03/12/2016

A PERCEPÇÃO DOS PAIS/ RESPONSÁVEIS SOBRE A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR APLICADA NO FUNDAMENTAL I

A PERCEPÇÃO DOS PAIS/ RESPONSÁVEIS SOBRE A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR APLICADA NO FUNDAMENTAL I

JESUS,Arlete Reis; BEZERRA,Ana Carla; GOMES, Abinaéçia Silva; HAYEK,Yasmin El

Resumo: O objetivo desta pesquisa é identificar a percepção dos pais/ responsáveis sobre a disciplina de Educação Física no Fundamental I e se a metodologia aplicada pelo professor é capaz de influenciar nesta percepção. Foi realizada uma pesquisa de campo básica com método de abordagem qualitativa e de meio exploratório. Para a coleta de dados foram distribuídos 170 questionários em 3 escolas da Zona Sul de São Paulo, além dos questionários foram realizadas entrevistas não diretivas com os professores e observações para a categorização dos mesmos em relação a metodologia utilizada. Concluiu-se que os pais/ responsáveis compreendem a importância da Educação Física comparando-a com as demais disciplinas consideradas pela sociedade imprescindíveis para a formação do individuo e que a metodologia aplicada não influência na percepção obtida, pelo fator de pais/ responsáveis não possuírem o devido conhecimento sobre os aspectos essenciais a serem desenvolvidos na Educação Física escolar aplicada no Fundamental I.

Palavras-chave: Percepção. Pais. Responsáveis. Educação Física.

THE PERCEPTION OF PARENTS / GUARDIANS ON APPLIED SCHOOL PHYSICAL EDUCATION IN FUNDAMENTAL I

Abstract: The objective of this research is to identify the perception of parents / guardians about the discipline of Physical Education in Fundamental I and if the methodology applied by the teacher is able to influence this perception. A basic field research was carried out using qualitative and exploratory methods. For the collection of data, 170 questionnaires were distributed in 3 schools in the South Zone of São Paulo. In addition to the questionnaires, non - directive interviews were conducted with the teachers and observations were made to categorize them in relation to the methodology used. It was concluded that the parents / guardians understand the importance of Physical Education comparing it with the other disciplines considered by the society essential for the formation of the individual and that the applied methodology does not influence the perception obtained, because the parents / guardians do not have the Due to the knowledge about the essential aspects to be developed in the School Physical Education applied in Fundamental I.

Keywords: Perception. Parents. Guardians. Physical Education.

 

INTRODUÇÃO

A Educação Física escolar encontra-se em constante discussão, pois se trata de uma disciplina onde auxilia no desenvolvimento geral (Cognitivo/motor/ social e afetivo) das crianças (COLETIVO DE AUTORES, 1992).  

No acompanhamento de professores em período de estágio de Educação Física, foi muito notável que, poucos pais/ responsáveis acompanhavam a agenda escolar de suas crianças, pois diversas vinham em dias de aula prática sem os devidos trajes.

A pesquisa realizada trouxe como problemática A percepção dos pais/ responsáveis sobre a Educação Física escolar aplicada no Fundamental I.

Despertando então a curiosidade de descobrir o porquê não existe uma preocupação para com a prática de atividades físicas escolares; saber se os pais /responsáveis tem conhecimento do que a criança de fato faz nas aulas de Educação Física; o grau de valor que a Educação Física tem comparado com as demais disciplinas; se pais/ responsáveis acham que qualquer profissional pode ministrar aulas de Educação Física.

As indagações que nortearam a pesquisa e permitirá responder a problemática inicial foram: Qual a importância da Educação Física escolar no Ensino Fundamental I? Se a metodologia aplicada pelos professores de Educação Física afeta indiretamente o olhar dos pais/ responsáveis para a disciplina.

O objetivo desse trabalho é identificar a percepção dos pais/responsáveis sobre a disciplina de Educação Física no Ensino Fundamental I.

Portanto o estudo proposto aconteceu dentro de uma pesquisa de campo realizada e tem suas referências teóricas estruturadas em: Metodologia do Ensino de Educação Física (COLETIVO DE AUTORES, 1992); O bom professor e sua prática (CUNHA, 2005); Métodos e Técnicas de Pesquisa Social (GIL, 1994); Educação de corpo inteiro (FREIRE, 1992); Pesquisa Social: Teoria, Métodos e Criatividade (MINAYO, 2009); Lei de Diretrizes e Bases (BRASIL, 1996).

