05/07/2018

AS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E ENSINO E A FORMAÇÃO DE SOLDADOS BOMBEIROS MILITARES

AS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E ENSINO E A FORMAÇÃO DE SOLDADOS BOMBEIROS MILITARES[1]

 

Augusto Albuquerque Moura[2]

 

RESUMO

 

Este artigo apresenta os resultados da observação realizada no curso de formação de soldados do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio Grande do Sul no Centro de Capacitação de Cruz Alta, sob o enfoque das Teorias de Aprendizagem. Para tanto, foram esclarecidas as funções Constitucionais dos Corpos de Bombeiros Militares e os princípios que as regem, uma vez que, os soldados em formação estão sendo formados para o desempenho destas missões, como também, foram apresentadas as principais pontos e os Teóricos Comportamentalistas, Cognitivistas e Humanistas mais relevantes, de maneira a possibilitar a identificação destas teorias na pratica educacional observada. Diante deste cenário observou-se a existência de regras rígidas comportamentais a serem seguidas no ensino militar, com fortes influências comportamentalistas, entretanto, dentro da sala de aula o comportamentalismo dá lugar a práticas com influencias preponderantemente cognitivistas e por vezes humanistas, porém, em determinadas circunstâncias em que a ordem precisa ser restabelecida o comportamentalismo surge como ferramenta cabal. Chamou a atenção que o indício de aproveitamento aferido dos alunos estar acima de 90%, por consequência, é visível que o ensino militar, no presente caso, valeu-se com sucesso, em momentos distintos, tanto do comportamentalismo, quanto do cognitivismo e do humanismo, empregando-os na dosagem certa para a formação cognitiva.

Palavras-chave: Formação. Militar. Aprendizagem. Teorias. Comportamentalismo. Cognitivismo. Humanismo.
ABSTRACT
This article presents the results of the observation carried out in the training course of soldiers of the Military Fire Brigade of the State of Rio Grande do Sul at the Cruz Alta Training Center, under the focus of Learning Theories. In order to do so, the Constitutional functions of the Military Firefighters Corps were clarified and the principles that govern them, since the soldiers in formation are being trained for the performance of these missions, as well as the main points and the Behavioral Theorists were presented, Cognitivists and Humanists, so as to enable the identification of these theories in the observed educational practice. In view of this scenario, the existence of rigid behavioral rules to be followed in military education with strong behavioral influences was observed, however, within the classroom behaviorism gives way to practices with predominantly cognitivist and sometimes humanist influences, but in certain contexts. circumstances in which order needs to be reestablished behaviorism appears as a full tool. It was pointed out that the indication of student achievement is above 90%, consequently, it is clear that military education, in the present case, has been successfully used, at different moments, both behaviorism, cognitivism and humanism, employing them in the right dosage for cognitive training.
Keywords: Training. Military. Learning. Theories. Behavioralism. Cognitivism. Humanism.
 

AS TEORIAS DE APRENDIZAGEM E ENSINO E A FORMAÇÃO DE SOLDADOS BOMBEIROS MILITARES

 

AA M[3]

 

INTRODUÇÃO

 

O ensino militar é um tema muito polêmico em nossa sociedade, vez que há grupos que criticam seus métodos, ao passo que também há quem o defenda. Diante deste cenário, por meio da observação de práticas de aprendizagem e ensino utilizadas em instruções do curso de formação de soldados bombeiros militares apresentar-se-á a rotina de um dia dentro de uma escola militar.

O curso de formação de soldados do Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul concebe-se para a formação de profissionais (praças) para o exercício da profissão de Bombeiro Militar, com o fito de que a Corporação possa desempenhar as funções lhes confiadas tanto pela Constituição Federal e quanto pela Constituição Gaúcha.

Para que este objetivo seja alcançado é imprescindível que os alunos soldados recebam os conhecimentos necessários para o desempenho deste labor, para tanto, os instrutores (professores) do curso deverão valer de seus conhecimentos técnicos e pedagógicos para transmitir o saber almejado por estes neófitos militares.

Neste contexto, o presente estudo pretende, como foco geral, observar uma prática educativa desenvolvida durante um dia do curso de formação de soldados e tecer os apontamentos necessários sob o enfoque das teorias de ensino e aprendizagem.

Desta feita, pretende-se ainda identificar os princípios basilares das instituições militares, identificar as funções constitucionais confiadas ao Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio Grande do Sul (CBMRS), descrever a estrutura e a organização do espaço pedagógico, descrever o papel do aluno neste contexto e relatar o método utilizado pelo Instrutor durante a aula.

 

METODOLOGIA

 

Para o presente estudo foi utilizada a ferramenta metodológica para coleta de dados chamada de diário de campo, com fulcro na observação de prática educativa utilizada no curso de formação de soldados do CBMRS no processo de ensino-aprendizagem.

Ensino Ravasio (201-?, p. 1), sobre a utilização da ferramenta de diário de campo como ferramenta metodológica:

O diário de campo é um meio através do qual se possibilita a sistematização das observações, tanto quanto, percepções subjetivas e particulares do pesquisador. Através da possibilidade de transitar de um olhar “onde estive” para o hoje, onde novas vivências podem ser experimentadas possibilitando a atribuição de novo sentido para tal documentação. O diário de campo é um dos elementos possíveis no que refere-se às ferramentas metodológicas. [...] Assim, pode-se compreender o diário de campo como o “caderno” onde registra-se diariamente os elementos percebidos no contexto onde desenvolve-se a pesquisa ou o trabalho. Este instrumento é utilizado por estagiários como meio de registrar seu percurso, possibilitando o acesso aos acontecimentos do trabalho pelos supervisores do estágio. [...] No que se refere as pesquisas qualitativas o diário de campo entra como elemento dos dados coletados.

