caminhando chegando aos anos 90, com uma demanda muito grande mão de obra qualificada dada a necessidade no avanço do processo de automatização da indústria já em grande parte mecanizada, na busca pela estabilidade da balança comercial entre importações e exportações através do aumento da produtividade e da competividade em um mercado mundial.

   Os dados do (MEC) – Ministério de Ensino e Cultura mostram o avanço das matrículas no ensino superior que duplica em um período de dez anos. Lopes e Barreto (2005) declaram que é comum que, no Sistema Logístico, ocorram falhas que podem ser resultantes de variáveis internas e/ou externas à empresa. Os clientes esperam receber produtos em conformidade com o prometido no que se refere à qualidade, cor, boas condições, quantidade do produto. Ao receberem um produto com características avariadas todo esforço despendido pela empresa foi em vão. Por definição, dentro de um sistema organizacional educacional, os diversos interessados são: alunos-clientes, docentes, corpo técnico administrativo, mantenedores, órgãos regulamentadores e demais interessados, os quais figuram como entrada do sistema através dos investimentos, mensalidades de clientes-alunos, bem como capital humano de valor através do corpo docente e corpo técnico administrativo. Além destes se encontram os investidores/acionistas das empresas de capital aberto, como no caso da instituição que é objeto deste estudo.

   Com base nesta dinâmica posta em nossos dias relativa às demandas do setor educacional, este trabalho busca realizar uma investigação do processo de evolução da iniciativa privado no setor educacional no Brasil e em algumas partes do mundo, suas implicações através da análise de viabilidade e conveniência de sua aplicação como resposta às demandas desta área que correm o risco de não serem supridas devido aos novos desafios da gestão e produção do setor surgindo as oportunidades para o Lean Production que envolvem as técnicas LEAN e Just in Time – JIT, sendo que na produção JIT, a primeira produção global da linha deve eliminar desperdícios, fornecer apenas a quantidade correta, no momento e local corretos, utilizando o mínimo de instalações, equipamentos, materiais e recursos humanos, através do envolvimento total dos funcionários e trabalho em equipe.

 

2. REFERENCIAL TEÓRICO

O termo " universidade- vem do latim universilas , que sugere a idéia de centro ( unos), voltado para uma pluralidade ( versos ). Ou seja, unidade em uma pluralidade destaca Gérson  Marques em  sua  obra intitulada  O Professor no Direito Brasileiro que:

 

As Universitas nasceram sem pretensão especulativa, mas o capital, percebendo a possibilidade de lucro sobre as classes privilegiadas apoderou-se de importante fatia desse quinhão. A palavra universidade foi utilizada, com a conotação atual, pioneiramente, pelo Papa Inocêncio III, em documento dirigido ao Studium Generale Parisiense, que se tratava de estabelecimento de ensino superior aberto às pessoas de todas as procedências (1.208 d.C). (LIMA, 2008. pg. 2, grifo do autor)

 

   A história das Universidades no Brasil começa em um período de aproximadamente 300 anos após o seu descobrimento. Conforme SOBRINHO, 2008, academia chegou ao Brasil a pouco mais de 200 anos, em seu período colonial junto com a família real portuguesa sendo foi fundada por João VI, em 1808 sendo formada por professores médicos militares, junto ao Hospital Real Militar, no entanto remontam-se a 1972 o inicio da Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, baseado em TELLES (1994) e PARDAL (1993).

   O modelo estrutural da Academia permanece solidificado face os interesses da coroa até o fim da era colonialista, e somente a partir da década de 30 começa haver uma redefinição no modelo educacional com o período populista ante o nacional desenvolvimentismo. Na década de 50, período posterior segunda guerra mundial, houve grande atividade de intercâmbio entre o Brasil e os Estados Unidos no setor de educação e tecnologia, onde muitas aulas eram ministradas em inglês nas faculdades brasileiras. Até meados de 1963 o Estado organizou e viabilizou diretamente o ensino superior através de instituições públicas, que se responsabilizava diretamente pela formação especializada.

   Adam Smith em sua obra A riqueza das Nações, publicada em 1776, defende a concepção sobre a divisão de trabalho que contribuiu para formar o alicerce dos sistemas de produção e que foram largamente utilizados a redor do mundo chegando até nossos dias, trazendo, além disso, o conceito de divisão do trabalho especializado, onde para cada função haveria a necessidade da profissionalização do ofício, daí a necessidade das escolas de ofício.

...no fabrico de alfinetes; um operário não treinado nesta atividade, e que não o soubesse trabalhar com as máquinas nela utilizadas, mal poderia talvez, ainda que com a maior diligência, produzir um alfinete num dia e não seria, com certeza, capaz de produzir vinte. (SMITH, 2006, p. 79, v. I)

   Adam Smith destaca em seu inquérito que o aumento da produtividade estava vinculado ao aumento da destreza de cada um dos trabalhadores, da redução do tempo e na divisão da tarefa e da invenção de um grande número de máquinas. A diferenciação entre os ofícios dada sua complexidade surge uma vez que a divisão do trabalho ocasiona em todas as artes, na medida em que é possível introduzi-la, um acréscimo proporcional dos poderes produtivos do trabalho. A distinção entre os diversos ofícios e profissões parece ter se realizado em consequência desta vantagem, pois cada indivíduo se torna mais perito no ramo que lhe compete, acresce-se o volume de trabalho realizado, e a ciência progride consideravelmente graças a isso. (SMITH, 2006, p.83, 89, v. I).