 

EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR E SUA OBRIGATORIEDADE

Nesta pesquisa constatou-se que a obrigatoriedade da Educação Física no Fundamental I passou a existir por conta do surgimento da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), que analisou uma divergência com o que a ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) propunha, que em sua lei n° 8.069 de 13 de Julho de 1990, diz: “a criança e adolescente tem o direito a educação, a cultura, ao esporte e ao lazer”.

Será que, se isso não tivesse acontecido, ainda estaríamos até os dias de hoje sem Educação Física no Fundamental I?

Em 20 de Dezembro de 1996 enfim a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), tornou obrigatório o ensino da Educação Física escolar nas escolas de ensino básico.

De acordo com Barbosa (2001 p.19),

É esse poder legal, representado por leis e decretos, que confere a Educação Física o “status” de disciplina obrigatória do currículo escolar da educação básica, permitindo que sua ação pedagógica se exerça com autoridade e legitimidade, ainda que construída sobre conceitos estereotipados e comprometidos com interesses capitalistas.

Percebemos então independente da situação, o quão foi importante à obrigatoriedade da Educação Física escolar, pois a mesma segundo Brandão (1980 apud Jerônimo, 1998, p.4) “É importante, pois educa pelo movimento o individuo por completo.” [...], deixando de ser uma disciplina que como vista nos anos 70 e 80 preocupava-se apenas com competições e atletas de alto rendimento.

Mas infelizmente no Brasil, alguns Estados e Municípios não seguem a lei como de fato deveriam, deixando por muitas vezes o Ensino infantil e até o Ensino Fundamental I sem a disciplina ou a mesma sendo lecionada por profissionais não especialistas.

Mas afinal, quem deve aplicar?

O CONFEF (Conselho Federal de Educação Física, 2010) aponta no 2° capitulo art. 9° de seu estatuto que:

O profissional de Educação Física é especialista em atividades físicas, nas suas diversas manifestações – ginásticas exercícios físicos (...) lazer, recreação(...), sendo de sua competência prestar serviços que favoreçam o desenvolvimento de educação e da saúde(...). (CONFEF, 2010).

A atual  Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB 9394/96) ressalta em seu art 26,§ 3°que:

A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da Educação Básica, ajustando-se às faixas etárias e às condições da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos (BRASIL, 1996).

Na LDB (1996), podemos encontrar de forma muita clara a obrigatoriedade da disciplina de Educação Física no Ensino Básico, porém não deixa claro qual o profissional é de fato responsável pela aplicação da mesma.

Sobre a formação do profissional a LDB (1996), admite nível superior como formação mínima para profissionais de Educação Física. Para o exercício do magistério na educação infantil e no 1° ciclo do ensino fundamental a modalidade normal, oferecida em nível médio (Art. 62).

Segundo Devide (2013 p. 3), “como um profissional de educação, sem formação superior em Educação Física, terá condições de desenvolver um trabalho com seus alunos, com fins de atingir sequer uma pequena parte destes aspectos propostos pelo PCN (1997) de Educação Física?”.

Onde a mesma PCN (1997) apresenta a perspectiva da Dimensão dos Conteúdos, abordando o Conceitual, Procedimental e Atitudinal.

A Conceitual propõe a discussão de aspectos históricos ao tema abordado, ou seja, trazer a história da modalidade, incluindo suas técnicas, normas e curiosidades. A Procedimental propõe a realização das atividades, junção de teoria e prática, desenvolvendo o aspecto motor, mas sempre trabalhando a organização de conteúdo de forma a desenvolver os aspectos cognitivos e sociais. A Atitudinal propõe ressaltar valores como: cooperação, socialização, respeito. (...), propiciando a vivência dos mesmos.

Sabemos que nos cursos de graduação de pedagogia os assuntos relacionados à Educação Física são reduzidos, não conseguindo preparar este profissional para as questões corpóreas, por não terem tido uma vivência suficiente em atividades lúdicas. Segundo Sayão (2002) “Falta ao educador à vivência de experiências corporais lúdicas através da brincadeira e dos jogos, para completar a sua ação pedagógica com as crianças”.