 

Diante da natureza do tema esta ferramenta tende a auxiliar uma análise reflexiva do que for observado, como também a descrição de forma fidedigna da experiência vivida, desta feita, a observação foi realizada com discrição, evitando-se intervir e interagir com o ambiente observado, de maneira a ser ao máximo imperceptível ao público alvo observado, para que assim, se garantisse que a prática educativa observada fosse aquela que é utilizada comumente.

Ademais, utilizou-se a pesquisa bibliográfica para permitir a extração de conhecimento teórico acerca das produções bibliográficas relacionadas aos assuntos pertinentes a essa pesquisa, de forma a embasar os conceitos construídos, como também, para aclarar o contexto no qual a pesquisa foi desenvolvida.

 

OBSERVAÇÃO DA PRÁTICA EDUCATIVA E CORRELAÇÃO COM TEORIAS DO APRENDIZADO

 

            O aprendizado proporciona ao indivíduo aumentar seu conhecimento, na medida em que as experiências por ele vividas vão agregando definitivamente em seu ser, desta forma, ao longo da vida solidificamos diversos conhecimentos, tais como, falar, caminhar, andar de bicicleta, portanto, a aprendizagem perfaz um processo contínuo.

             Diante deste cenário, vários teóricos envidaram esforços no estudo de métodos para influir no comportamento humano, moldando-o para conforme os padrões que entenderam desejáveis, por conseguinte, surgem variadas teorias de aprendizagem, as quais serão tratadas a seguir, com o objetivo de ao ser exposta a observação da prática educativa do curso de formação militar, seja possível ao leitor visualizar a influência destas teorias no ensino militar, para tanto, esta compreensão não pode ser feita de forma isolada, ao passo que as funções exercidas pela corporação e seus princípios devem ser levados em consideração, vez que o aluno está sendo formado para dar cumprimento aos fins para os quais a corporação existe, logo o objetivo da pratica educativa, neste contexto, é solidificar no soldado formado os diversos conhecimentos dos quais necessitará se valer ao longo de sua carreira à disposição da Corporação Militar.

            Sendo assim, temos três tipos das teorias de aprendizagem, o Cognitivismo, o Humanismo e o Comportamentalismo ou Behaviorismo. A aprendizagem cognitiva prima pelo conhecimento e se concebe pela memorização de informação por meio do armazenamento organizado, ao passo que a afetiva concentra-se no estudo das experiências sensoriais humanas (prazer, dor, alegria, ansiedade, satisfação, descontentamento), estudando os processos mentais, atribuição de significados, compreensão, transformação, armazenamento, uso da informação, para resolução de problemas e tomada de decisões, e a aprendizagem psicomotora com as respostas musculares por meio do treino e da prática, tem ênfase nos comportamentos observáveis e controláveis, onde o comportamento seria controlável por suas consequências, logo possível uma instrução programada. (MOREIRA, 2011)

            As teorias Comportamentalista, Behavioristas, Associacionistas, têm como seus principais teóricos Pavlov, Watson, Guthrie, Hull, Thorndike e Skinner, os quais atribuem imenso poder ao ambiente, e tem o homem como um produto do meio, logo, pela manipulação dos elementos deste ambiente, que seriam os estímulos, seria possível controlar o comportamento (resposta), ao passo que este comportamento seria observável, possibilitando uma experiência planejada. Esta teoria ignora as condições internas do ser humano, focando na experiência de estímulo-resposta para moldar o comportamento, padronizando-o, para tanto, o reforço se apresenta como um meio de estimular condutas desejadas.

            Sobre o Comportamentalismo, assevera Moreira (2011, p. 14) que:

A tônica da visão de mundo behaviorista está nos comportamentos observáveis e mensuráveis do sujeito, ou seja, nas respostas que ele dá aos estímulos externos. Está também naquilo que acontece após a emissão das respostas, ou seja, na consequência. Tanto é que uma ideia básica do behaviorismo mais recente é a de que o comportamento é controlado pelas consequências: se a consequência for boa para o sujeito, haverá uma tendência de aumento na frequência da conduta e, ao contrário, se for desagradável, a frequência da resposta tenderá a diminuir. Isso significa que, manipulando principalmente eventos posteriores à exibição de comportamento, se pode, em princípio, controla-los. E tudo isso sem necessidade de recorrer a nenhuma hipótese sobre quaisquer atividades mentais entre o estímulo e a resposta dada.

 

            O processo interno é relegado por esta teoria, na medida em que se utilizam para moldar a conduta humana de métodos desenvolvidos por meio de experiências com animais, por este enfoque, temos um aluno passivo que por meio do ensino dirigido ou de instrução programada desenvolverá habilidades técnicas, para tanto, será avaliado por um professor que se utilizará dos reforços necessários para ao final classificar estes alunos, pelas respostas observadas e mensuradas apresentadas.

            O Cognitivismo tem como expoentes Piaget, Bruner, Vygotsky, Vergnaud, Ausubel, Kelly, Gestalt e Johnson-Laird.

