08/06/2020

A Filosofia Black Power: o método de análise do racismo institucional

A Filosofia Black Power: o método de análise do racismo institucional

 

Antonio Gomes da Costa Neto

Doutor em Ciências Sociais

correio.antonio@gmail.com

http://lattes.cnpq.br/4154607294858508

 

Introdução

 

Racism is both overt and covert. It takes two, closely related forms; individual whites acting against individual blacks, and acts by the total white community against the black community. We call the individual racism and institutional racism. The first consists of overt acts by individuals, which cause death, injury or the violent destruction of property. This type can be recorded by television cameras; it can frequently be observed in the process of commission. The second type is less overt, far more subtle, less identifiable in terms of specific individuals committing the acts. But is no less destructive of human life. The second type originates in the operation of established and respected forces in the society, and thus receives far less public condemnation than firs type. (STOKELY, HAMILTON, 2001 [1967], p. 112).

 

Deparamo-nos ao estudar o conceito de racismo institucional com premissas que devem ser dirimidas, no sentido de buscar entender a capacidade ofertada pela definição e ter condições de fazê-la ser compreendida em todas as situações, pelo vasto conhecimento e campo de aplicação, trata-se de um pensamento completo e pleno, em razão das suas palavras tornarem evidente a capacidade de produzir valores semânticos.

Depreende-se do conceito ofertado para adquirir eficácia sobre o sentido a partir da sua premissa do entendimento do racismo, posto isso reverbera em diversos campos, parte da situação concreta ao inferir o pressuposto do racismo individual, o qual é praticado de forma perene e voluntária pelo indivíduo, bem como é identificável sem qualquer ressalva ou dificuldade, por consequência essa atitude gera traumas, destruição, violência simbólica e material.

Busca-se nesse estudo demonstrar o conceito de racismo institucional como pensamento filosófico erigido do movimento Black Power, cujos princípios, causas e as razões levam-nos a conclusão teórica de ideia força dotada de condições de explicar, mensurar e romper os desafios metodológicos, consequentemente oferecer uma análise fundamentada.

 

Breve introdução ao conceito de racismo institucional

 

Concernente ao racismo institucional versa sobre a característica do indivíduo que se esforça para persuadir sua identificação, porém, consiste em atos intencionais praticados sob a égide de um mecanismo organizado, normalmente ao abrigo da forma institucionalizada, instaurado na certeza de está permeado de aquiescência dos grupos dominantes, propagado dentro de ambientes organizacionais resguardados pela regra do poder burocrático dentro do poder institucionalizado.

Para consolidar-se faz uso de uma ação espontânea, continuada e prolongada da destruição física, emocional e intelectual dos coletivos da sociedade, para se efetivar utiliza da omissão, subordinação, cooptação e a deliberada vontade de não alterar quaisquer das situações evidenciadas em desfavor da sociedade, dessa forma tolhe os direitos morais e materiais de todos aqueles que estão fora das esferas de poder de alcançar algum benefício coletivo.

Esse poder, habitualmente vinculado à seara do poder institucionalizado se exerce pela ação – ato individual – por ação ou omissão, sem recalcitrância, com pleno conhecimento dos resultados em face da subordinação formal e do voluntário ato de manter-se cooptado, por vezes argumenta ter exaurido os espaços dentro do campo do poder, todavia, não admite ou assume o ônus de haver contribuído para a manutenção e perpetuação dos danos, por essa razão julgam-se isentos da condenação, por vezes avultado por recompensas burocráticas e patrimoniais.

Entretanto, o pensamento filosófico para consolidar-se como de aplicação difusa deve ser capaz de demonstrar os fatos norteadores dessas atitudes baseiam-se na cumplicidade, bem como na história do colonialismo, nos sistema de relações de poder, e no contexto colonizatório-civilizatório ao atribuir-lhe como o indivíduo-referente, demonstrando a existência do racialismo, cujas bases científicas, religiosas e legais promoveram a institucionalização do racismo.