Além disso, o CONFEF (Conselho Federal de Educação Física), junto com os CREF’s (Conselho Regional de Educação Física) diz em seu estatuto, que as atividades físicas devem ser ministradas por profissionais graduados em Educação Física, sendo considerado exercício ilegal da profissão quando ministradas por não profissionais da área. Deixa claro em seu capitulo II 8° artigo, as atribuições do profissional de Educação Física.

Compete exclusivamente ao profissional de Educação Física, coordenar, planejar, programar, prescrever, supervisionar, dinamizar, dirigir, organizar, orientar, ensinar, conduzir, treinar, administrar, implantar, implementar, ministrar, analisar, avaliar e executar trabalhos, programas, planos e projetos, bem como, prestar serviços de auditoria, consultoria e assessoria, realizar treinamentos especializados, participar de equipes multidisciplinares e interdisciplinares e laborar informes técnicos, científicos e pedagógicos, todos nas áreas de atividades física, desportivas e similares. (CONFEF, 2010).

O OBJETIVO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

O que se tem muito claro como objetivo da educação física é o desenvolvimento motor da criança, através de atividades físicas que possam melhorar a coordenação e execução de movimentos, mas o que poucos sabem é que a Educação Física vai muito além de atividades corporais.

Coletivo de autores (1992, p. 40), aponta:

A expectativa da Educação Física escolar, que tem como objeto a reflexão sobre a cultura corporal, contribui a afirmação dos interesses de classe das camadas populares, na medida em que desenvolve uma reflexão pedagógica sobre valores como solidariedade substituindo individualismo, cooperação confrontando a disputa, distribuição em confronto com a apropriação, sobretudo enfatizando a liberdade de expressão dos movimentos – a emancipação -, negando a dominação e submissão do homem pelo homem.

Como citado em Coletivo de autores (1992) a cultura corporal do movimento é de extrema importância, pois desenvolve a parte intelectual das crianças envolvidas de forma que as mesmas possam vir a se tornar cabeças pensantes, com tomada de decisão e capazes se solucionar problemas adversos.

De acordo com Paes (2001, p. 57):

A Educação Física como uma área de conhecimento que, no âmbito escolar caracteriza-se como uma prática pedagógica onde, através de seu conteúdo clássico (dança, ginástica, esporte e jogo) contribui para o desenvolvimento do homem, tendo em vista sua formação enquanto cidadão e sua habilitação para o exercício da cidadania plena.

 PAPEL DO PROFESSOR

De acordo com Machado (1995), o professor, no desempenho de sua função, pode moldar o caráter dos jovens e, portanto, deixar marcas de grande significado nos alunos em sua formação. Ele é responsável por muitos descobrimentos e experiências que podem ser boas ou não. Como facilitador, deve ter conhecimentos suficientes para trabalhar tantos aspectos físicos e motores, como também os componentes sociais, culturais e psicológicos.

Isso nos mostra que o professor é muito mais do que normalmente vemos, transferindo não só conhecimentos específicos, mas também influenciando de forma consciente ou muitas vezes inconsciente na formação de um cidadão (ã) de bem, com valores, moral, ética e respeitando regras, aspectos estes indispensáveis para um bom convívio em sociedade.

Segundo Cunha (1996): “o papel do professor não se encontra claramente definido e nem valorizado”. Além disso, não podemos nos esquecer de que o professor é fruto de um determinado contexto histórico e social. Em pesquisa realizada (CUNHA, 2005 p.156), ressalta que “muitos professores estão em conflito com o dever-se e estão à procura de uma nova relação que implique a redefinição de seu papel”.

Mas afinal, o que o professor deve ter como objetivo de ensino-aprendizagem?

Darido (1996) através de estudo identifica dois tipos de formação: a tradicional, voltada a valorização da prática esportiva em detrimento de outras práticas educativas, valorizando da competição e da performance e outra mais cientifica, a qual enfatiza a teoria e o conhecimento científico derivado das ciências mães.