   Dentre os principais objetivos da educação de nível superior destacam-se aspectos como desenvolvimento do conhecimento, a formação social e profissional, a melhoria da qualidade de vida e da cidadania, tendo em vista o retorno à sociedade como um todo. O âmago desta ideologia já havia sido originalmente defendido por Max Weber na obra A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, publicada em 1904 e 1905 respectivamente:

As instituições de educação superior de todos os tipos possíveis, mesmo algo semelhantes superficialmente, às nossas universidades, ou, pelo menos, às nossas academias, existiram na china e no Islã. Mas a busca racional, sistemática e especializada da ciência por parte de pessoal treinado e especializado existiu somente no Ocidente, em um sentido que se aproxima de seu papel dominante em nossa cultura atual. Isso é verdadeiro, sobretudo no tocante ao funcionário público treinado, pilar tanto do Estado moderno quanto da vida econômica do Ocidente (WEBER, 2009, p.25)

 

   As premissas acima destacadas acentuaram-se no Brasil na década de 1930, onde houve uma larga implantação e estruturação da administração pública profissional, a criação da indústria de base de 1940 a 1960 e o desenvolvimento da infraestrutura e a instalação da indústria de bens de capital nos anos de 1970(NEVES, 2002).

   BELLUZO, 2001[b] enfatiza que o treinamento e a qualificação da mão de obra gera uma força de trabalho mais treinada, empregos mais qualificados, mais justa distribuição de renda, melhor desempenho da economia. Essa opinião foi destacada a mais de um século em Weber (2009, p.25):

Nenhuma época e nenhum país experimentou jamais, no mesmo sentido do Ocidente atual, a absoluta e completa dependência, em relação à sua existência, de suas condições econômicas, políticas e técnicas, e de uma organização de funcionários especialmente treinados. As funções mais importantes da vida diária da sociedade são desempenhadas por funcionários públicos treinados técnica, comercial e acima de tudo legalmente.

 

   Observando a tríade concepcional de ensino, pesquisa e extensão formulada em seu nascedouro a Universidade brasileira as décadas de 1960 e 1970 constituiu eficientes instituições de pesquisa que inseriram o Brasil no cenário mundial como o pioneirismo de pesquisa e inovação nas áreas de construção civil e engenharia pesada através de barragens, portos, pontes, rodovias, geração e transmissão de energia elétrica, produção de energia limpa através do etanol, revolução na área agroindustrial e prospecção de petróleo em águas profundas através dos centros de excelência em ensino, pesquisa e inovação. A aplicação das ciências á resolução das demandas e problemas da sociedade bem como criação de novas técnicas baseadas em conhecimentos teóricos só adquiridos às fileiras da Academia sempre esteve concatenado à melhoria dos sistemas produtivos.

O cálculo, mesmo com os decimais e a álgebra, foi adotado na Índia, onde o sistema decimal foi inventado; mas o seu uso foi desenvolvido apenas pelo capitalismo no Ocidente, pois na Índia isso não levou às modernas aritméticas e contabilidade. Nem podemos dizer que as origens da matemática e da mecânica tenham sido determinadas pelos interesses capitalistas. Mas a utilização técnica do conhecimento científico, tão importante para as condições de vida da massa do povo, foi certamente incentivada pelas considerações econômicas, estas que lhe eram extremamente favoráveis no mundo ocidental(WEBER, 2009, p.31).

 

   Para CUNHA, 2002, conforme a figura 1 abaixo, a partir de 1956, houve uma revolução no setor de serviços, época esta denominada como Sociedade Pós-Industrial, onde o produto final da mão de obra poderia ser além de um produto físico, ou um objeto e entre estes serviços se encontra o setor educacional, cujo resultado ou produto final seria a produção de conhecimentos e consequentemente seus derivados: profissão, cultura, ética, etc.

Figura 1. Evolução de Siatemas Produtivos

   HARVEY apud NEVES declara que as mudanças qualitativas no conteúdo e na forma do trabalho vêm gerando, em todo o mundo e também no Brasil, mudanças quantitativas na formação técnica e ético-política da força de trabalho para a realização de tarefas simples e complexas na produção, na aparelhagem estatal, na sociedade civil e na produção das inovações tecnológicas imprescindíveis ao aumento da produtividade do trabalho nos marcos do novo paradigma produtivo da acumulação flexível.

   Em documento publicado chamado Livro Verde, do MCT, Ministério de Ciência e Tecnologia foi declarado que a ampliação da capacidade dos sistemas de comunicação e processamento de informação, representada pelo computador e sua integração com os meios de comunicação, e os processos de biologia molecular, deveriam nos preocupar, enquanto nação, por suas profundas implicações políticas e econômicas, a partir da segunda metade do século XX. Os países cuja população não alcançarem o nível educacional requerido para acompanhar e se adiantar a essa revolução estarão condenados a um atraso relativo crescente a uma dependência política daquelas nações que dominam o conhecimento, mais opressora do que qualquer outra que jamais se viu na história da humanidade (SILVA e MELO, 2001 apud NEVES, 2002, p.71).

