28/11/2016

FUTEBOL AMADOR, UMA PRÁTICA DE LAZER OU CAMPO DE LESÕES

RESUMO

 

O presente artigo de revisão teórica teve como foco o futebol amador e seus níveis de incidência de lesões. O objetivo desse artigo foi analisar a relação entre a prática amadora do futebol e as lesões decorrentes dessa prática sem a devida preparação física, considerando o número expressivo de praticantes amadores dessa modalidade, uma vez que o futebol é parte integrante da formação cultural brasileira. Em relação aos aspectos metodológicos, foram verificadas as bases científicas de dados, como Scielo, Lilacs e Google Acadêmico numa delimitação temporal de 1996 a 2015. A partir dos levantamentos realizados foi possível identificar que há um expressivo número de lesões, especialmente lesões de entorses, contusões, distensões, luxações, fraturas, lesões de ligamentos e tendinites. Desse modo, torna-se fundamental a preparação física com fortalecimento dos músculos desses praticantes para que possam continuar com sua prática recreativa de forma saudável e segura.

Palavras-chave: Futebol amador; lesões, futebol recreativo.

ABSTRACT

The present article of theoretical revision focused on amateur soccer and its incidence levels of injuries. The objective of this article was to analyze the relationship between the amateur practice of football and the injuries resulting from this practice without proper physical preparation, considering the expressive number of amateur practitioners of this sport, since football is an integral part of the Brazilian cultural formation. Regarding the methodological aspects, the scientific data bases, such as Scielo, Lilacs and Google Scholar, were verified in a temporal delimitation from 1996 to 2015. From the surveys it was possible to identify that there is an expressive number of lesions, especially sprains, Contusions, strains, dislocations, fractures, ligament injuries and tendonitis. In this way, the physical preparation with the strengthening of the muscles of these practitioners becomes fundamental so that they can continue with their recreational practice in a healthy and safe way.

Keywords:  Amateur football; injuries, recreational soccer.

INTRODUÇÃO

Por se tratar de uma “paixão nacional” e em função da Copa do Mundo de Futebol e os Jogos Olímpicos terem acontecidos no Brasil, percebe-se um aumento do número de praticantes amadores do esporte com base em uma pesquisa feita pelo Ministério da Saúde. Nesse sentido, podemos distinguir os praticantes entre os apaixonados pelo esporte, que o praticam apenas nos finais de semana, os ditos amadores , e que, na maioria das vezes, não apresentam habilidades para um bom desempenho nos gramados ou nos espaços onde pode acontecer uma “pelada”.
O que há de se considerar, neste caso, são os altos índices de lesões, já que o praticante realiza movimentos naturais, gestos específicos de acordo com as jogadas, além do amplo contato físico, movimentos rápidos, curtos e não contínuos, juntamente a aceleração e desaceleração, alteração de direção e saltos. Não têm e talvez não se importam, por desconhecimento, de um preparo físico diário, adequado, e, assim, quando resolvem praticar o futebol, nos finais de semana, muitas vezes o fazem acompanhado por bebidas alcoólicas, cigarro, falta de treinos. Por falta de orientação e cuidados, presenciamos lesões severas.
Considerando a grande quantidade de pessoas que fazem pratica de futebol aos finais de semana como lazer e a incidência de lesões com essa pratica, esta revisão de literatura procura verificar as estratégias que podem ser utilizadas para diminuir a incidência de lesões em praticantes de futebol de final de semana.

 

FUTEBOL PAIXÃO NACIONAL E CULTURA BRASILEIRA

 

O futebol foi e continua sendo um elemento importante da cultura brasileira. Enquanto fenômeno social, sempre esteve em consonância com a forma que a sociedade se organiza, assim como outros elementos da cultura popular, como o carnaval, arte, religião, música dentre outros. Sendo assim, o futebol expressa a própria paixão que a sociedade brasileira em sua forma de manifestação cultural construída historicamente. Mostra pelo futebol brasileiro visto como uma prática social, também se constitui num meio pelo qual os indivíduos expressam determinados sentimentos.

Para Daólio (1997, p.122).