Piaget (1970) enfatiza o uso das dimensões Conceituais e Procedimentais. Sendo que as abordagens sempre surgem de maneira a melhorar algum aspecto ainda não explorado.

Celante expos que os professores demonstram conhecimento a respeito dos conteúdos a serem ministrados durante o ano letivo, mas que possuem uma deficiência a respeito dos objetivos a serem atingidos e nos métodos a serem utilizados (NEIRA; NUNES, 2008, apud CELANTE, 2000).

Brasil (1997) a PCN defende como citado anteriormente, a Dimensão dos Conteúdos, trazendo sempre o conceito de respeitar o estágio de desenvolvimento do aluno.

Em nossa vivência de estágio, identificamos que poucos profissionais utilizam destas ferramentas para estruturar suas aulas. Segundo Silva (1992), é indiscutível que o professor que reunir a maior parte destas características dificilmente falhará em sua prática pedagógica.

O que podemos entender de tudo isto, que o professor de Educação Física deve ensinar seus alunos não só a prática esportiva, mas também valores humanos.

Mas cabe somente ao professor o ensinamento de todos estes aspectos?

 

PAIS/RESPONSÁVEIS

De acordo com o 2° artigo da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira) de 1996, a educação é:

“Dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, [que] tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.”

De acordo com Buscaglia (1997, p.78),

 Hoje a família é percebida como um contexto complexo, mas promotor do desenvolvimento, da sobrevivência e da socialização da criança, [...], não há duvida de que a família, tal qual existe atualmente, é uma força poderosa. Ela desempenha importante papel a determinação do comportamento humano, na formação da personalidade, no curso moral, na evolução mental e social, no estabelecimento da cultura e suas instituições.

“É de suma importância que a escola e os pais/responsáveis estejam juntos, acompanhando a vida escolar de seus filhos”, conforme nos mostra (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p.32).

Para Buscaglia (1997) a família deve assumir sua parte da responsabilidade [...].

Afinal quando a criança vai para a escola ela já possui um pequeno acervo de condutas e gostos, vindo estes das experiências vividas do ambiente familiar.

 

METODOLOGIA

O estudo foi realizado com o embasamento de uma pesquisa de campo básica onde Gil (1994, p.43), “[...] permite obtenção de novos conhecimentos no campo de realidade social”.

Utilizando como método a abordagem qualitativa, onde Minayo (2009, p.22) defende que, este tipo de pesquisa, “se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado”.

Utilizamos nesta pesquisa o meio exploratório, segundo Gil (1994, p.44) “[...], tem como principal finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, com vistas na formulação de problemas mais preciosos ou hipóteses pesquisáveis [...] envolvem levantamento bibliográfico e documental, entrevistas com pessoas diretamente envolvidas no assunto”, e também sendo descritiva por ter como objetivo a descrição das características de determinadas populações ou fenômenos [...] (GIL, 1994, p.45).

Para a coleta de dados, foram distribuídos o total de 170 questionários, divididos em três escolas da zona sul de São Paulo, sendo uma (1) Estadual e duas (2) Municipais, para pais/responsáveis de Ensino Fundamental I por meio dos alunos, destes retornaram 51 para serem discutidos no presente trabalho. Os questionários foram testados com alunos do Uniítalo, para depois serem reavaliados e enfim distribuídos. Junto com os questionários foram: autorização da diretoria das escolas, termo de esclarecimento, termo de consentimento, questionário socioeconômico e questionário construído através das percepções tidas nos estágios realizados, sendo que este foi elaborado de forma a não induzir aos pais/responsáveis a alguma resposta, sendo que em algumas perguntas era possível a escolha de várias alternativas com a preocupação de obter perguntas fechadas para uma melhor análise e com o propósito de que os pais/responsáveis sejam os mais sinceros possíveis em suas visões. Esses questionários foram categorizados em dois grupos: professores de metodologia “tradicional” e cientifica, sendo que foi realizada uma entrevista e observações para a categorização dos professores em relação às metodologias utilizadas.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram distribuídos 170 questionários sendo que, retornaram 51 para serem avaliados e discutidos, 39 pessoas foram do sexo feminino e apenas 12 do sexo masculino, a faixa etária predominante foi de 26 a 41 anos e com 51% de pessoas casadas, 53% dos avaliados moram de quatro a sete pessoas, onde apenas 6% possui ensino superior.