O termo Lean foi cunhado nos Estados Unidos ao fim da década 80, sendo considerado por uma equipe de pesquisadores sediada no MIT como sistema de produtivo que agrega agilidade, eficiência e flexibilidade em um mercado em constante mudança, oferecendo assim uma alternativa ao sistema de produção fordista. (SAURIN et al, 2010), e este sistema de gestão pode ser aplicado ao ambiente educacional que pode ser caracterizado como de serviços.

3. ESTRUTURAS ORGANIZACIONAIS DE IES

É notório rememorarmos que a partir de 1996 através da Lei de Diretrizes  e  Bases  da  Educação  –  LDB  9.394/96,  “  A  educação  será  ministrada  em  instituições  de  ensino  superior,  públicas  ou  privadas,  com  variados  graus  de  abrangência ou  especialização”, seguindo-se daí o enquadramento em  particulares de  sentido restrito, comunitárias, confessionais e filantrópicas e que a Constituição Federal de  1988  em  seu  artigo  170  rege  que:  “  A  universidade  privada  conta  com  a  garantia  constitucional de  autonomia  de  gestão,  tanto  administrativa  como  financeira”,  no  entanto  conforme  o  artigo  209  da  mesma  Constituição,  “as  instituições  privadas  de  ensino  superior dependem de  autorização do poder  público que  deverá avaliar a  sua  qualidade e cumprimento com as normas gerais da educação”. A prestação de serviços  educacionais  do sistema federal classificam-se em  instituições de ensino denominadas  faculdades,  centros  universitários  e  universidades.

   Neste ponto é interessante destacar a diferenciação entre os modelos estruturais acadêmicos clássicos aplicados diretamente à IES, em contraste com a estrutura organizacional dos grupos educacionais, voltados em sua essência ao enfoque empresarial. Tradicionalmente e com pouca ou nenhuma variação as IES estabeleciam-se através de:

1. Administração Superior

1.1.CPA e Conselhos;

2. Reitoria, Vice-Reitoria, Pró-Reitorias, Diretorias e Órgãos Suplementares;

3. Administração Básica

3.1.Gerência, Núcleos de Apoio, Coordenações Gerais e Supervisão

4. Administração Operacional

4.1. Setores da Administração Geral e das Coordenações de Cursos;

todos estes vinculados hierarquicamente dos primeiros aos últimos. Dentro deste padrão estrutural destacamos como órgão competente em questões de processos logísticos a Pró-Reitoria de Administração e Finanças que supervisiona a administração financeira, patrimonial e de recursos humanos, e que ainda tem como sua responsabilidade a elaboração de orçamento, acompanhamento e execução anuais, promoção do aperfeiçoamento do corpo técnico administrativo, avaliação e previsão orçamentária de novos cursos, convênios e outros serviços, supervisão e coordenação de órgãos responsáveis pela implantação, reforma, manutenção e ocupação da infra-estrutura da IES.

   Caberia obviamente, a este departamento a detecção e detenção de informações importantes para servir de base à tomada de decisões. Este departamento deverá fornecer informações detalhadas aos gestores sobre os riscos das ações a serem tomadas bem como o impacto das mesmas. Naturalmente que as decisões partem do alto escalão na estrutura corporativa, no entanto estas decisões devem ser tomadas com base numa metodologia adequada baseada nos conhecimentos fornecidos pela gestão da cadeia de suprimentos que deverá indicar demonstrativos da capacidade e sustentabilidade financeira do negócio baseada em informações pormenorizadas de receitas e despesas e de detalhes técnicos específicos do setor educacional.

   As instituições privadas de ensino superior oferecem a prestação de serviços em cursos de graduação através de bacharelados, licenciaturas, de tecnologia superior, presencial ou semipresencial, de pós-graduação lato sensu e stricto sensu e extensões seqüenciais, incluindo  ainda  outros  serviços  de  menor  aporte  inclusos  nas  redes  universitárias  privadas de todo país.

5. ATIVIDADE EMPRESARIAL EM EDUCAÇÃO

   Os artigos 209 e 213 da Constituição de 1988 legitima juridicamente a possibilidade de prestação de serviços educacionais em diversos níveis e modalidades de ensino inclusive de forma ampla no nível superior. Em face desta nova demanda algumas iniciativas foram tomadas pelo Governo Federal, como por exemplo, o programa Mãos à Obra, Brasil, de 1994,[c] que prevê parcerias entre o Estado e a sociedade, donde surgiriam políticas governamentais para o ensino em nível superior, surgindo o desenvolvimento dos nichos de empresas de prestação de serviços educacionais, o Plano diretor da reforma do aparelho do Estado em 1995, o Plano decenal de educação para todos, de 1994 a 2003 que visavam a ampliação de investimentos privados na execução da nova política educacional.