O fato de torcer por um time mesmo quando esse não ganha títulos durante muitos anos podem ser vividos como um teste de fidelidade. Suportar as gozações de torcedores contrários após uma derrota põe à prova a paixão pelo time, mesmos nos momentos difíceis. Vencer um jogo contra um time tecnicamente mais forte reaviva a crença em um ser superior que realiza milagres.

Estabelecer uma relação de oposição entre esporte/sociedade, futebol/sociedade, seria colocar o futebol como se ele estivesse em oposição à sociedade, militando contra a Sociedade brasileira. O futebol seria uma atividade não tão séria, sem a mesma importância que se estabelece, por exemplo, entre a economia e a sociedade. Ele funcionaria no sentido de desviar a atenção das pessoas das coisas mais sérias, como a economia e a política. No caso, o seu papel é desviar a atenção e mistificar o povo. Ou seja, só quem sabe o real papel do futebol na sociedade brasileira é a camada dominante (que o utiliza como ópio das massas) e os críticos da sociedade. Amassa permanece na escuridão de sua idiotice crônica, incapaz de perceber seu sistemático engano (DA MATTA, 1982, p 21).
O futebol tem-se identificado com a cultura brasileira, principalmente no que se refere à subjetividade de suas relações, ao que acontece dentro de um campo de futebol, como as transgressões das regras estabelecidas, da ordem e da desordem, da aproximação que o futebol faz dos torcedores com a realidade festiva do prazer e do lazer, que representam momentos de paixão e de alegria. A identificação do povo com futebol só acontece porque ele consegue apresentar essas características, a identidade.
Segundo Soares (1994, p 7), não se constrói no desemprego ou subemprego, na desqualificação educacional, ou noutros setores, de que, bem sabemos, não podemos nos orgulhar.
O futebol circula de uma forma muito estreita entre a lei e a transgressão vista como uma possibilidade que se diferencia da rotina diária de grande parte da população, cria uma contradição entre o formal e não formal.

A construção do tipo ideal de malandro, sobretudo nos discursos, traduz um tipo de existência contraditória no indivíduo que oscila entre a ordem e a desordem, entre a lei e a transgressão. Essa existência contraditória generalizou-se para diferentes esferas da atuação social, inclusive para o futebol, e se modificou em paralelo às transformações sociais. A aproximação entre futebol e malandragem é explicada com facilidade, na medida em que as classes populares se apropriaram do futebol; o samba de origem negro-proletária teve na malandragem o seu motor temático nos anos de 1930 e 1950, logo o futebol, samba e malandragem constituem a matriz cultural das classes populares no Brasil. (SOARES, 1994, p 8).

Dessa forma, o futebol seria um legítimo representante da cultura brasileira, com a malandragem que fica transparecida em sua subjetividade, nas suas entrelinhas. Esse esporte pode expor de maneira significativa a forma de relação que se estabelece no seio da sociedade.
Nenhum outro esporte mobiliza os brasileiros tanto quanto o futebol, já oficializado como paixão nacional. Que atire a primeira pedra, quem não gosta de assistir a um jogo, sentir a emoção de um gol, zoar o adversário pela derrota. Enfim, não dá pra negar, somos todos fanáticos por futebol.
Considerado mais do que um esporte, um estilo de vida, uma forma de interagir com a sociedade brasileira. Independentemente de classe social, raça ou qualquer outra diferença, durante uma partida da Seleção Brasileira, todos nós brasileiros somos apenas torcedores, com um único objetivo: vencer e levar o nome do Brasil a todas as pessoas do mundo. E vestir a camisa, o uniforme de um time representa bem mais que a diferenciação com o adversário.
Cada camisa carrega uma história e tradição próprias. Para cada time, um uniforme. Com modelos, cores, layout, distintivos e patrocinadores diferenciados de acordo com o gosto e necessidade dos jogadores.

 

FUTEBOL ENQUANTO PRÁTICA DE LAZER

 

No Brasil não há muitas escolhas de lazer, Sendo assim a forma mais fácil de descontrair é o famoso futebol, sendo assistindo pela televisão, torcendo na arquibancada, ou praticando como forma lúdica e prazerosa com a finalidade de lazer com seus amigos e familiares. Para Salles (1998, p. 53).

