As Tecnologias de Informação e Comunicação no processo educativo e a Pedagogia de Paulo Freire
Resumo
O uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) é debatido à luz de diferentes concepções, interesses e contextos. Um dos propósitos mais consideráveis e o de servir de à universalização dos saberes científicos, como forma legítima de garantir a todos, o direito ao saber. Para tal é preciso que se estabeleça também, a universalização do acesso às Tecnologias de Informação e Comunicação. Do contrário, ampliar-se-á o abismo entre os seres humanos que são classificados pelas diferenças. O que se pretende é que o seres humanos sejam somados pela diferença, sendo cada mulher e cada homem, importante parte de um todo. A Pedagogia de Paulo Freire, aplica-se nesta discussão a medida em que cada ser humano é percebido como fundamental ao propósito de se construir um espaço educativo pautado na (trans)formação solidária. Como resultado, pretende-se uma ruptura do processo histórico que conduz os seres humanos a competir entre si, encaminhando o homem e a mulher a uma perspectiva de cooperação fortalecida pela oportunidade de acesso universal ao saber e às suas formas de divulgação e (re)construção.
Palavras-chave: TICs, universalização, (trans)formação solidária, cooperação.
Introdução
A historicidade humana conduz a humanidade a reflexões que implicam na (re)significação da fazer no contexto das instituições de ensino. Discussões se travam diuturnamente em torno da proposição da utilização de diferentes meios para apresentar os seres humanos ao saber. Pressupõe-se que o encontro entre os seres humanos e o saber deverá pautar-se em valores como qualidade, solidariedade e universalidade. Efetivamente não seria concebível oferecer qualidade e solidariedade a um grupo restrito de seres humanos, razão pela qual consideramos a universalidade como valor fundamental para o início desta discussão. Diante disto estabelece-se o grande desafio de se garantir a todos os seres humanos o acesso às tecnologias, para que estas possam ser identificadas como instrumentos de promoção da qualidade e da solidariedade no meio educacional.
Universalizar algo é sempre desafiador, uma vez que vive-se num contexto democrático, onde aparentemente todos tem o direito de ser tratados de forma igual. O que dificulta e desafia é o fato de que não são oferecidos a todos, os mesmos instrumentos e recursos para alcançar de forma igualitária, aquilo que lhe é de direito. Presume-se que todos devem lutar com suas potencialidades para alcançar os mesmos propósitos, porém se estabelece uma espécie de contrato social, através do qual certas potencialidades não figuram entre as que efetivamente tornam a todos dignos do mesmo espaço.
Assim, as discussões em torno do uso das tecnologias no atual contexto histórico é uma necessidade e um direito de todo o ser humano. É uma discussão em torno de questões como:
- qual a importância concreta de instrumentos e conceitos tecnológicos para uma formação de qualidade de seres humanos?
- que referencial teórico poderá nortear a relação entre as tecnologias e formação de seres humanos?
- de que forma se pode estender a todos, o direito de dispor de tecnologias no seu processo de formação?
- que expectativa se estabelece em relação aos seres humanos formados a partir das tecnologias no processo educacional?
- de que maneira conceitos científicos poderão ser abordados, discutidos e (re)construídos através do uso de tecnologias no processo educacional?
Estes questionamentos orientam leituras, debates e estabelecem metas de estudos, para que se possa estabelecer um novo paradigma no contexto educacional. Assim temos indagações sobre o possível alcance de uma educação pautada em tecnologias, considerando que estas encontram-se em mãos de monopólios econômicos e políticos. Assim, há pessoas ou organizações que se reservam o direito de estabelecer quem pode e quem não pode isso ou aquilo.
Se é preciso discutir, além da importância ou não da utilização de tecnologias no processo educativo, a forma de se garantir a todos o acesso a estas tecnologias, que autor poderia oferecer elementos para tal discussão? A figura de Paulo Freire, é a que apresenta condições de manifestar-se de forma coerente e sensível diante desta indagação.