   Na concepção dos grupos políticos opositores ao governo da época, - que historicamente ao chegarem ao poder a partir do ano de 2004 aderiram e ampliaram a mesma “política expansionista do capital privado sobre o sistema educacional brasileiro”, outrora criticada - estas iniciativas se deram pela interferência externa na busca pela certificação em larga escala de órgãos como o Banco Mundial (BM), a Unesco, o Fundo Monetário Internacional (FMI), a Organização Mundial do Comércio (OMC) e outros como o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta), a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) NEVES, 2002.

   O fato de que o país deve reduzir o déficit de vagas não exclui o debate sobre a legitimidade da ação do governo em expandir o incentivo à expansão da rede privada de ensino, que historicamente já está posta, em detrimento da ampliação do número de vagas nas instituições públicas. Dentro da política social e econômica implantada nos governos pós período ditatorial, principalmente a partir da década de 90, levantou a bandeira do desaparelhamento estatal, sendo assim iniciada a abertura aos investimentos privados no setor educativo.

   Paralelamente a isto, adentrando os anos 2000, Cristovam Buarque, interpreta a tendência ao crescimento da Universidade Privada como uma mudança do perfil da universidade brasileira, que passou de entidade pública a entidade preponderantemente privada. Houve um surpreendente crescimento do setor privado e uma inesperada interiorização da universidade estatal, voltada, na sua luta pela sobrevivência, para a defesa dos próprios interesses. A universidade privatizou-se de duas formas: a predominância das instituições privadas no número total de alunos e a perda de um projeto social nacional por parte das universidades públicas (BUARQUE, 2003. p. 41)

 

5.1 O Impacto das Fusões em Sistemas de Ensino

 

   Hoje a realidade das fusões de empresas de diversos setores como aviação, alimentos, automobilística, entre outras chegaram ao setor educacional. Renato Silva em sua obra Balanced Score Card –BSC: Gestão de ensino superior, gestão profissionalizada e qualidade de ensino para instituições de ensino privado, explica que:

 

Como em todo processo de transformação, o setor educacional vem atraindo um número crescente de novos interessados que passam a disputar o “mercado” educacional com as instituições tradicionais. Estas, por sua vez, vêem-se forçadas a rever suas missões, as práticas e métodos até então utilizados, como medida indispensável para que possam continuar no mercado. O resultado econômico de uma IES é apenas conseqüência da adoção de atitudes acertadas. A verdadeira causa é ter sabido criar e manter uma organização centrada em uma missão bem articulada (Silva, Renato, 2009. pg.49, grifo do autor)

 

A dinâmica da fusão pode ser observada como no caso da fusão do grupo Iuni com a Kroton Educaional:

 

A aquisição do Iuni levou aproximadamente seis meses para ser concluída e envolveu um total R$ 422 milhões, sendo que R$ 192 milhões pagos em dinheiro, além de uma participação de 6,31% do capital da Kroton transferidas ao fundador do Iuni, Altamiro Galindo. Além disso, a instituição de ensino mineira assumiu uma dívida de R$ 150 milhões contraída pela empresa.[2]

 

   Este superaquecimento do setor educacional privado teve por base um amplo investimento de financiamentos públicos e não públicos, que historicamente foram criticados por alguns setores da sociedade como disseminadores de uma política neoliberal em ascensão no país a partir da década de 90. Dentre estes investimentos na iniciativa privada do setor educacional destacam-se o financiamento público direto e indireto, a isenção de impostos e da contribuição previdenciária e do salário educação, a concessão de subvenções, bolsas de estudo, empréstimos subsidiados, crédito educativo, Fies – Financiamento Estudantil, que tem sido realizado ao longo das últimas décadas (NEVES, 2009, p. 175)

6. EVOLUÇÃO DE IES NO BRASIL E NO MUNDO

   Segundo dados do Censo da Educação Superior, 2010, no Brasil existiam 2.377 IES, sendo 278 (11,7%) públicas e 2.099 (88,3%) privadas, 6,4 milhões de matrículas, sendo 1,6 milhões (25,8%) em públicas e 4,7 milhões (74,2%) em privadas.

Figura 2. Fonte: http://painel.mec.gov.br/painel.php?modulo=principal/detalhamentoIndicador&acao=A&detalhes=pais&indid=127 Acesso em 30 jan, 2013.

 

   A distribuição entre administração das IES em 2010 ficou definida pelo percentual de maior do que a metade do número de instituições privadas, conforme revela a figura abaixo, em apresentação realizada em junho de 2012 o então Ministro da Educação Aloízio Mercadante, divulgou dados atrelados ao Censo da Educação Superior, 2010.

Figura 3 . Percentual de Matriculas. Fonte: MEC, 2013.

   Segundo Andreas Schleider diretor da divisão de educação da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), numa economia global, o marco para o sucesso educacional não é mais apenas a melhora dos padrões nacionais. É necessário progredir tendo em vista o desempenho de outros países.