Para o brasileiro o futebol é referencial de lazer, seja na possibilidade de prática ou como torcedor. Para o autor o futebol conquistou o referencial de lazer – espetáculo como espaço aceitável para liberação das tensões que no seu mundo real não é permitido.

A busca pela beleza entre outras, assistir a uma partida de futebol tem o status de espetáculo, uma possibilidade de lazer. Dessa forma, para se entender o futebol como possibilidade de manifestação do lazer, é importante fazer alusão a algumas concepções de lazer que nos auxiliem a estabelecer conexões entre esse e o futebol.
A definição de lazer para o sociólogo Dumazedier é ainda muito utilizada por diferentes áreas, principalmente aquelas relacionadas às ciências humanas. Para o autor lazer representa:

Um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar-se de livre vontade, seja para repousar, seja para divertir-se, recrear-se e entreter-se ou, ainda, para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação social voluntária ou sua livre capacidade criadora após livrar-se ou desembaraçar-se das obrigações profissionais, familiares e sociais (DUMAZEDIER, 2004, p. 34).

Tal definição, porém, é alvo de algumas críticas de outros autores do campo do lazer. Faleiros (1980, p. 51) “afirma que o autor, através de suas proposições, prioriza a discussão acerca dos desdobramentos do que acredita consistir o lazer, em detrimento da busca por um entendimento da dinâmica social, que possibilita a vivência das atividades relacionadas ao mesmo”.
Desta forma, o lazer seria uma lacuna a ser preenchida por algumas atividades sociais. Além disso, com as atuais modificações nas relações entre os indivíduos e entre estes e a sociedade.
Outra crítica, ressaltada por Gomes (2008, p. 1) ao mesmo autor, refere-se, nesta medida, ao fato do entendimento do lazer em contraposição às necessidades e obrigações sociais, principalmente ao trabalho.
Tal condição iria ao encontro de uma delimitação de fronteiras entre os últimos, o que poderia remeter a uma ideia de sociedade e de atividades desconectadas entre si, o que vai à contramão do que especialistas e pesquisadores do campo vem relatando, principalmente com o crescimento dos fluxos transnacionais e da globalização.
Nesse ponto, devemos ressaltar que o futebol também sofreu diversas modificações desde sua profissionalização no Brasil, em 1933, tanto no âmbito de suas regras quanto em aspectos relacionados à sua prática (como torcedor ou como jogador), pois, como fenômeno sociocultural, também é produto da transformação dos indivíduos e das sociedades ao longo do tempo.
Gomes (2004, p. 124) relata que, no Brasil, no final dos anos 80, o lazer sofreu um redimensionamento, deixando de ser considerado um simples conjunto de atividades e aproximando-se mais de um viés cultural.
Nessa perspectiva, a autora enfatiza a importância da cultura, como uma área de produção humana que inclui diferentes dimensões e expectativas. O Lazer neste sentido consistiria em um espaço para a fruição de várias manifestações culturais.
A autora, então, nos apresenta uma definição orientada pelas práticas culturais.

O Lazer compreende, dessa maneira, a vivência de inúmeras práticas culturais, como o jogo, a brincadeira, a festa, o passeio, a viagem, o esporte e também as formas de arte, dentre várias outras possibilidades. Inclui, ainda, o ócio, uma vez que esta e outras manifestações culturais podem constituir, em nosso meio social, notáveis experiências de lazer (GOMES, 2004, p. 125).

Tal definição é importante na tentativa de se estabelecer relações entre o futebol enquanto possibilidade de lazer, na medida em que esse é considerado um esporte, e como tal se institui como uma manifestação cultural que pode possibilitar diversas experiências de lazer.

 

FUTEBOL AMADOR E SUAS LESÕES

 

Falar de futebol e não falar de seus riscos ou suas lesões é o mesmo que falar sobre o futebol americano e não pensar nos impactos, é uma comparação exagerada, porém é para dar ênfase que o risco existe e está presente a todo momento, com um alto risco de lesão, ainda mais sendo um dos esportes mais conhecidos do mundo e também um do mais praticados.
De acordo com Silva et al (2005, p. 7)

O futebol de salão (futsal) é um esporte em ascensão mundial, atraindo cada vez mais adeptos. Devido à facilidade de encontrar espaços para sua prática, o que não é muito frequente com relação ao futebol de campo, ele é um dos esportes mais difundidos no Brasil, sendo jogado por mais de 12 milhões de brasileiros, segundo dados da Confederação Brasileira de Futebol de Salão.