Dessa forma recorre ao racialismo como representação institucionalizada, datada, normatizada e transportou-se para os Estados colonizados, gera por consequência o racismo ao atribuir a função de prática civilizatória, cujo indivíduo-referente é compelido por teses, maneira de pensar, agir e atuar na destruição simbólica e material dos demais indivíduos não alinhados com sua vontade institucional do poder.

Denota-se por essa vontade quando discorre o pensamento filosófico em relação ao racismo institucional que não se estabelece apenas por dicotomias, demonstra divergências, descreve o conteúdo implícito das ideias, surge como conhecimento capaz de ser amplamente utilizado em todos os processos de análise institucionais, os quais o poder-referente busca manter, destruir e aniquilar todos aqueles que são contrários e desafiam a política do poder.

Destarte o pensamento apresenta de forma inequívoca e demonstra quem são aqueles responsáveis pelo sistema de poder institucionalizado, cujas ações de forma individual, deliberada, por meio da aquiescência, omissão, cumplicidade, subordinação e cooptação utilizando-se dos diversos mecanismos contribuem para a manutenção das vantagens do indivíduo-referente, cujo fito é de manter-se no poder institucionalizado, e somente são desvendados pelo uso do conceito do racismo institucional.

 

Mensurar o racismo institucional

 

Estabelecidas às bases do pensamento filosófico, a partir da construção do conhecimento ofertado pelo movimento Black Power e sua aplicabilidade em situações de relação de poder institucionalizado, há de se tornar efetivo para demonstrar e determinar a sua operabilidade sobre as dimensões no tocante aos momentos passíveis de percepção, desse modo ser capaz de comprovar, identificar e estabelecer os critérios para tornar evidente sem qualquer ressalva.

Precipuamente o domínio filosófico leva ao entendimento da existência do racismo institucional, o qual passou a ter interpretações sobre o seu conceito para fins de aplicação metodológica, ou seja, na instância de pesquisa para atingir o máximo de eficiência e corroborar seus contornos, quando passíveis de verificação em casos reais, de análises pormenorizadas de atitudes burocráticas institucionalizadas.

Devemos nos ater que essas práticas estão inseridas em estruturas institucionalizadas de poder, podem ser simples ou complexas, constituídos em diversos sistemas e têm por finalidade e agrega para manter-se por vários elementos constitutivos, torna-se necessário quando de sua identificação aferir se o indivíduo atuou como responsável pelo ato institucionalizado, afinal parte da premissa da prática pelo indivíduo.

Nosso desafio primário é observar se esses fatos e atos podem ser observáveis por meio de experimentos laboratoriais e de campo, cujas análises dos achados devem ser capazes de produzir índices de indicadores em relação às questões metodológicas envolvidas, de modo a perceber se as situações demonstram que se trata de resistência simbólica e material dentro do espaço de poder.

Para esse fim devemos observar se existem aspectos tais como: diversas interpretações variáveis em função de atos normativos; se diacrônicos, a qual deve ter atenção sobre a formação ao tempo de sua produção; descritivos, ao realizar-se pela análise detida de forma a revelar os dados; publicização das informações e da identificação nos processos gerais de atuação. Logo, expor os achados observáveis dentro do campo.

Entretanto, os desafios a serem superados pela proposição do pensamento filosófico, no tocante ao racismo institucionalizado (institucional), para análise das práticas devem ter a capacidade de proceder à mensuração por instrumentos quando se faz uso do método, esse deve ser suficientemente capaz de cumprir essa finalidade, desafio que buscaremos superar para demonstrar sua aplicabilidade em diversas searas e a sua capacidade de expor o indivíduo.

Nesse sentido o pensamento filosófico do racismo institucional é completo a aplicável a todos os casos, decerto oferta a possibilidade de aplicação em análises por carregar a fórmula de como compreender as práticas nos mecanismos institucionalizados, posto isso de modo a promover uma investigação sistematizada, ao descrever de forma explícita cada momento de sua realização, e como se põe em prática para consolidar-se, e por derradeiro acomodar-se.