            Piaget defendia a ideia de assimilação e acomodação, na qual estas estruturas cognitivas se alterariam conforme os estágios de adaptação. Para esta teoria, conforme Lima (1984, p. 19) “Ninguém educa ninguém: é o próprio aluno que se educa”.

            Sua teoria estabelece quatro períodos de desenvolvimento cognitivo: sensório-motor (do nascimento aos 2 anos – etapa manipulativa. Inteligência prática), pré-operacional (vai dos 2 anos aos 7 anos – etapa intuitiva. Aprendizagem instrumental básica), operacional-concreto (vai dos 7 anos aos 11 anos – consolidação das operações subjacentes. Reversibilidade e conservação), e operacional-formal (dos 12 aos 16 anos em diante – construção das estruturas intelectuais finalizadas. Ápice do desenvolvimento da inteligência). (LIMA, 1984).

A realidade é abordada pelo indivíduo por meio de esquemas de assimilação mental, logo, ao assimilar, a mente incorpora a realidade a seus esquemas de ação, impondo-se ao meio, por vezes os esquemas não assimilam determinadas situações, por conseguinte, ou a mente desiste ou se modifica, e neste último acomoda-se, gerando novos esquemas de assimilação, resultando no desenvolvimento cognitivo. (OSTERMANN, CAVALCANTI, 2010, p. 21).

            Esclarece Ostermann e Cavalcanti (2010, p. 22) sobre a teoria de Piaget:

Só há aprendizagem quando o esquema de assimilação sofre acomodação. A mente, sendo uma estrutura para Piaget, tende a funcionar em equilíbrio. No entanto, quando este equilíbrio é rompido por experiências não assimiláveis, a mente sofre acomodação a fim de construir novos esquemas de assimilação e atingir novo equilíbrio. Este processo de reequilíbrio é chamado de equilibração majorante e é o responsável pelo desenvolvimento mental do indivíduo. Portanto, na abordagem piagetiana, ensinar significa provocar o desequilíbrio na mente da criança para que ela, procurando o reequilíbrio, se reestruture cognitivamente e aprenda.

 

            Para a teoria construtivista de Bruner o aprendizado acontece pela interação entre os conhecimentos pretéritos do indivíduo e o objeto de estudo atual que ele realiza, no qual o indivíduo promove a alteração do status quo daquilo que se estuda ao tecer novas considerações, hipóteses e adotar ações distintas perante a nova informação, logo, participa o indivíduo ativamente (OSTERMANN; CAVALCANTI, 2010).

            Concernente a este teoria, Ostermann e Cavalcanti (2010, p. 20) sustentam:

O método da descoberta consiste de conteúdos de ensino percebidos pelo aprendiz em termos de problemas, relações e lacunas que ele deve preencher, a fim de que a aprendizagem seja considerada significante e relevante. Com isso, o ambiente para a aprendizagem por descoberta deve proporcionar alternativas, resultando no aparecimento de relações e similaridades. Segundo Bruner, a descoberta de um princípio ou de uma relação, pelo aprendiz, é essencialmente idêntica à descoberta que um cientista faz em seu laboratório.

O currículo em espiral, por sua vez, significa que o aprendiz deve ter a oportunidade de ver o mesmo tópico mais de uma vez, em diferentes níveis de profundidade e em diferentes modos de representação.

 

            Alhures, a teoria Sociocultural de Vygotsky prevê potenciais de desenvolvimento cognitivo conforme a faixa etária e sustenta que os saberes adquiridos surgem primeiramente no grupo social ao qual está inserido, para posteriormente ser interiorizado pela pessoa, portanto o conhecimento seria uma construção de inter-relacionamento coletivo. O desenvolvimento do sujeito se dá por um processo sócio histórico, há uma mediação neste processo promovida pelos demais indivíduos com os quais ele se relaciona socialmente.

            Vygotsky sustenta a existência de dois níveis de desenvolvimento, um deles seria o real (inerente ao indivíduo e que delimita sua capacidade de criação) e o outro o potencial (potencial para aprender com outrem), dentre estes dois níveis existiria a Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), por este prisma, por meio da aprendizagem é possível aumentar a capacidade intelectual de um indivíduo por meio da intervenção de outro indivíduo que lhes agregue novos saberes (OSTERMANN; CAVALCANTI, 2010).

            A zona de desenvolvimento proximal é um desnível intelectual dentro do qual a criança com auxílio direto ou indireto de um adulto consegue realizar tarefas que não seriam possíveis de serem realizadas pelo seu nível atual de desenvolvimento, só sendo possíveis graças à intervenção de um adulto (OSTERMANN; CAVALCANTI, 2010).

            Outrossim, a Teoria da Inclusão de Ausubel propõe o conceito de ancoragem, no qual o indivíduo aprende por meio de informações novas que se ancoram em conceitos relevantes preexistentes, portanto, os conhecimentos que detém são muito valiosos no processo de aprendizagem (OSTERMANN; CAVALCANTI, 2010).

            Para tanto, prevê a utilização de mapas conceituais para identificar os conhecimentos prévios e os conteúdos a serem reforçados. Ao se atribuir significado ao conhecimento disseminado, persegue-se que este conhecimento seja assimilado pelo indivíduo, evitando-se o aprendizado mecânico, que se limita a repetição para memorização (decorar) que será esquecido em lapso curto.