Por ser um esporte de paixão e um dos mais jogados do mundo como vimos acima, existem muito mais jogadores amadores do que profissionais e a grande preocupação são com “atletas” que não possui uma supervisão de toda uma equipe técnica onde vamos encontrar um personal trainer, nutricionista, massagista, psicólogo, treinador, equipe técnica, entre outras pessoas que trabalham para melhorar seu desempenho. Porém as nossas preocupações são com os amadores.
O amador joga de duas a três vezes por semana no máximo, e no resto dos dias a grande maioria não faz absolutamente nenhum outro esporte ou prática esportiva (tirando algumas exceções), e usa a paixão pelo futebol para dar aquela descontraída com os amigos tornando um grande ponto de encontro e muitas risadas, visto por muitos como um refúgio de alguma situação ou simplesmente um tempo sem cobranças e com risada churrasco e amigos.

O agente causal desse tipo de lesão é sempre um movimento forte de rápida contração ou um movimento exagerado contra uma grande resistência, acarretando numa ruptura de fibras musculares, especialmente na junção músculo -tendão, no tendão ou na inserção óssea de uma unidade músculo tunídea (FERNANDES, 1994, p. 5).
 

Saindo de sua rotina monótona e sedentária para uma mudança drástica quebrando totalmente a homeostase do cotidiano, e por cerca de uma hora e meia (que é a duração dos jogos mais ou menos), exigindo uma sequencias de movimentos naturais e também os específicos dependendo da solicitação da jogada por exemplo aquele passe mal feito onde o jogador se estica ao máximo para pegar e ainda briga com o parceiro pelo toque mal feito, ou aquele pulo pra cabecear com a queda de mal jeito pois não alcançou a bola, contando também com um grande contato físico naquelas disputas de bola dos magrelos disputando com os mais fortinhos, defesas e ataques,  movimentos muito rápidos de aceleração, desaceleração, rotação, fintas e saltos, exigindo um preparo físico e um grande esforço e assim acabam tencionando e sobrecarregando os joelhos, com tudo com diversão e competição entre amigos que pode acontecer incidentes, entre outros exemplos que temos da diversão podendo virar uma séria lesão.

Devido às lesões musculares nos esportistas ser um tema bastante incidente e atualizado, o registro sobre a ocorrência de lesões desportivas no Brasil, mesmo no esporte de alto rendimento, ainda é restrito e não padronizado. Apesar dos esforços dos pesquisadores, há dificuldade no acesso às informações sobre os atletas e suas lesões, o que resulta num descontrole sobre a real situação de instalação de agravos à saúde dos envolvidos com o esporte (CHALMERS, 2009, p. 8).

Outro fator importante é que não possui e talvez não se importam, por não conhecer a importância de um preparo físico diário, adequado, e, assim, quando resolvem praticar o futebol, nos finais de semana, muitas vezes o acompanhado por bebidas alcoólicas a famosa “gelada” de todo fim de partida, cigarro de todos os tipos, e a grande falta de treinos. Isso tudo acontece involuntariamente sem perceber e também por falta de orientação e falta de busca de conhecimentos e cuidados básicos, e assim presenciamos lesões severas.

A ocorrência de lesões desportivas, possivelmente, são resultado de exercícios realizados de maneira extenuante e, ainda, inadvertida ou inapropriada, sendo subestimadas a prevalência e incidência destes episódios devido à ausência de notificação em todo o universo esportivo, seja na iniciação das modalidades ou em altos níveis de performance (PASTRE, 2004, p. 47).

Existe algumas lesões desportivas e ocorrem a todo momento, já no futebol e muito frequente vermos lesões de diversos tipos porem com gravidades serias como afirma o autor Vieira (2001, p. 202).