Um dos fatores que a pesquisa apresentou foi que apenas 63% dos pais/responsáveis dizem que seus filhos nunca foram sem os trajes adequados para as aulas de Educação Física, confirmando as observações realizadas nos estágios acompanhados.

A seguir serão apresentados os resultados encontrados com a pesquisa.

 

Gráfico 01. Resultado geral da classe social.

A pesquisa realizada aponta que a classe social predominante dos entrevistados foi classe média baixa com 54% das apurações, seguida da classe social baixa com 42% e ficando com apenas com 4% na classe social média e nenhuma entrevista que se enquadrasse na classe social alta.

Gráfico 02. Resultado geral da percepção dos pais para com os professores.

79% dos pais/ responsáveis compreendem que apenas profissionais formados na área são habilitados para aplicar os conteúdos da matéria conforme a proposto na LDB (1996).

Gráfico 03. Resultado geral da percepção dos pais sobre os materiais disponíveis na escola. 

Conforme mostra o gráfico 03 é possível perceber que existem falhas, 32% das escolas possuem um amplo material para as aulas, levantando a questão do porque o professor não consegue em alguns momentos evoluir em suas propostas, 30% dos pais/ responsáveis alega que a escola disponibiliza poucos materiais para as aulas de Educação Física, fator este que dificulta a proposta de atividades diversificadas do professor e realça a ausência do Estado e Município, 32% dos pais/ responsáveis dizem não ter conhecimento do assunto, levantando a possível falta de interesse por parte dos mesmos.

Nesse sentido, os campos de experiências não estão concentrados apenas nas crianças, tão pouco no/a professor/a, mais nas relações que ocorrem entre as crianças, ou o (a) professor (a), os familiares, a comunidade, os saberes, a linguagem, o conhecimento e o mundo (NACIONAL, 2016, p.64).

Gráfico 04. Resultado geral da percepção dos pais referente à importância das disciplinas.

A pesquisa mostra que os pais/ responsáveis não veem a disciplina de Educação Física inferior às demais, como mostra o gráfico 04, ficando muito próxima das matérias que são consideradas essenciais para formação.

Gráfico 05. Resultado geral do papel do professor.

O gráfico 05 aponta que indiferente da metodologia ser tradicional ou cientifica os pais/ responsáveis acreditam que o principal papel do professor é realizar o preparo físico das crianças.

Gráfico 06. Resultado geral da percepção dos pais para o amadurecimento das crianças.

A pesquisa também deixa claro que os pais/responsáveis não conhecem as fases de maturação das crianças acreditando que no Fundamental I elas já estejam preparadas para aprender técnicas e regras dos esportes como mostra o gráfico 06.. Segundo Gallahue (2005), até o 5° ano, antiga 4° série, deve se respeitar os estágios de desenvolvimento motor, afetivo e social das crianças, trabalhando os sentidos de explorar possibilidades de movimentos, descobertas de soluções para tarefas motoras e combinar habilidades fundamentais de locomoção, manipulação e estabilização, somente a partir do 6° ano, antiga 5° série, ensina - se habilidades técnicas do esporte.

Gráfico 07. Resultado geral das prioridades da Educação Física.

No gráfico 07 nos aspectos sair da sala/ lazer e aumentar o gasto energético a metodologia tradicional tem maior porcentagem em relação à metodologia cientifica. Na metodologia tradicional é onde explora pouco a parte conceitual da aula.

Gráfico 08. Resultado geral das necessidades das crianças.

No gráfico 08 aponta que as necessidades sociais, afetivas e cognitivas estão abaixo das recreativas e motora, ressaltando que os pais podem não entender a diferença destas necessidades, apenas relacionando a Educação Física com a prática de exercícios físicos.

Gráfico 09. Resultado geral da percepção dos pais sobre as melhorias das crianças. 

O gráfico 09 mostra que os pais/ responsáveis notam de maneira considerável que após as aulas de Educação Física suas crianças desenvolveram inúmeras melhorias e que independente da metodologia eles tem a mesma percepção.

Gráfico 10, Tipos de melhorias percebidas.