Portanto, o pensamento filosófico tem o atributo de demonstrar como o poder institucionalizado opera, articula-se e utiliza-se dos meios burocráticos para manter-se inerte, nega ampliar o poder aos demais segmentos sociais, uma vez que é praticado por indivíduos que produzem situações capazes de mensuração, determinando de forma explícita quando fazem uso dessa prática, cujas razões e a intencionalidade os levaram a esse desiderato.

 

O método de análise do racismo institucional

 

Buscaremos a partir da premissa do pensamento filosófico identificar os contextos, motivações, manutenção do processo institucionalizado o qual somente um conceito tem a capacidade de levar o analista a compreender e diferenciar esses achados, por serem mecanismos identificáveis em processos sociais praticados dentro de ambientes institucionalizados pelo exercício do poder burocrático.

Nesse sentido a construção do conhecimento ofertado vai além de um sentido único, extrapola todas as variáveis de possibilidades de forma direta, explicita e demonstra ter capacidade de conferir-nos diversos campos acadêmicos de raciocínio, afinal, trata-se de modelo científico que deve ser empregado como técnica em diversas análises.

O conceito demonstra ao propor seu foco no racismo institucional, quando torna evidente que todas as análises devem ser observadas à luz da diferença pela experiência individual e a sua reverberação em relação ao poder institucional, ou seja, partimos do pressuposto do indivíduo é o responsável pela sua ação, especificando ter uma relação direta.

Inicia-se pela ideia do indivíduo, e sua relação com a identidade dos demais integrantes da sociedade, dessa forma atribui para si como referente, institucionalmente o faz de modo a permear todos os valores extrínsecos e intrínsecos da sociedade, dessa maneira os demais devem reconhecer como um princípio a partir da sua posição de poder.

Para esse desiderato faz uso do poder institucionalizado para manutenção e durabilidade dessa condição, utilizando-se de todos os indivíduos que também buscam igualar-se ao referente na esfera de poder, depreende-se dessa forma que o indivíduo está no centro das operações institucionais com intencionalidade, finalidade e objetivos, bem como pela aquiescência, subordinação ou aferição de vantagens.

O pensamento Black Power não tem reservas em demonstrar ser o indivíduo-referente causador e a quem direciona sua intencionalidade, porém, estabelece a partir da construção da racialização, consequentemente, pela prática do racismo entre os demais indivíduos em função da sua diferença a partir de traços consignados pelo indivíduo-referente.

Nesse sentido o pensamento Black Power é grandioso, ao ser aplicado de forma difusa não é uma é uma abordagem separada do contexto da sociedade, pelo contrário, conecta com extrema percepção as vinculações do responsável por meio de duas formas: individualista e institucionalizada.

No processo individualista caracteriza-se quando esse é realizado de forma explícita, voluntariamente, consciente e pelo uso recorrente de modelos verbais e escrituras, perceptíveis,e praticado com certeza de que o indivíduo-referente pode proporcionar atos com a certeza de danos irreparáveis, de curto, médio e de longo prazo, sempre com o uso do poder institucional.

Em relação à segunda forma ou institucional, necessariamente o indivíduo também realiza e formaliza sua intencionalidade, todavia, praticado dentro de um aparelho institucional, utilizando-se do paradigma do referente, não interfere na mudança do sistema, eis que as relações de poder e os interesses intrínsecos podem ser exercidos por subordinação, cooptação, invariavelmente, na busca de recompensas.

Percebe-se do pensamento filosófico do racismo institucional tem aplicabilidade geral, pois apesar de utilizar o racismo como fonte de demonstração do processo de exclusão, demonstra a saciedade que todo e qualquer indivíduo para manter-se dentro do poder-referente utilizar-se de todos os mecanismos possíveis para não alterar essa situação.

Nesse aspecto ao utilizar-se do modelo para mensurarmos o racismo institucional a partir do indivíduo, cuida-se de um método, eis que explica, utiliza, expõe e identifica as práticas elegidas pelo referente, torna evidente a utilidade ou vantagem de se valer do mecanismo institucionalizado, por se tratar o lugar específico o qual o indivíduo não o efetiva em favor do coletivo, eis que todas as instâncias de poder são ocupadas pelo sujeito-referente.