Contusão: Lesão por trauma direto, com amassamento dos tecidos moles. Sua magnitude depende da força do impacto e do local acometido. Distensão: Alongamento tecidual excessivo, com deformidade plástica do local. Ocorre no ponto mais frágil da unidade musculo-tendinha no momento do trauma. Classificada segundo o nível de acometimento tecidual: leve moderada e grave. Tendinite: Alteração degenerativas cujas sequelas produzem reações inflamatórias agudas ou crônicas nos tecidos. Entorse: ato ou processo de torcer, girar ou rolar em torno de um eixo no qual são lesados os ligamentos e a membrana interóssea. Fratura: Perda de Continuidade de um osso (ruptura ou quebra) causada por trauma, avulsão ou tração de um ligamento. Luxação: Trauma grave que se da pela perda de contato entre a extremidade óssea e a superfície articular. Subluxação: Luxação incompleta ou parcial entre duas extremidades articulares-ósseas. Abrasão: Desgaste da pele por meio de algum processo mecânico inusitado ou anormal. Bolha: Vesícula cheia de serosidade ou pus, provocada por atrito ou pressão, na superfície da pele, palmar ou plantar. Calo: Hiperplasia localizada da camada córnea da epiderme em decorrência de pressçao ou atrito. É doloroso pela pressão.

Além de seus traumas e lesões que ocorrem no calor do jogo, há um fator de suma importância no que diz respeito ao desenvolvimento adequado de fatores táticos, e um dos mais importantes sem sombra de dúvidas é a nutrição do atleta mesmo que seja amador, pois a dieta de um atleta profissional é regrada em proteínas, carboidrato, sais minerais, etc. Pois ele tem a plena consciência que a dieta é muito importante para o desempenho e o suporte que os nutrientes têm no organismo no momento do jogo e principalmente na sua vida diária, quando a dieta é prescrita corretamente e seguida arisca, pode aperfeiçoar os depósitos de energia para a competição, o que pode ser o diferencial em atividades que exigem volume e intensidade.
No futebol amador eles até pode ter esse conhecimento que a dieta é muito importante, porém não seguem à risca essa recomendação por ser apenas um divertimento com os colegas nos finais de semana, nesse caso o problema se agrava, pois sem uma alimentação regrada, o organismo não oferece o suporte adequado para sofrerem impactos no ato do jogo, para reconstrução da musculatura no dia seguinte, pois o corpo fisiologicamente não está preparado para tal esforço e possivelmente acarretando lesões com mais facilidade se comparar com um atleta profissional. 
Outra situação que devemos levar em conta são os juízes, que em muitos casos não são profissionais da área, são apenas alguns amigos de amigos, isso quanto existe algum porque a maioria das vezes os juízes são os próprios jogadores, por esse esporte ser muito fácil e prático de jogar com suas regras facilmente alteradas sem mexer na estrutura básica do jogo, todos que jogam sabem as regras básicas e não profundamente, isso se torna um agravante maior, pois se não tem juiz a regra fica facilmente burlada onde acontece algumas lesões a mais por falta de um preparo técnico de um juiz conhecedor das regras.
Entendendo o risco que os amadores correm ao simples fato de jogar um futebol por brincadeira, com riscos de lesões, traumas irreversíveis e em casos extremos a morte súbita, vale a pena a preocupação e alguns cuidados simples e básicos.
Realmente não há um preparo pré-jogo e preparo pós-jogo no futebol amador aos finais de semana, por ser um divertimento com os amigos e familiares que quase sempre rola aquele "churrascão" no final do jogo como uma forma de cultivar a união e a amizade.
E no dia seguinte os praticantes voltam a sua rotina de trabalho em suas vidas cotidianas, em seus respectivos lugares de trabalho, ou seja, lá onde for, e não tem um treinamento regenerativo que os atletas profissionais tem no dia seguinte, sendo assim os jogadores amadores estão propensos a lesões, principalmente no joelho.

O futebol depende do desenvolvimento adequado de fatores táticos, técnicos, nutricionais, psicológicos e físicos, sendo a equipe dividida em: goleiros, zagueiros, laterais, meios campistas e atacantes, percorrendo diferentes distancias, com intensidade e movimentos diferenciados (PONTES et al., 2006, p. 201).