No gráfico 10 é possível afirmar que os pais/ responsáveis percebem que a melhoria mais evidente é a motora para as duas metodologias, sendo que, no aspecto social a cientifica dispara com relação a tradicional, diferente do aspecto afetivo que sobressai a metodologia tradicional.

Gráfico 11. Resultado geral da percepção dos pais para as horas semanais necessárias.

Não diferente do que hoje já encontramos disponível nas escolas os pais/ responsáveis  acreditam que de 1 a 2 horas semanais  sejam adequadas para as aulas de Educação Física como mostra o gráfico 11 e 30% dos entrevistados acreditam que apenas 50 minutos por semana seja suficiente para um bom aprendizado do conteúdo proposto.

Gráfico 12. Resultado geral do que as crianças mais gostam de fazer nas aulas de Ed. Física

 

No gráfico 12 é perceptível o quanto as crianças não gostam das aulas teóricas, muitas vezes por cultura da metodologia tradicional, onde o professor prioriza o conteúdo prático á aplicar e deixa em segundo plano o método empregado (NEIRA; NUNES, 2008), sendo possível notar o destaque de 0 a 1 que apresenta a metodologia cientifica no aspecto aulas teóricas, onde o método conceitual possui maior ênfase, não despertando o interesse das crianças, sendo possível associar ao aspecto tempo livre, que na metodologia cientifica apresenta 55% da nota de 4 a 5 referentes ao questionamento do que as crianças mais gostam na aula de Educação Física, talvez pelo fator de terem poucas aulas sem o dever de cumprir algo direcionado pelo professor.

É possível perceber que os alunos do professor que trabalha as três dimensões (conceitual, procedimental e atitudinal), sendo este o cientifico é pouco adorado, por trazer mais momentos em sala de aula para enfatizar o conceito da atividade, como podemos notar no gráfico acima onde o professor tradicional obteve 74% de notas de 4 a 5 sobre o quanto as crianças o adoram.

O aspecto aulas de ginástica com nota 0 a 1 (que as crianças menos gostam) ficou 70% para o professor considerado cientifico e apenas 29% para o professor de metodologia tradicional, sendo assim é nítido que a metodologia cientifica explora a cultura corporal do movimento, diferente do que as crianças estão habituadas a praticar, como o futebol, voleibol, basquetebol e handebol sendo perceptível no aspecto esportes que independente da metodologia 74,5% das crianças gostam desse tipo de atividade.

 

CONCLUSÃO

Ao fim desta pesquisa foi concluído que os pais reconhecem a Educação Física com uma matéria tão importante quanto às demais, mas que fazem pouco acompanhamento para com a formação educativa de suas crianças, fazendo com que não haja cobranças para com o professor(a), influenciando - o a entrar em uma zona de conforto. No entanto sem tirar em nenhum momento a responsabilidade do professor em permanecer numa constante evolução em sua metodologia de ensino-aprendizagem.

Foi muito notável que os pais/ responsáveis conseguem diferenciar os aspectos motores e sociais, mas não conseguem distinguir muito bem os aspectos cognitivos/ afetivos e onde eles se enquadram dentro das aulas de Educação Física, portanto a metodologia aplicada não influência na percepção obtida, pelo fator de pais/ responsáveis não possuírem o devido conhecimento sobre os aspectos essenciais a serem desenvolvidos na Educação Física escolar aplicada no Fundamental I. Tendo com eles, que a Educação Física prioriza o aspecto motor e físico e ainda que nesta fase suas crianças já estejam desenvolvidas a ponto de adquirir técnicas e regras dos esportes, entrando em contradição com o que de fato eles veem o professor aplicando, pois neste ciclo as aulas devem ser baseadas em jogos pré- desportivos e brincadeiras lúdicos, fazendo com que eles deduzam que a Educação Física é um momento de recreação/ lazer.

Sugere se que seja realizado mais pesquisas e estudos de forma mais aprofundada devido à falta de artigos com esta linha de pensamento, para com isso obter mais conhecimento e descobrir mais influenciadores que modifiquem a percepção dos pais/responsáveis, como: Nível de escolaridade, Nível social, regime de trabalho, instituição, formação do profissional, etc...

A fim de ter uma evolução na formação destas crianças de maneira integral.

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