Considera-se uma necessidade e um direito não apenas para consolidar sua condição no sistema econômico e político em que nos encontramos, mas pelo fato de que pode-se atribuir às máquinas a execução de tarefas e atividades repetitivas permitindo ao ser humano, fazer aquilo que é essencialmente humano. Segundo FREIRE (1996, p. 25) “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção”. Nos entrantes do século XXI, pode-se afirmar com segurança que, as tecnologias educacionais figuram entre os meios pelos quais estas possibilidades podem se consolidar de forma concreta e efetiva. Tal consolidação não se dá de forma espontânea ou natural, mas necessita de encaminhamentos e determinantes que haverão de ser estabelecidas, independentemente dos interesses econômicos ou políticos de quem quer que seja.
Reconhecida esta importância, é preciso garantir a todos o mesmo direito, uma vez que não se admite que um ser humano seja considero mais, maior ou melhor do que outro. Isto implica em mudança na radicalidade da organização das políticas educacionais. Se é um direito haverá ser estendido a todos para que todos possam dispor de tecnologias no seu processo de formação.
Garantida a universalização deste direito passa-se a outras discussões em torno das quais se irá estabelecer expectativas concretas de seres humanos e de estratégias de formação que incluam mais e melhor a todos os seres humanos. há que se estabelecer resultados que possam oferecer condições de verificar o real alcance de metas e objetivos educacionais. Analisar-se-á a diferença estabelecida entre o real e o ideal através do que será possível considerar parcialmente a viabilidade de se utilizar tecnologias como meio de universalização de conceitos científicos.
Justificativa
A proposição da discussão em torno da utilização das Tecnologias de Informação e Comunicação para a promoção da universalização de saberes científicos é fruto da profunda relação que se estabelece entre educação e tecnologia. A inegável retrocontribuição entre ambas induz a constante necessidade de se universalizar o acesso as tecnologias e ao saber para que ambas cumpram sua função.
Ao se anunciar a preocupação com o saber científico assume-se um compromisso em favor da criticidade e da dialeticidade no fazer educativo, através das quais, qualquer saber estará em permanente (re)construção. É nesta perspectiva que se insere Paulo Freire, como mentor de uma nova pedagogia, uma nova educação e uma nova esperança. Estas diferentes novidades associam-se a necessidade de formar novas mulheres e homens para atender inclusive ao amplamente discutido e discutível mercado. O interesse deste não está apenas no trabalho, mas na informação e na comunicação que relaciona os seres humanos ao saber.
Ocorre que a nova pedagogia, a nova educação e a nova esperança, quando relacionadas ao uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) dependem de sua universalização. Se ao contrário, não atingir a todos, a esperança será apenas para alguns. Sem a garantia da universalidade do acesso às TICs, dois terços da humanidade está fora desta nova sociedade. Para estes, as necessidades fundamentais estão ligadas à sobrevivência e ao trabalho do dia-a-dia. Precisam de ciência clássica e de técnica tradicional para garantir sua empregabilidade.
Concebendo a idéia de que oferecer dignidade a um ser humano consiste em garantir educação (trans-formação) e renda (profissão/emprego) para que os demais possam ser igualmente garantidos, há que se pensar na universalização dos saberes e de seu meio de acesso. Exige-se assim, uma nova concepção de ser humano tanto educador quanto educando. Neste sentido GADOTTI (2000, p. 46) afirma que “o que fará a diferença é a vivência do estudante, sua capacidade de adaptar-se a novas situações, seu espírito crítico, sua facilidade de comunicar-se, capacidade de lidar com pessoas e de trabalhar em equipe”. Este novo perfil humano é reflexo da necessidade explícita de um novo perfil social e educacional.
Assim as TICs, vistos numa concepção freireana assumem um papel secundário, como instrumento de consolidação desta nova condição de perfil. Isto é percebido quando FREIRE (2001, p. 57) considera que “a técnica é sempre secundária e só é importante quanto a serviço de algo mais amplo. Considerar a técnica primordial é perder o objetivo da educação”. Isto, entretanto não diminui a função das técnicas ou instrumentos tecnológicos, mas esclarece seu real compromisso com o que é maior: a redenção de todos os seres humanos através da garantia de igualdade de acesso ao saber, respeitando as diferenças que individualizam cada sujeito.
Questão-problema
Qual o alcance da pedagogia de Paulo Freire na consolidação da relação entre Tecnologias de Informação e Comunicação e a universalização de saberes científicos?