Por ser um esporte coletivo, onde o individuo deve realizar movimentos naturais, assim como gestos específicos de acordo com as jogadas, além do amplo contato físico entre os participantes, os movimentos rápidos, curtos e não contínuos, juntamente a aceleração e desaceleração, alteração de direção e saltos, há uma maior incidência de lesões articulares, especialmente no joelho é muito grande, principalmente as lesões de menisco e ligamento.
São os vastos medial, intermédio e lateral que dão suporte para o joelho ser resistente a grandes impactos, com essa musculatura treinada, as chances de ocorrer uma lesão são pequenas, porem entre os jogadores de futebol amador, não vemos uma preparação física adequada para tal esforço.

A agilidade dos acontecimentos e ações durante uma partida exige que o atleta esteja preparado para reagir aos mais diferentes estímulos, da maneira mais rápida e eficiente possível (CYRINO et al., 2002, p. 40).

Podemos compreender que os jogadores amadores não têm um preparo físico adequado para dar esse choque repentino na sua musculatura e acaba sofrendo uma das contusões ou traumas que já falamos, em muitos casos impossibilitando o jogador por muito tempo de voltar a praticar exercícios físicos no caso futebol, e com casos extremo que o impossibilita para o resto da vida fazer a atividade que tanto gosta.


ESTRATÉGIAS PREVENTIVAS PARA JOGADORES AMADORES DE FUTEBOL

 

Somente com o conhecimento das principais lesões decorrentes no futebol é que podemos definir a melhor estratégia de prevenção dessas lesões.
Como afirma Massada (2003 apud ALMEIDA, 2009, p. 9).

[...] só o conhecimento do número, tipo, gravidade e fatores determinantes das lesões traumáticas dos atletas nos permite a qualificação dos fatores de risco de cada modalidade desportiva e, assim, a introdução de programas de prevenção que se mostrem fundamentais para a saúde desses grupos populacionais [...].

Já conhecendo as lesões e seus graus de intensidade já temos uma base de qual treinamento aplicar ao praticante e qual a intensidade que será realizada. Algumas lesões que ocorrem durante a prática do futebol podem ter sua incidência reduzida através de exercícios apropriados e programas de condicionamento físico.

Existe forte relação dose-resposta entre o nível de aptidão física e seu efeito protetor, com risco de adquirir doença diminuindo à medida em que a atividade aumenta. Benefícios significativos para a saúde já podem ser obtidos com atividades de intensidade relativamente baixa, comuns no cotidiano, como andar, subir escadas, pedalar e dançar. Portanto, não somente os programas formais de exercícios físicos, mas também atividades informais que incrementem a atividade física, são interessantes. Ambas as possibilidades devem ser consideradas, na medida em que a soma delas permite mais facilmente atingir determinada quantidade de atividade física (CARVALHO et al, 1996, p. 79).

Não bastando apenas conhecer os tipos de lesões temos que ampliando o conhecimento indo ao campo onde será praticado o futebol.  Avaliar melhor o local que está sendo realizada a pratica sendo isso também uma medida preventiva para as lesões onde podemos ver objetos, buracos alguma coisa que possa prejudicar o desempenho do jogador amador, já que para Silva (1999, p. 25).

[...]20% a 25% delas são decorrentes das condições do campo onde é praticado o esporte. É importante então substituir toda área do terreno por um gramado, favorecendo ao aumento da estabilidade articular, através do travamento que a chuteira proporcionará no decorrer do jogo[...].

 Temos outro tipo para prevenção que seria o treinamento proprioceptivo que vem sendo utilizado na reabilitação como seu foco principal, porém hoje foi visto que é muito funcional e está sendo utilizado também na prevenção das lesões que ocorrem no futebol.

Os exercícios proprioceptivos são uma parte integral do processo de reabilitação e talvez seja prudente o uso clínico na prevenção de lesões desportivas, pois os estudos realizados comprovam que a prescrição destes exercícios melhora o senso de posição articular e evita que as lesões ocorram (DOVER et. al., 2003 apud BONETTI, 2007, p. 50).

Ainda segundo o autor, o trabalho de propriocepção “apontou uma diminuição no número de lesões nos grupos que foram submetidos ao treinamento, em relação ao grupo controle, nos mais variados esportes” (Bonetti, 2007, p. 48).
Já outro autor coloca além da propriocepção ele ainda coloca o condicionamento neuromuscular como um aliado muito eficaz, exercícios de condicionamento neuromuscular e treinamento proprioceptivo podem ser utilizados como meio para a prevenção de lesões desportivas.