            Não obstante, para a Teoria Humanista o importante é a autorrealização pessoal. O Humanismo tem como Teóricos Carl Rogers, Joseph Novak e Paulo Freire.

Carl Rogers prevê o ensino centrado no aluno com liberdade para aprender e pensamentos, sentimentos e ações integradas, sendo assim para ele, o aprendizado experimental deve ser o foco, pois o que é útil às pessoas tende a ser melhor assimilado, face despertar maior interesse e motivação, portanto deve haver interação entre professor e aluno (MOREIRA, 2011).

Entretanto, as ideias de Joseph Novak defendem um humanismo voltado para a sala de aula, defendendo a aprendizagem significativa, realizável por meio da integração construtiva do pensar, sentir e agir do aprendiz, que torna positiva esta integração, elevando o ser humano (MOREIRA, 2011).

Por fim, Paulo Freire, por meio da pedagogia da libertação e da autonomia, critica a memorização mecânica de conteúdos, propondo uma educação que desenvolva a criticidade e a autonomia do aluno, na qual deve estar presente o sentimento de amor (MOREIRA, 2011).

 

MISSÃO CONSTITUCIONAL DOS CORPOS DE BOMBEIROS MILITARES E PRINCÍPIOS QUE NORTEIAM SUA ATUAÇÃO

 

Os Corpos de Bombeiros Militares fazem parte da segurança pública nacional, estando previstos na Constituição Federal, mais precisamente no Título V, denominado da Defesa do Estado e das Instituições Democráticas, em seu Capítulo III – Da Segurança Pública, no artigo 144, o qual preceitua que “a segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio” (BRASIL, 1988).

Como toda Corporação Militar os Corpos de Bombeiros Militares tem como princípios basilares a hierarquia e a disciplina, estes princípios estão dispostos na Constituição Federal de 1988 e norteiam estas corporações durante o exercício das missões constitucionais que lhes são afetas.

Sobre a hierarquia e disciplina esclarece Thomazi (2008, p. 11):

A hierarquia e disciplina militares são princípios constitucionais que constituem a base das organizações militares, condensando valores como o respeito à dignidade da pessoa humana, o patriotismo, o civismo, o profissionalismo, a lealdade, a constância, a verdade, a honra, a honestidade e a coragem. Tais princípios pretendem dar máxima eficácia às instituições militares, conferindo-lhes poder e controle sobre seus integrantes, que pela função que desempenham sempre têm a arma ao seu alcance. A disciplina militar é o que se pode denominar de "disciplina qualificada" se tomada em relação à disciplina exigida de outros servidores, já que detentora de institutos próprios [...].

 

Por óbvio, a hierarquia e a disciplina são necessárias não somente às Instituições Militares, mas também às civis, pois por hierarquia se compreende o escalonamento progressivo da autoridade, ou seja, da competência para decidir e fazer cumprir determinados atos, com isto é possível delimitar funções com graus de responsabilidades variáveis, para que desta forma, decisões mais complexas sejam tomadas com maior segurança, alhures o princípio da disciplina consiste na observância das atribuições e limites impostos para determinada função, portanto, é precioso para que as atividades sejam cumpridas da forma devida e para que que instituição cumpra seus objetivos.

Ademais, a Constituição Federal reserva aos Corpos de Bombeiros Militares a missão de, além das atribuições definidas em lei, a execução de atividades de defesa civil.

Por defesa civil, conforme Brasil (1998, p. 50, grifo nosso), se entende “[...] o conjunto de ações preventivas, de socorro, assistenciais e reconstrutivas destinadas a evitar ou minimizar os desastres, preservar o moral da população e restabelecer a normalidade social”.

A Constituição Estadual do Rio Grande do Sul, em seus artigos 124 e 130, outorga ao Corpo de Bombeiros Gaúcho deveres na área de segurança pública estadual, senão vejamos:

 

Art. 124. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública, das prerrogativas da cidadania, da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: [ . . . ] IV - Corpo de Bombeiros Militar. [ . . . ] Art. 130. Ao Corpo de Bombeiros Militar, dirigido pelo(a) Comandante-Geral, oficial(a) da ativa do quadro de Bombeiro Militar, do último posto da carreira, de livre escolha, nomeação e exoneração pelo(a) Governador(a) do Estado, competem a prevenção e o combate de incêndios, as buscas e salvamentos, as ações de defesa civil e a polícia judiciária militar, na forma definida em lei complementar. (RIO GRANDE DO SUL, 1989, grifo nosso).

 

A Lei Complementar nº 14.920 de 1º de Agosto de 2016, Lei de Organização Básica do CBMRS, dispõe em seu artigo 1º que:

O Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio Grande do Sul – CBMRS – é instituição permanente e regular, organizada com base na hierarquia e na disciplina, competindo-lhe, nos termos do art. 130 da Constituição do Estado, a prevenção, a proteção e o combate a incêndios, as buscas e salvamentos e as atividades de proteção e defesa civil. (RIO GRANDE DO SUL, 2016).

 

Por este prisma, trago à baila pertinente conceito da palavra “prevenção”, definido por Bastos Junior (2009) ao site Dicionário Informal: “Ato de se antecipar às consequências de uma ação, no intuito de prevenir seu resultado, corrigindo-o e redirecionando-o por segurança.”.