Objetivo Geral
Analisar dialeticamente o alcance da pedagogia de Paulo Freire na consolidação da relação entre Tecnologias de Informação e Comunicação e a universalização de saberes científicos.
Objetivos Específicos
- conhecer a pedagogia de Paulo Freire.
- identificar as potencialidades das Tecnologias de Informação e Comunicação no âmbito do contexto educacional.
- discutir políticas e ações públicas em favor da universalização do acesso ao conhecimento e às tecnologias que aproximam o saber e o ser humano.
Bases para uma análise dialética do tema: discussão teórica
A utilização das TICs e a universalização de saberes científicos remete-nos a iniciar uma ampla discussão referente ao significativo espaço ocupado pela educação na vida dos seres humanos. Dizer que o ser humano é o único capaz de se educar é uma constatação bastante simples e comum, porém, compreender como isso ocorre requer discussões permanentes e diferenciadas devida a historicidade que constitui cada tempo e cada contexto.
Numa perspectiva da prática dialética na contexto educacional pode-se dizer que a educação da resposta não ajuda em nada a curiosidade indispensável ao processo cognitivo. Ao contrário, ela enfatiza a memorização mecânica dos conteúdos, sem que estabeleçam relações e significados para o que se aprende. Estabelece-se portanto, um novo significado, através do qual será possível construir uma nova mulher e um novo homem. Neste sentido FREIRE (2000, p. 40) afirma que
A educação tem sentido porque o mundo não é necessariamente isto ou aquilo, porque os seres humanos são tão projetos quanto podem ter projetos para o mundo. A educação tem sentido porque mulheres e homens aprenderam que é aprendendo que se fazem e se refazem, porque mulheres e homens se puderam assumir como seres capazes de saber, de saber que sabem, de saber o que ainda não sabem. De saber melhor o que já sabem, de saber o que ainda não sabem. A educação tem sentido porque, para serem, mulheres e homens precisam de estar sendo. Se mulheres e homens simplesmente fossem não haveria porque falar em educação.
Esta postura de preservar-se na condição de humilde ser em (re)construção requer da mulher e do homem a coerente postura de revelar sua constante necessidade de se (re)construir. Sem ela será apenas um mero espectador (consumidor) de conteúdos (verdades) que se consolidam (engessam) pela absoluta passividade de quem é (re)construído. Abolir-se desta passividade é algo provocado, intencional e politicamente assumido. Necessita, pois de instrumentos, estratégias e ações efetivas que garantam não apenas o direito de se (re)construir, mas a possibilidade de fazê-lo.
O simples fato de se viver num tempo de democracia e liberdade não significa que todos tenham garantidas oportunidades idênticas. Apenas se estabelece um certo rigor de padronização que, por vezes, oculta diferença que se fazem absolutamente necessárias num contexto democrático, em que uma maioria estabelece domínio sobre uma minoria. Constrói-se o falso paradigma de que a maioria detém a razão e a verdade, em nome do que lhe é dado o direito de dizer como deve se comportar a minoria. O ser humano como integrante de um conjunto formado por ele, seus pares e as relações entre eles estabelecidas, lança-nos ao desafio de abordar o conceito de complexidade. MORIN (2002, p. 38) afirma que
Unidades complexas, como o ser humano ou a sociedade, são multidimensionais: dessa forma, o ser humano é ao mesmo tempo biológico, psíquico, social, afetivo e racional. A sociedade comporta as dimensões histórica, econômica, sociológica, religiosa... O conhecimento pertinente deve reconhecer esse caráter muiltidimensional e nele inserir estes dados: não apenas não se poderia isolar uma parte do todo, mas as partes umas das outras; a dimensão econômica, por exemplo, está em interretroação permanente com todas as outras dimensões humanas; além disso, a economia carrega em si, de modo "hologrâmico", necessidades, desejos e paixões humanas que ultrapassam os meros interesses econômicos.