O condicionamento neuromuscular tem como adaptações musculares o aumento da massa muscular, força muscular e resistência muscular, assim como o fortalecimento de ligamentos e tendões, e a sua importância se dá devido ao atleta conseguir resistir ao estimulo por mais tempo e de forma mais eficiente e gerar mais força muscular, além de suportar o contato físico com menor chance de lesão (Gentil et. al., 2007, p. 1082).

De acordo com Silva (1999, p. 30):

Estudou o efeito de dois métodos de treinamento neuromuscular na força muscular. O primeiro método consistia em realizar 3 séries de 12 repetições a uma intensidade de 70% com 2 minutos de descanso e o outro método sendo utilizadas duas intensidades diferentes de 50% e 70%, com a realização de 6 séries de 12 e 25 repetições de forma alternada com 30 a 60 segundos de descanso. Ambos os métodos aumentaram a força muscular, em 10% e 23% respectivamente, sugerindo uma maior proteção e estabilidade articular e muscular durante os treinos e jogos.

Vimos que o treinamento de força muscular é muito eficaz como forma de prevenção de lesões no futebol e consequentemente uma melhora na qualidade de vida, por se tratar de um esporte que exige muito do praticante, é de estrema importância que o praticante siga a orientação para um desenvolvimento muscular adequado para o esforça que a partida de futebol exige, e consequentemente uma partida sem muitas  incidências de lesões, para que a pratica do esporte seja prazerosa e sem muitos danos físicos.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Por ser parte da formação da cultura do brasileiro e um esporte mundialmente conhecido e um dos mais jogados do mundo, logicamente será o que causa um número assustador de lesões. Com alguns motivos citados como por exemplo a falta de preparo físico, a alimentação inadequada, o fato de jogar bola sem o devido a preparação física, entre outros fatores que contribui para o aumento cada vez maior de lesões no futebol amador. Com lesões em muitos casos graves e gravíssimas, onde o jogador se prejudica o resto da vida em algo que poderia ser evitado.
Sabemos que não dá para acabar com todas as lesões, porque isso seria impossível pois a variabilidade é imensa, a mudança de regra em jogos amadores e constante, e qualquer lugar que tiver uma bola tem futebol, pois existe várias ramificações dentro do futebol, podemos falar que todos já deu pelo menos um chute na bola em direção a um gol pelo menos uma vez na vida, seja na rua, no parque com seu filhos, amigos, em um campo, em quadra, em algum lugar o futebol amador foi presente diretamente na sua vida.
Por fim, O uso do treinamento proprioceptivo e neuromuscular se mostraram eficiente em diferentes estudos para a prevenção de lesões, devido a maior proteção articular e muscular dos membros inferiores, já o treinamento de força muscular se torna muito mais eficaz e eficiente como forma de prevenção de todas as lesões citadas, pois trabalha usando seus músculos como uma proteção para todo o seu corpo. Por ser um esporte no qual o atleta deve obedecer a diversos estímulos durante a sua execução, na qual fatores como força muscular, velocidade e resistência muscular devem ser bem treinados para que se tenha uma boa qualidade física e técnica dos atletas; no caso da musculação, ela é útil como auxílio importante para um melhor desempenho destas qualidades físicas, principalmente a força muscular e a velocidade. Como vimos todas as opções quando se trata de exercícios físicos são funcionais para prevenção de lesões no futebol, não importa qual será o escolhido e sim escolher algum e realizar uma frequência.


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Volume/Edição

Autores

  • SANTOS, Anderson Costa; SANTIAGO, Denis Vicente; PACHECO, Paulo Henrique de Castro Ribeiro; TEODORO, Odair Ricardo; MACEDO, Sérgio Dias. ARRUDA , Eduardo Okuhara (Orientador)

Páginas

  • a

Áreas do conhecimento

  • Nenhuma cadastrada

Palavras chave

  • Futebol amador; lesões, futebol recreativo.

Dados da publicação

  • Data: 28/11/2016
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