 

6.1 Evolução do Financiamento Estudantil

   No século XVIII, encontramos as primeiras facetas, da geração de receitas para compor a remuneração do corpo docente e para a manutenção da infraestrutura da escola, como pode-se observar na Grã Bretanha. SMITH, 2006, em seu artigo II, Livro V - Dos gastos com instituições voltados para a educação da juventude, defende que as instituições destinadas à educação da juventude podem gerar uma receita suficiente para cobrir os próprios gastos. A taxa ou o honorário que o estudante paga ao mestre constitui uma receita desta espécie. A obra de Smith em apreço não apresenta os aspectos da livre concorrência ou da especulação financeira sobre as instituições educacionais. Segundo o autor, formado em Oxford, em algumas universidades, o salário representa apenas uma parte, e frequentemente uma parte pequena da remuneração do professor; grande parte dela provém dos honorários ou taxas dos alunos. A recompensa do mestre-escola depende principalmente, em muitos casos – em alguns casos, depende exclusivamente -, das taxas ou honorários pagos pelos estudantes(SMITH, 2006, p. 964, 970).

   Em 2003, foi publicado o livro, A Universidade na Encruzilhada, que possui o mesmo título da conferência de abertura, feita pelo então Ministro Cristovam Buarque do MEC – Ministério da Educação. Esta ocasião possibilitou uma reunião com o então Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva: onde foi apresentada a “proposta de expansão e modernização do sistema público federal de ensino superior”. Os rumos que foram tomados naquela época puderam ser verificados nos anos. Não foi por acaso o título dado ao evento e à conferência de encruzilhada, uma vez que para a ideologia política do governo de oposição histórica à direita que se instalava a partir de então teria que pactuar, com o fantasma da privatização, ou seja, desestatizar o setor educacional superior, política esta da era FHC criticada e usada como bandeira nas eleições seguintes.

... Na verdade, o governo gostaria que todo o ensino superior fosse gratuito no Brasil, caso isso fosse financeiramente possível, uma vez que ele é de importância ainda mais essencial para o país do que para o aluno. Mas, atualmente, essa possibilidade ainda não existe. Até que ela venha a existir, contudo, o governo pretende, juntamente com a comunidade acadêmica, encontrar formas de financiamento alternativo para os alunos das universidades particulares e, também, de financiamento das atividades acadêmicas nas universidades públicas, tais como: aumentar o número dos alunos que recebem bolsas do governo para estudar nas universidades particulares, por meio do Programa de Apoio ao Estudante, lançado para ampliar o Fies e conceder bolsas sem necessidade de pagamento financeiro; regularizar as fontes alternativas de financiamento das universidades públicas, pela total transparência de sua administração e a aplicação de processos decisórios democráticos e autônomos; considerar a possibilidade de transformar os alunos das universidades particulares em co-proprietários dos estabelecimentos em que estudam.(BUARQUE, 2003, p.54)

 

   Os dados do Censo 2011 indicavam mais de 1 milhão de bolsas do Programa Universidade para Todos (ProUni) e em maio de 2012 haviam 219.540 alunos atendidos pelo Fundo de Finaciamento ao Estudante do Ensino Superior Privado (Fies), com juros de 3,4% ao ano e até 100% da mensalidade.

 

7. A DEMANDA PELA QUALIDADE NO ENSINO

   Anualmente o jornal Folha de São Paulo, publica uma pesquisa de ranqueamento entre as IES do país e o que pode se observar é que a antiga bipolaridade existente entre a qualidade do ensino nas universidades públicas e particulares se reduz a cada novo ano. Na edição de 2012, onde foram avaliados os quesitos qualidade da pesquisa, qualidade do ensino, avaliação do mercado e indicador de inovação, das 50 universidades que ficaram em último lugar do ranking de 190 pesquisadas, 16 delas - (32%) - são públicas, entre estaduais e federais, ou seja, o antigo abismo entre qualidade de ensino atualmente não e tão evidente (FOLHA, 2012).

   Por mais paradoxal que seja, segundo a interpretação e análise histórica do Inquérito feito por Smith, geralmente as matérias mais bem ensinadas são aquelas para cujo aprendizado não existem instituições públicas. Quanto aos três itens mais essenciais da formação literária – ler, escrever e contar -, ainda continua a ser mais comum adquiri-los nas escolas privadas do que nas públicas; e raramente ocorre que alguém deixe de adquiri-los no grau que se faz necessário. Já nas universidades, os jovens nem aprendem e nem sempre conseguem encontrar meios adequados de aprender as ciências que essas corporações têm por ofício ensinar. O motivo deste fato se reside em razão de a maior parte das universidades da Europa serem, em sua origem, corporações eclesiásticas, instituídas para a formação de clérigos. O que se ensinava na maior parte dessas universidades era conforme a finalidade de sua instituição: ou teologia ou algo que era meramente preparatório para a teologia. (SMITH, 2006, p. 969)