Assim, ao se debater a possibilidade de universalização do saber através das TICs é preciso reconhecer a multiplicidade de características (faces) presentes no conceito de sociedade e se humano. Há interesses explícitos e velados que interferem de forma direta sobre a possibilidade ou não de todos poderem saber ou não. Ao se evidenciar a necessidade de seres humanos serem percebidos com igualdade em relação as oportunidades não significa que devam ser igualados, mas ao contrário, que sejam consideradas e respeitadas as suas diferenças e que possam expressa-las de forma igual. Isto pode ser compreendido como complexidade humana, a qual deve ser expressa de forma intensa e individual. Sobre isso MORIN (2002, p. 41) considera que
O ser humano é, a um só tempo, físico, biológico, psíquico, cultural, social, histórico. Essa unidade complexa da natureza humana é totalmente desintegrada na educação por meio das disciplinas. Tornou-se impossível aprender se encontre, tome conhecimento e consciência de sua identidade complexa e de sua identidade comum a todos os outros humanos.
A complexa intersecção das múltiplas faces de um ser humano emana a evidente necessidade de se promover diferentes formas de discussão de conceitos científicos para que estes possam sem compreendidos conforme a especificidade de cada sujeito. As TICs associadas ao complexo conceito de ser humano, poderão fazê-lo compreender-se como complexo, dada a necessidade de diversificar concepções e compreensões.
Além disso é possível afirmar que todo o ser humano tem o direito de ser lançado ao desafio de prover-se da condição de constante aprendente. Esta condição existe em razão de um futuro, sem o qual perderia o sentido a possibilidade de estabelecer contados entre o ser humano e o saber. A este respeito FREIRE (1996, p. 94) considera que somos “’Programados para aprender’ e impossibilitados de viver sem a referência de um amanhã, onde quer que haja mulheres e homens há sempre o que fazer, há sempre o que ensinar, há sempre o que aprender”. A projeção de futuro é o que determina o ‘vir a ser’ da educação e os que não tiverem acesso ao vir a ser, não serão.
Ocorre que o vir a ser de alguns transita por caminhos tortuosos, muitos deles instransponíveis aos caminhantes pouco instrumentados. Desta forma para muitas mulheres e homens, antes do acesso ao saber, há um desafio ainda maior em relação ao acesso aos meios pelos quais o saber poderá ser conectado. Vistas desta forma, as TICs podem representar um obstáculo imposto diante de muitos em detrimento de representar uma facilidade para poucos.
Presume-se esta constatação pelo fato de que a impossibilidade de acessar ao saber, inviabiliza a discussão, a qual inviabiliza a compreensão que por sua vez inviabiliza a ação. Mas é a inviabilidade desafiadora que encoraja o educador democrata a agir de acordo com um discurso autêntico, convicto e inconformado, visto por muitos como ingênuo, que o torna forte e vigoroso. A constante aderência entre seu discurso e sua prática o tornam efetivamente engajado no processo de universalização e qualificação do processo de encontro entre o ser humano e o saber. Para FREIRE (2000a, p.73) “A força do educador democrata está na sua coerência exemplar: é ela que sustenta sua autoridade. O educador que diz uma coisa e faz outra, eticamente irresponsável, não é só ineficaz: é prejudicial. Desserve mais do que o autoritário coerente”. Dito isto, percebe-se que trata-se de uma atitude altamente comprometedora, quando se assume um discurso democrata. Se ao contrário, não se estabelece qualquer relação entre teoria e prática democrática, a democracia converte-se em demagogia.
Demagogia tão intensa que se revela quando se pretende inserir tecnologias no meio educacional, sem que seja para todos. Aos que é negado o direito ao acesso não lhe é negado apenas uma oportunidade, mas lhe é imposta uma condição de exclusão que os caracteriza como oprimidos por um sistema que democrática e demagogicamente estende a todos os mesmos direitos e deveres sem demonstrar mesma preocupação em relação condições de exercê-los.
Uma das funções TICs será portanto, promover uma libertação de homens e mulheres que se condicionam diante da imposição constante do opressor, tornando-se dele dependente. A utilização de potenciais até então desconhecidos, por meio de tecnologias pode representar um passo importante em direção a libertação. As TICs poderão desvelar intenções e garantir uma construção dialética de uma nova concepção de homem e mulher.