Conforme se observou, ações preventivas fazem parte da missão afeta aos Corpos de Bombeiros Militares, por conseguinte, a prevenção vai além das atividades executadas na análise de planos de prevenção contra incêndio, das interdições de estabelecimentos que oferecem risco à vida humana, uma vez que, perfazem um conjunto de ações desencadeadas simultaneamente, em diversas frentes, em face da gama de riscos existentes à incolumidade pública.

 

RESULTADOS DAS OBSERVAÇÕES REALIZADAS

 

            Os resultados das observações realizadas serão expostos a seguir, para uma melhor compreensão do cenário observado, será feita exposição descritiva das constatações, dividindo-se em seções temáticas.

 

A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO PEDAGÓGICO

 

O curso de formação de soldados do Corpo de Bombeiros Militar foi realizado no Centro de Formação do Corpo de Bombeiros Militar de Cruz Alta, que possui a sua disposição uma ampla estrutura, localizada junto ao quartel do Pelotão de Bombeiros Militares de Cruz Alta.

Referida estrutura é composta por banheiros coletivos masculinos e femininos, sala de coordenação do curso, alojamentos masculino e feminino com banheiros, pista para corrida, campo de futebol, sala de musculação e ginástica, refeitório, sala de convivência equipada com sofás, televisão e jogos.

Além de sala de aula com capacidade para 30 alunos, com cadeiras universitárias, lousa branca, projetor, tela para projetor, caixa de som, notebook, dois computadores para utilização dos alunos, mesa com café, biscoitos e água.

 

O CORPO DE ALUNOS

            No ambiente de ensino militar existe uma seção específica para o trato direto com os alunos, chamada de Corpo de Alunos. Para a formação dos novos Militares Estaduais a centro de capacitação dispõe de uma estrutura chamada de Corpo de Alunos, que é coordenado por um Oficial, Capitão do Quadro de Oficiais do Estado Maior, designado especialmente para esta função, auxiliado por equipe de Sargentos, denominados para tal mister de “disciplinas”.

            O Corpo de Alunos (CAL) é responsável por recepcionar os ingressantes na instituição, até então denominados de civis, e promover a adaptação destes à vida da caserna, estimulando suas potencialidades durante o período de formação.

            O CAL está estruturado aos moldes de uma unidade operacional, no presente caso, ao longo da formação, todos os alunos exercerão funções no CAL, para tanto foi escolhido um aluno para exercer a função de comandante de pelotão (composto pelos demais alunos), na ocasião auxiliado por outros alunos exercerão as funções de Estado Maior: B1 (recursos humanos), B2 (informações e inteligência), B3 (operações e treinamentos), B4 (logística e finanças) e B5 (relações públicas). Tal estrutura permite que os alunos vivenciem uma experimentação prática do aprendizado em sala de aula, aproximando-os da realidade operacional da instituição e o desenvolvimento cognitivo, afetivo e psicomotor, ficando evidente a influência de variadas teorias de aprendizagem no decorrer da formação.

A divisão e rodízio de funções apresenta-se ainda como uma maneira de aclarar aos alunos a importância de cada funções e principalmente a primazia da necessidade de zelar pela hierarquia e disciplina durante o desempenho da profissão.

 

O ALUNO DISCIPLINA

            A função de Aluno Disciplina, também denominado Xerife, no caso em apreço, foram desempenhadas pelo Comandante de Pelotão, ao qual recai a incumbência de ser o elo entre o Oficial, Comandante do CAL, e os demais alunos, devendo transmitir e fiscalizar o fiel cumprimento ordens que forem repassadas, como também,  auxiliar no planejamento, controle e coordenação de todas as atividades desenvolvidas pelo CAL inclusive fora do período de aulas,  propor ao Comandante do CAL atividades extracurriculares que visem o aprimoramento técnico-profissional dos discentes, auxiliar na coordenação e supervisão da situação disciplinar e a apresentação pessoal dos discentes, auxiliar no controle, assiduidade e pontualidade dos discentes, instruir e fiscalizar o cumprimento das normas previstas no regulamento disciplinar do CAL (NPCCAL) pelos alunos.

 

A ROTINA ESCOLAR

            A rotina escolar seguida visa integrar os alunos a um sistema que padroniza comportamentos, mas que também oportuniza a simulação do exercício de atribuições de comando, planejamento e coordenação de atividades, enriquecendo o processo de aprendizagem, focada no desenvolvimento pessoal, profissional e técnico.

Os alunos convivem diariamente dentro da caserna durante o curso, fator que lhes possibilita a troca constante de experiências, mas dentro de um rígido acatamento às normas disciplinares, perseguindo-se um ambiente de perene camaradagem, respeito mútuo, cortesia e civilidade.

O ambiente escolar foi concebido e implementado de forma a simular, diariamente, as rotinas diárias de uma unidade operacional, para melhor ambientação dos alunos após a conclusão da formação nas funções que exercerão.

Diante disto, os alunos, já durante o curso, exercem funções similares às que exercerão posteriormente, ficando neste ponto evidente a preocupação com a práxis, integrando-se constantemente a teoria com a testagem prática, tendo em vista que a profissão que exercerão perfaz pela infalibilidade de suas ações, as quais devem ocorrer com exatidão, sem margem para erro, logo o conhecimento deve estar enraizado nos alunos ao final do curso, pois vidas humanas dependerão de que as teorias absorvidas sejam implementadas com exatidão.