7.1 Indicadores de Ensino e Qualidade

   Coube à União através de legislação geral e específica a função de avaliação das IES, que através da Constituição Federal de 1988 (CF 88), da Lei nº 9.394 de 20/12/1996, de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), do Decreto nº 2.306 de 19/8/1977, que Regulamenta o Sistema Federal de. Ensino, o Decreto nº 3.860, de 9/7/2001, que Dispõe sobre a Organização do Ensino Superior, a Avaliação de Cursos e Instituições, a Lei Nº 9131/ 95 que regulamenta o Conselho Nacional de Educação (CNE), formaram a base legal da autorização, credenciamento, reconhecimento, supervisão e avaliação de cursos destas instituições, o que passaria a requerer rigorosamente das organizações a necessidade de competência administrativa e gerencial. Além disto, os subsídios repassados pelo Governo estão vinculados aos resultados dos chamados indicadores de ensino, sendo que a má gestão ou a ingerência podem inviabilizar completamente a prestação do serviço educacional de uma determinada empresa, podendo incidir sobre as mesmas a ameaça da suspensão do reconhecimento, desativação de cursos, suspensão de autonomia, intervenção e descredenciamento.

   Para a aferição destes indicadores foram criadas órgãos administrativos ligados ao MEC que historicamente passaram a realizar o (“Provão”), evoluindo para o Exame do ENADE, sob a responsabilidade do Inep.

7.2 O papel das Entidades e Associações de Empresas Educacionais

   Em resposta às peculiaridades e especificidades do processo de incorporação, gestão, administração, fatores jurídicos e legais, posicionamento no mercado das instituições de ensino privadas surgiram dezenas de entidades corporativas a partir da década de 80, como a (ABM) - Associação Brasileira de Mantenedoras, (Abmes) - Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior, (Anped) – Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação, (Anaceu) – Associação Nacional de Centros Universitários, (Anafi) – Associação de Faculdades e Institutos Superiores, (Anup) – Associação Nacional de Universidades Particulares, (Fenen) – Federação Nacional de Estabelecimentos Privados de Ensino, entre outras. A despeito da opinião de grupos contrários à ação destas entidades, que do seu ponto de vista erigiram-se para praticar o lobby, estas associações possuem com meta promover parcerias entre diversas IES e disponibilizam aos associados Indicadores Educacionais, software de Market intelligence referente ao mercado educacional brasileiro com informações acadêmicas, de mercado, gestão do setor educacional, simuladores, ferramentas de ranqueamento, além de dados sobre a evolução anual de matrículas, número de ingressantes, número de vagas, candidatos e concluintes de outras instituições de ensino, população por faixa etária, renda das regiões do país, evolução dos concluintes do Ensino Médio em todos os municípios do país, participação no Mercado (Market share) de outras instituições de ensino, participação nas Vendas (Sale share) - ou participação no número de ingressantes de todos os cursos de outras IES , valores de mensalidades de cursos superiores, dados do Enade, dados do CPC – Conceito Preliminar de Curso e IGC – Índice Geral de Cursos, perfil socioeconômico do estudante , simuladores de CPC e IGC, ranqueamentos diversosindicadores compostos como ENADE x Market Share; CPC x Sale Share;  crescimento de matrículas x valor de mensalidade; perfil do estudante x desempenho acadêmico (ENADE), etc.[3] Destacam-se nestas entidades outras iniciativas que vão desde realização de congressos, encontro, conferências, cursos, consultoria jurídica, administrativa até aplicação de técnicas de gestão como coaching, outplacement, planejamento estratégico para as IES particulares, demonstrando a sedimentação de um grande nicho de mercado que se amplia rapidamente devido a demanda por uma série de serviços educacionais, dentro os quais o superior.

8. Serviços de Ensino de Ambiente Virtual

   O caminho a ser seguido consistirá, basicamente, na criação de diversos sistemas de educação permanente e a distância, para todos os alunos formados pela universidade (BUARQUE, 2003, p.52)

   A dinâmica da produção de serviços para este caso baseia-se na entrada e saída de informações, a saber, o conteúdo a ser ministrado através das disciplinas vinculadas aos planos pedagógicos de curso por intermédio da equipe docente a qual cabe a ministração através da metodologia de ensino mais apropriada para alcançar o objetivo final que é a formação educacional/profissional, bem como a reposta dos alunos às demandas levantadas, as quais no final do processo serão avaliadas. Passamos a entender então a gestão deste fornecimento de serviços como responsabilidade da empresa que em suas premissas deve possuir eficiência, qualidade, aplicabilidade de forma a garantir a satisfação do aluno-cliente baseado em aspectos de excelência. Uma das metodologias de ensino alternativas que surgiram face às tradicionais são as ferramentas do e-learning que têm sido amplamente utilizadas nas instituições de ensino da atualidade, no entanto verificam-se certos problemas estruturais que impactam no processo de ensino como um todo. Com base nas informações levantadas se observa claramente as vantagens e desvantagens da implantação do sistema híbrido de ensino por meio do ensino digital.

   Para este tipo de questão Takaoka e Carvalho Neto (2008, p.7), afirmam que é necessária uma visão sistêmica para a implantação de ambientes virtuais de aprendizagem:

 

Como aponta a abordagem sistêmica, a análise de todos os componentes individuais do sistema e suas interações deve ser considerada para se avaliar o sucesso do sistema como um todo. Desta forma, ao se implantar um sistema de aprendizagem computacional, deve-se levar em conta não apenas os componentes tecnológicos relativos à infra-estrutura, mas também as outras duas dimensões presentes em sistemas de informação, a dimensão humana e a dimensão organizacional.