Por esta construção entende-se que será proposta uma nova realidade diferenciada da que se vive contemporaneamente. Considerando esta demanda FREIRE (1999, p. 53) afirma que “a ação política junto aos oprimidos tem de ser, no fundo, “ação cultural” para a liberdade, por isto mesmo, ação com eles. A sua dependência emocional, fruto da situação concreta de dominação em que se acham e que gera também a sua visão inautêntica do mundo, não pode ser aproveitada a não ser pelo opressor”. Diante disto torna-se fundamental a inserção de novos conceitos e práticas que sejam capazes de oportunizar transformações, dentre elas o do uso de das TICs no contexto educacional. Esta pode ser considerada uma forma de promover o que Paulo Freire denomina de educação libertadora.
A educação libertária prevê essencialmente uma constante postura de ruptura e transformação permanente. Não será possível mudar uma realidade sem romper o status quo que impõe conformismo, estagnação diante do que parece instransponível a luz dos instrumentos convencionalmente disponíveis. O ambiente de insegurança gerado pela transformação constante de contextos é altamente positivo pois rompe ciclos de sedimentação de práticas que se refugiam em ações repetitivas e pouco inovadoras. As TICs são resultado e simultaneamente necessidade da ação (trans)formadora e a efetivarão se assumirem o compromisso em favor da universalização do acesso e compreensão qualificada dos saberes.
As rupturas que se propõe promoverão essencialmente a libertação dos seres humanos, em relação ao que lhe causa intimidação ou alienação. A difusão dos saberes é essencial para que estes possam ser transformados e (trans)formar a realidade de onde provem e que abordam. Entretanto a maior transformação está nos seres humanos, libertando-os da ignorância e da subserviência a que muitas mulheres e homens são sutilmente submetidos. A este respeito FREIRE (1999, p. 27) afirma que “o radical comprometido com a libertação dos homens, não se deixa prender em “círculos de segurança”, nos quais aprisione também a realidade. Tão mais radical, quanto mais se inscreve nesta realidade para, conhecendo-a melhor, melhor poder transformá-la”. A qualificação deste melhoria não é apenas instrumental ou técnica, mas no âmbito dos valores, considerando a necessidade de se prover um agir ético no momento da libertação de seres humanos constituindo sua (trans)formação igualmente ética.
O uso das TICs será instrumento de libertação desde que universal e aderida a posturas éticas quando deste uso. Cabe aqui inserir a necessidade de discussão de constante análise de limites negociáveis a luz da liberdade almejada. Não se pode propor um anarquismo libetário e inconseqüente, mas uma flexibilização crítica de limites no sentido estabelecer critérios e não impedimentos no que diz respeito ao acesso de saberes por meio das TICs.
As informações e conteúdos presentes na Rede Mundial de Computadores (INTERNET) não são necessariamente conceitos e poderão sê-lo se forem expostos como instrumentos de discussão e debate dialéticos e éticos. Não basta dizer que certo conteúdo não é meritório de crédito, mas é preciso fazer conhecer as razões de tal conclusão. FREIRE (1996, p. 118) afirma que
O grande problema que se coloca ao educador ou à educadora de opções democrática é como trabalhar no sentido de fazer possível que a necessidade do limite seja assumida eticamente pela liberdade. Quanto mais criticamente a liberdade assuma o limite necessário tanto mais autoridade tem ela, eticamente falando, para continuar lutando em seu nome.
As mudanças que se fazem necessárias para atender as novas demandas estabelecem, portanto, amplas inserções de valores. A liberdade que efetivamente se quer, é a que garanta a cada ser humano, sentir-se autorizado a expor e (trans)formar seu pensamento e a de seus pares.
Referências bibliográficas
FREIRE, Paulo. Pedagogia dos sonhos possíveis. Organizadora: Ana Maria Araújo Freire. São Paulo: Editora UNESP, 2001.
FREIRE, Paulo. À sombra desta mangueira. 3ª ed. São Paulo: Olho d’água. 2000a.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: Editora UNESP, 2000b.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 26ª edição. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1999
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 15ª edição. São Paulo, SP: Paz e Terra. 1996. (Coleção Leitura)
GADOTTI, Moacir. Pedagogia da terra. São Paulo: Peirópolis, 2000. (Série Brasil Cidadão).
MORIN, Edgar. Os sete saberes necessários a Educação do futuro. Tradução: Catarina Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya. 5a edição. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNESCO, 2002.