Durante o curso de formação os alunos permanecem em regime de  dedicação exclusiva, devendo seguir rígido cronograma de atividades diárias, desenvolvidas de segunda-feira à sexta-feira, estruturadas da seguinte forma:

 

06h

Alvorada

06h às 07h15

Higiene pessoal e café da manhã

07h

Parada diária

07h20

1ª formatura do CAL

07h20 às 07h50

Inspeção pessoal e coletiva, deslocamentos, canções e/ou atividades instrutivas do CAL

08h às 12h

Aulas matutinas

12h às 13h20

Almoço e período de descanso

13h20

2ª formatura do CAL

13h20 às 13h50

Inspeção pessoal e coletiva, deslocamentos,

canções e/ou atividades instrutivas do CAL

14h às 18h

Aulas vespertinas

18h15

3ª Formatura do CAL

18h15 às 19h

Inspeção pessoal e coletiva, deslocamentos, canções e/ou atividades instrutivas do CAL

19h às 20h

Jantar

20h às 22h

Atividades de pesquisa e de estudo

21h

Revista do recolher para o pessoal de serviço

22h

Início do horário do silêncio

 

Ao final do período vespertina de aulas nas sextas-feiras os alunos são liberados para retornar a seus lares, com exceção daqueles que cometeram faltas disciplinares e tiveram a liberação sustada e dos que deverão cumprir escalas de serviço.

Faz parte das atividades escolares o cumprimento de escalas durante a semana, no qual os alunos escalados são empregados após o período de aulas, para cumprimento de serviços internos na caserna, comumente assumem postos determinados e fazem a segurança do aquartelamento no período noturno, se revezando durante a noite e madrugada em intervalos de 2 horas de trabalho por 4 horas de descanso, com início às 19 horas e fim às 7 horas da manhã.

 

Inspeção pessoal e coletiva e as FORMATURAS

            No horário previsto para o início da Inspeção pessoal e coletiva e formaturas os alunos se organizam enfileirados, tendo o aluno comandante do pelotão a incumbência de verificar se todos estão presentes, com isto, no horário estabelecido o aluno comandante se apresenta ao Sargento Disciplina e posteriormente apresenta seu pelotão informando eventuais situações relativas aos alunos (ausências, enfermidades, etc.).

Após a apresentação é realizada a inspeção pessoal e coletiva, na qual o Aluno Disciplina e os Sargentos Disciplinas verificam se os demais alunos estão cumprindo as normas de asseio e de padronização para apresentação pessoal, pois são deveres dos alunos zelar por seus asseios pessoais diários e permanentemente, mantendo boas condições de higiene individual e zelo pela higiene bucal.

Na revista verificam se o uniforme está ajustado, limpo e passado, se a tarjeta de identificação do aluno esta devidamente posicionada, se está barbeado, se o corte de cabelo está em dia, se as alunas estão com os cabelos sempre presos com um “coque” revestido por uma tela de cor bege ou preta, com maquiagem leve em tons neutros, batom e esmalte de cores neutras e unhas levemente passando as pontas dos dedos, permite-se um único brinco em cada orelha, desde que observado a harmonia e estética, com uso de peças discretas, delicadas, cores suaves ou neutras, em tamanho reduzido, que não ultrapassem o lóbulo da orelha, correntes no pescoço devem ser mantidas por baixo do fardamento.

            Nestas ocasiões, por vezes, são realizadas vistorias de alojamento, local em que os alunos deverão manter suas roupas de cama limpas, arrumadas e organizadas, deverão conservar seus armários de forma higiênica, organizada, identificados, em condições para qualquer inspeção, os alunos devem manter os alojamentos, banheiros e áreas comuns limpos e organizados.

            Após as inspeções são realizados exercícios de Ordem Unida (movimentos coordenados militares – marchas e formações) com cântico de hinos e canções militares, por vezes, são realizadas instruções técnicas complementares, como também estes momento são utilizados para repassar informações de interesse coletivo, após os alunos são liberados para a sala de aula.

 

O ALUNO SEMANA

            Na sala de aula um dos alunos é escolhido para exercer as funções de aluno semana, ao qual caberá as atribuições de auxiliar os instrutores com o preenchimento dos diários de classe, monitorar as faltas dos colegas, zelar pela limpeza e organização do espaço pedagógico, verificar antes do início da aula se o quadro está limpo, se os recursos disponíveis estão funcionando e se os materiais solicitados pelo instrutor para a aula foram disponibilizados.

            Diante disso, o Aluno Semana ao verificar que o instrutor esta adentrando a sala informa aos demais colegas, dizendo: “atenção sala”, ato contínuo todos os alunos se levantam e se postam em posição de sentido, por conseguinte o Aluno Semana se aproxima do instrutor e apresenta a turma, informando se há faltas ou não, após todos se sentam e inicia-se a aula.

 

DAS CONDUTAS DOS DISCENTES EM SALA DE AULA

            Os alunos, por meio do Aluno Semana, no início da aula consultam o Instrutor sobre as condutas que serão permitidas ao longo da Instrução, tais como, uso de notebooks, tomar chimarrão e retirada das gandolas.

            Na ocasião o instrutor liberou aos alunos todas estas ações, mas alertou sobre a necessidade de se evitar dispersar do conteúdo da aula com o acesso de sites da internet não condizentes com o tema discutido na sala de aula, diante disso, os alunos concordaram que os termos sobre a utilização do equipamento.