 

A prova destas mudanças torna-se clarividentes através dos novos modelos de prestação de serviços de ensino, como por exemplo, a operacionalização dos serviços educacionais criados a partir da plataforma dos sistemas digitais, que a priori, forneceriam a ampliação da escala de atendimento ao público interessado. Afirmam Takaoka e Carvalho Neto que (2008, p.7):

 

O novo conceito é o de Cursos Combinados ou Híbridos (Blended or Hybrid Courses), que estabelece um novo processo de ensino baseado na internet. Tudo que está disponível no ensino presencial também estará disponível online.

 

Todos estes eventos combinados ou isoladamente podem ser interpretados através de aspectos positivos ou negativos. De modo mais específico, Takaoka e Carvalho Neto apud Hirschheim (2005), Hiltz e Turoff (2002) e Zhang et al (2005), demonstram através do quadro as vantagens e desvantagens do ensino on-line:

                                                  Vantagens                                                     Desvantagens

  • Conveniência e flexibilidade
  • Grande motivação para o trabalho
  • Melhor entendimento do material do curso
  • Maior e melhor aprendizado
  • Melhor qualidade na educação
  • Melhor acesso ao professor
  • Maior comunicação entre os
  • Maior participação ativa na
  • Imediato e extenso feedback
  • Altos índices de frustração
  • Problemas técnicos e logísticos
  • Falta de interação com o instrutor
  • Dificuldade no desenvolvimento de amizade entre os alunos
  • Ocorrência maior de falta de atenção
  • Falta de feedback
  • Confusão sobre as exigências das aulas
  • Excesso de mensagens e discussões on-line
  • Alguns cursos não são tão apropriados para estarem on-line
  • Tempo necessário para preparar e manter os cursos
  • Dificuldade em motivar os alunos
  • Crescentes demandas dos alunos associados a aula on-line
  • Propriedade intelectual
  • Conflito entre qualidade x custos para curso on-line

Tabela 1. Fonte: Zhang et al (2005); Hiltz e Turoff (2005); Hirschheim (2005)

 

Zelic apud Freire,  fala sobre o ensino à distância. Para ele, não há diferença entre esse modo de educação e o presencial, “porque o principal é o objetivo a ser percorrido, já o método que é utilizado para isso tanto em um espaço como no outro não é o mais importante”,

   Para se evitar os impactos negativos da implantação deste sistema de ensino as questões entrega e prestação de serviços podem ser bem analisadas sob a ótica da EP – Engenharia de Produção, utilizando ferramentas de Lean Production – Produção Enxuta aplicadas às áreas de infra-estrutura computacional e de rede garantindo o acesso dos alunos-clientes - pontos de acesso suficientes ao atendimento de toda a rede de alunos - bem como fornecer o suporte adequado a estes estudantes uma vez que boa parte dos mesmos, não estão familiarizados com o ambiente virtual. Há que se analisar também o suporte de rede de comunicação através de servidores que comportem as demandas exigidas do grande número de perfis de usuários conectados ao sistema, tendo uma arquitetura apropriada para o desenvolvimento das atividades propostas pelo ensino digital, bem como de suas demandas. Atualmente existe um problema de difícil solução que é a capacidade e compatibilidade do equipamento utilizado pelos estudantes em ambiente externo às instalações da IES. Na maioria das vezes os terminais dos alunos não comportam o navegador exigido pelo site da instituição, ou muitos dos programas utilizados em computadores pessoais estão defasados em relação aos softwares utilizados pelos sites da instituição. Dentre as desvantagens citadas acima muitas delas estão ligadas diretamente a questão de ausência dos princípios de EP que nos levam a conclusão de que estes aspectos não foram considerados ou mensurados adequamente nos processos de transição e mudança de modelo educacional no momento da fusão.

9. RESULTADOS/CONCLUSÃO

   Com base neste panorama a aplicação das operações enxutas devem garantir um fluxo sincronizado, contínuo, sem estoque, com tempo de atravessamento rápido e ciclo de operações reduzido.para que a qualidade na prestação de serviços no ensino superior seja vantajosos neste novo modelo de Gestão Educacional de Nível Superior. Procura-se também que os estágios produtivos dentro de uma IES tenham independência. Para isto o sistema enxuto deve mover-se na direção de eliminar desperdícios de modo a desenvolver uma operação que é mais rápida, mais confiável, produzindo produtos e serviços de mais alta qualidade e acima de tudo com baixo custo para este tipo de negócio.

   No caso das aplicações junto ao setor educacional, os sistemas Lean possuem uma capacidade bastante abrangente para operar organizações com foco na eliminação de resíduos internos do processo. (Doman, 2011, p. 249 apud Balzer, 2010, p. 321) Apesar de estar ligada originalmente à fabricação enxuta pode ser aplicada com excelente sucesso no ensino superior. Em um determinado estudo de caso com estudantes desenvolveram-se algumas técnicas do sistema enxuto aplicado à área administrativa de uma instituição de ensino superior incluindo ferramentas como, kaizen, identificação de atividades que agregam ou não valor, mapeamento do fluxo de valor, 5S, raiz de causas, entre outras. (Doman, 2011, p. 251). 

   Outro estudo analisado que pode ser aplicado ao ambiente da administração acadêmica escolar de nível superior consistiu na aplicação de técnicas Lean na melhoria da capacidade de produção e desenvolvimento de softwares onde especificamente se aplicaram os princípios da melhoria contínua através do monitoramento do WIP ou tempo de atravessamento, para redução do Lead Time do processo em questão, que consiste, segundo a Lei de Little (George, 2004, p. 42) no quociente entre a quantidade de trabalho em processo e o índice médio de conclusão. (Middleton, P. e Joyce, D. 2010, p. 11).

10. REFERÊNCIAS 

BUARQUE, Cristovam. A Universidade na Encruzilhada UNESCO 2003 Edição brasileira pelo Escritório da UNESCO no Brasil, Education Sector, Division of Higher Education. Edições UNESCO BRASIL

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática docente. 35. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2007. (Coleção Leitura).

SMITH, Adam. Inquérito sobre a natureza e as causas da riqueza das Nações Volume I Tradução: Teodora Cardoso e Luís Cristóvão de Aguiar. 5a ed. Lisboa : Fundação Calouste Gulbenkian,. 2006

WEBER, Max A ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. Tradução: Pietro Nassetti.Coleção A Obra Prima de Cada Autor – 6ª Reimpressão. São Paulo: Martin Claret, 2009.

NEVES, L. M. W, (Organizadora); Vários Autores. O empresariamento da educação: novos contornos do ensino superior no Brasil dos anos de 1990; prefácio de Roberto Leher. – São Paulo: Xamã, 2002.

HARVEY, David.  A condição pós-moderna.  São Paulo: Loyola, 1998.

LIMA, Francisco Gérson Marques. O Professor no Direito Brasileiro. 1 . Ed. São Paulo, 2008.

SOBRINHO, Wanderley Preite. Primeira faculdade do Brasil completa 200 anos. Folha de S.Paulo, São Paulo, 18 fev, 2008. Disponível em:. Acesso em 30/01/2013.

PARDAL, P & LEIZER, L, 1996, O Berço da Engenharia Brasileira. Revista de Ensino de Engenharia, n 16, (dez), pp 37-40.

TELLES, P C S, 199’4, História da Engenharia no Brasil: Século XX. 2 Ed. Rio de Janeiro, Clavero

BRASIL.Câmara dos DeputadosPlano Nacional de Educação. Projeto de Lei. Brasília, 1999, mimeo.

BELLUZO, Luiz Gonzaga. Jornal Valor Econômico.  São Paulo, 16-18 fev. 2001, 1. Caderno, p.A13.

CARDOSO, Fernando Henrique, Mãos à obra Brasil: proposta de governo  Fernando Henrique Cardoso. Brasília: [s.n.], 1994.

ÁVILA, Fernando Bastos de. Pequena enciclopédia de mural e civismo. Rio de Janeiro : MEC, 1967. p. 496. Verbete universidade.

SAURIN, T. A., RIBEIRO, J. L. D., MARODIN,G. A. Identificação de oportunidades de pesquisa a partir de um levantamento da implantação da procução enxuta em empresas do Brasil e do exterior – Gest. Prod., São Carlos, v. 17, n. 4, p. 829-841, 2010

DOMAN, M. S. "A new lean paradigm in higher education: a case study", Quality Assurance in Education, Vol. 19 Iss: 3 pp. 248 – 262

MIDLLETON, P., & JOYCE, D. (2012). Lean Software Management: BBC Worldwide Case Study. IEEE Transactions on Engineering Management, 59(1), 20–32. 

SITES

[1]http://www.hojeemdia.com.br/cmlink/hoje-em-dia/noticias/economia-e-egocios/rede-defaculdades-reduz-custos-para-comprar-grupo-iuni-1.119431 Acesso em: 08/06/2011.

[2]http://www.indicadoreseducacionais.com.br/Site/abmes.aspx Acesso em: 29/01/2013.

[3] portal.mec.gov.br/index.php%3Foption%3Dcom_docman%26task%3Ddoc_downl (Brasil/Mec/Inep, 2000a)

[4]http://ruf.folha.uol.com.br/rankings/rankingdeuniversidades/ Acesso em: 04/02/2013..

[5]http://portal.aprendiz.uol.com.br/2011/09/19/puc-disponibilizara-videos-de-paulo-freire-para-consulta/ Acesso em: 04/02/2013.

 

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Volume/Edição

Autores

  • LEAL, Hermom Moreira; SAURIN, Tarcísio Abreu

Páginas

  • a

Áreas do conhecimento

  • Nenhuma cadastrada

Palavras chave

  • Educação Superior, Gestão Educacional, Ensino Superior Privado, Lean Production, Gestão de Ensino

Dados da publicação

  • Data: 14/06/2015
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