            Foi perceptível que alguns alunos aparentavam estar sonolentos, possivelmente em razão do serviço noturno desempenhado, diante disso, para driblar o sono, levantavam-se e se dirigiam ao fundo da sala, permanecendo em pé e participando da aula.

            Outro ponto observado foi a interação durante a aula, onde todos os alunos participavam de forma ordenada, levantando primeiramente as mãos, após era dada a palavra a cada um deles, os quais teciam suas opiniões e faziam suas perguntas, chamando a atenção o fato de que mesmo diante de discordâncias de pontos de vista entre os alunos, o debate cordial era mantido, sendo que os demais alunos se mantinham em silêncio e atentos ao discurso de seus colegas.

            A utilização da internet se mostrou proveitosa durante a aula, pois alguns alunos pesquisavam mais informações sobre o tema ministrado na internet e compartilhavam com o instrutor e colegas o que estava escrito, cabendo ao instrutor o exercício da mediação entre as versões apresentadas, por vezes, que conflitavam com o posicionamento do próprio instrutor, entretanto, soube o instrutor lidar com as contrariedades reconhecendo a existência de divergência de entendimentos.

            Ficou evidente que a aula despertava o interesse nos alunos, pois a maior parte da turma em algum momento teceu observações ao longo da aula, seja por meio de perguntas ou por meio de considerações.

            Outro fator que chama a atenção é o elevado índice de desempenho dos alunos durante o curso de formação, atingindo médias acima de 90% de aproveitamento, fato que pode ser atribuído a intensa participação durante as instruções, bem como a junção constante entre teoria e prática, facilitando que as zonas proximais de desempenho sejam preenchidas, como também, que as ancoragens sejam realizadas de forma devida, além de ao despertar o interesse do aluno promover o seu desenvolvimento humano.

           

O INSTRUTOR

            Diante da especificidade das disciplinas que compõem o curso de formação, que se resumem aos conhecimentos necessários para a atividade de bombeiro militar, o grupo de instrutores é formado por profissionais, todas da área da segurança pública vinculados à Polícia Militar ou Corpo de Bombeiros Militar, com especialização específica ou conhecimento técnico notório na área da disciplina que ministrará, os quais são nomeados em boletim interno da Corporação para o exercício desta função, momento em que, farão jus a percepção de gratificação por hora-aula no valor de R$ 57,00.

            Do início ao fim da instrução o instrutor seguiu roteiro, o qual foi estabelecido e esclarecido aos alunos no início da aula, onde estava previsto os pontos que seriam discutidos na sala de aula, os objetivos de aprendizado que se pretendia como conteúdo estudado e ainda esclareceu a forma de avaliação que seria utilizada durante a disciplina.

            Uma breve aferição sobre a compreensão do tema foi feita pelo instrutor, ficando claro que procurava pontos para estabelecer ancoragens posteriores para facilitar a aprendizagem do conteúdo.

            O instrutor se utilizou dos recursos pedagógicos disponibilizados, fazendo a apresentação do conteúdo por meio do programa PowerPoint, com a projeção do conteúdo por meio de Datashow em tela branca, como também, valeu-se da caixa de som para reproduzir os sons contidos nos vídeos       utilizados.

            No final da aula matutina apresentou um questionário com exercícios a serem respondidos pelos alunos, o qual após preenchido foi respondido de forma conjunta, com comentários sobre as questões e as respostas pertinentes.

            O período vespertino foi reservado a parte prática da disciplina, momento em que as dúvidas surgiram, em grande volume, e aos poucos foram sendo sanadas pelo instrutor, nesta etapa o instrutor levou os alunos para dentro de uma seção e oportunizou aos alunos manusear documentos e compreender como os processos ocorrem do seu início ao fim, como também, levou os alunos à campo, para realizarem vistorias em edificações, demonstrando todos os aspectos que precisariam compreender.

           

REGULAMENTO DISCIPLINAR E OS MECANISMOS DE ESTÍMULO-RESPOSTA E REFORÇOS

            A manutenção da ordem se dá por meio do zelo pela observância dos princípios da hierarquia e disciplina, por consequência, os alunos devem seguir as regras de condutas impostas para o convívio na caserna, para tanto, as atitudes indesejadas estão previstas em extenso rol contido na NPCCAL, para as quais estão previstas as medidas de caráter educativo de advertência (mais branda), repreensão e sustação da dispensa (mais grave).

            A finalidade da NPCCAL é regular a aplicação das medidas de caráter educativo como instrumento de fortalecimento da disciplina na fase de formação, corrigir de forma célere as condutas indesejadas dos alunos que apresentem menor gravidade.

            Para aplicação das medidas de caráter educativo deverão ser observados os princípios da legalidade, objetividade, celeridade e simplicidade, garantindo ao transgressor o contraditório e a ampla defesa, sobre os fatos que lhe forem imputados.

            Como reforços de condutas desejáveis estão previstas recompensas policiais militares, destinadas a reconhecer os bons serviços prestados pelos alunos, consistindo em: dispensa do pernoite, revista ou atividade extracurricular (que Consiste na liberação do Aluno após as atividades curriculares, podendo este se ausentar até o início do horário seguinte das atividades previstas) e referências elogiosas que perfaz um ato administrativo no qual se registra as qualidades morais, éticas e profissionais do aluno em seus assentamentos, os quais são lidos publicamente durante as formaturas.

            Ressalte-se que tanto as medidas educativas quantos as recompensas são publicizadas nas formaturas realizadas diariamente, de forma a exemplificar aos alunos quais condutas são desejáveis e quais não são permitidas, ficando evidente a influência da Teoria Comportamentalista.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pelo exposto, vê-se que o ensino militar, no presente caso observado, conjugou com sucesso diversas teorias de aprendizagem para obter uma formação profissional adequada às atribuições da função que serão exercidas pelo aluno após a sua formação.

Também, ficou claro que a formação é direcionada a realização das finalidades constitucionais incumbidas ao CBMRS, portanto, a razão de existir do presente curso de formação é prover ao CBMRS capital humano devidamente capacitado para o desempenho com 100% de sucesso das missões que lhes forem confiadas, tendo em vista, envolverem preservação da vida humana, por decorrência sem espaço para equívocos ou adoção de técnicas inadequadas.

Sendo assim, a rotina dentro da escola militar tende a ser rígida e metódica, com constante repetição muscular de técnicas, entretanto, devido a ampla gama de ocorrências emergenciais possíveis de se apresentarem durante o exercício da função, os alunos são instigados a desenvolver capacidade de tomada de decisão, de interação em grupo, a conhecerem-se intimamente de forma que compreendam seus sentimentos, capacidade de ação e maneiras de autocontrole e estoicismo diante de cenários trágicos.

Por conseguinte, evidencia-se que o bombeiro militar possui uma formação omnilateral, ao passo que congloba a compreensão de várias técnicas utilizáveis e de todo o seu ciclo, na qual ele tende a aprender a compreender o meio ambiente que o circunda, a compreender como ele está inserido dentro deste ambiente, como ele pode interferir neste ambiente para melhorá-lo, e por fim, como está ação que será adotada afetará seu estado psíquico e cognitivo.

 

REFERÊNCIAS

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BRASIL. Ministério do Planejamento e Orçamento. Glossário de Defesa Civil: estudos de riscos e medicina de desastres. Brasília, DF: 1998. Disponível em: http://www.defesacivil.mg.gov.br/images/documentos/Defesa%20Civil/manuais/GLOSSARIO-Dicionario-Defesa-Civil.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2018.

 

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF: 05 out. 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 20 abr. 2018.

 

LA ROSA, J. Psicologia e educação: o significado do aprender. Porto Alegre: EDiPUCRS, 2003.

 

LIMA, L. O. A construção do homem segundo Piaget. São Paulo: Summus, 1984.

 

MOREIRA, Marco Antonio. Behaviorismo, humanismo e cognitivismo (um pseudo-organizador prévio). In: ______. Teorias de aprendizagem. São Paulo: EPU, 2011.

 

OSTERMANN, Fernanda; CAVALCANTI, Cláudio José de Holanda. Teorias de aprendizagem: texto introdutório. [Porto Alegre]: UFRGS, 2010.

 

RAVASIO, Marcele T. Homrich. Breves considerações dobre o diário de campo como ferramenta metodológica. [201-?]. (Material disponibilizado em aula).

 

RIO GRANDE DO SUL. Constituição do Estado do Rio Grande do Sul. Diário Oficial do Estado, 03 out. 1989. Disponível em: <http://www2.al.rs.gov.br/dal/LegislaCAo/ConstituiCAoEstadual/tabid/3683/Default.aspx>. Disponível em: 20 abr. 2018.

 

RIO GRANDE DO SUL. Lei Complementar n. 14.920. Diário Oficial do Estado, 02 ago. 2016. Disponível em: <http://www.cbm.rs.gov.br/upload/arquivos/201706/26173701-14-920.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2018.

 

THOMAZI, Robson Luis Marques. A hierarquia e a disciplina aplicadas às instituições militares: controle e garantias no regulamento disciplinar da Brigada Militar. Porto Alegre, 2008. Disponível em: <http://repositorio.pucrs.br/dspace/bitstream/10923/1789/1/000410953-Texto%2BParcial-0.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2018.

 

[1] Artigo elaborado como requisito parcial para conclusão da disciplina de teorias sobre práticas educativas do Mestrado Profissional em Educação Profissional e Tecnológica (IFFAR-RS).

2 Mestrando em Educação Profissional e Tecnológica (IFFAR-RS), Pós-graduando em Gestão Pública Municipal (UFSM-RS), Especialista em Ciências Penais (UNISUL-SC), Bacharel em Direito (UEMS-MS) e Bacharel em Ciências Militares – Área da Defesa Social (APM/BM-RS).

 

[3]            Augusto Albuquerque Moura. Mestrando em Educação Profissional e Tecnológica (IFFAR-RS), Pós-graduando em Gestão Pública Municipal (UFSM-RS), Especialista em Ciências Penais (UNISUL-SC), Bacharel em Direito (UEMS-MS) e Bacharel em Ciências Militares – Área da Defesa Social (APM/BM-RS), http://lattes.cnpq.br/0042032494640857 e aalbuquerquemoura@gmail.com.

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Volume/Edição

Autores

  • MOURA, Augusto Albuquerque

Páginas

  • 1 a 20

Áreas do conhecimento

  • Nenhuma cadastrada

Palavras chave

  • Formação. Militar. Aprendizagem. Teorias. Comportamentalismo. Cognitivismo. Humanismo.

Dados da publicação

  • Data: 05/07/2018
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