Por certo uma das grandes razões do silenciamento para o reconhecimento explícito do pensamento filosófico inserido no movimento Black Power, além de expor as práticas destrutivas do racismo, comprova e afirma que o indivíduo realiza com o intuito de manter-se dentro do poder institucionalizado, igualando-se ao referente pelo poder institucional, demonstra o responsável sem qualquer ressalva, inclusive, no prejuízo do contexto cultural.

Nesse aspecto que o pensamento revela o fenômeno implícito entre o poder institucionalizado e o indivíduo, o qual está inserido no contexto das implicações culturais, pelo uso de mecanismos que não objetivam a desconstrução das práticas de dominação, por outro lado, não contribui para que todos os interessados possam de forma harmônica reconhecer a imperiosa necessidade da desconstrução.

Inequivocamente nenhum outro pensamento filosófico tem a robusta capacidade de agregar tantos aspectos de análise a partir do racismo institucional, ao utilizar-se como método e modelo adequado a quaisquer instrumentos, por conduzir a objetividade de desvendar de forma direta aquele que pratica o ato sem qualquer ressalva ou contradição.

Percebe-se então que para comprovar a prática institucionalizada pelo indivíduo-referente fica compelido a mostrar-se, identificar-se, e como bem ressalta o pensamento constitui-se em ação aceita pelo poder institucionalizado, com a anuência pelos envolvidos das práticas, com a aquiescência, de conhecimento notório, mas na sua recalcitrância receiam a identificação.

Nesse prisma o conceito pode e deve ser empregado em diversas análises, eis que o poder-referente revela o indivíduo diretamente ligado à institucionalização, percebe-se pelo racismo institucional como inerente ao indivíduo-referente nas instâncias do poder institucionalizado, seja por omissão, anuência, subordinação, cooptação, além do desejo avultoso de recompensas, demonstrando que o agente causador não se rebela pela sua atitude.

Deparamos com o indivíduo por meio do referente e do poder, por essa razão todos os atos realizados que levam a destruição de outros grupos sociais, podem ter como premissa o pensamento filosófico do racismo institucional, por essa razão que o pensamento apresenta o nexo entre a causa e o seu responsável, inclusive para fins de prejuízo a cultura.

Encontramos o ponto causal e o seu valor probante, pois o indivíduo no racismo individual tem sua base na discriminação racial, e o racismo institucional se realiza em relação do grupo étnico-racial, por essa razão o indivíduo tem consciência que está fazendo de forma voluntária, consciente com ânimo de vontade para manutenção do seu referente-poder.

E por essa razão que o modelo pode ser replicado aos demais grupos da sociedade, demonstrando que o individuo atua para manter-se dentro do seu referente, ou seja, não tem interesse em alterar as situações existentes, para consolidar-se utiliza do poder institucionalizado, equiparando-se ao referente-indivíduo, cujo interesse em manter-se dentro da esfera do poder.

 

Conclusões

 

O presente trabalho buscou apresentar o pensamento filosófico do movimento Black Power, o qual faz uso do conceito do racismo institucional como uma ferramenta metodológica cuja capacidade de ser aplicada para diversos campos científicos de forma difusa.

Tem como pressuposto teórico o racismo para explicar as diferenças entre o individual e institucional, posto isso demonstra a prática institucionalizada reflete no indivíduo, o qual busca integrar-se ao espaço do referente para manter-se dentro do poder institucionalizado.

Em razão da capacidade de identificar com perfeição o nexo causal entre o indivíduo-referente dentro do poder institucionalizado, bem como revela o interesse para usufruir de benefícios institucionais.

Consagra-se o pensamento filosófico do movimento Black Power, como método de análise, eis que determina quem o pratica, como o faz, as razões desse interesse e por derradeiro indica o indivíduo responsável.

Consequentemente, revela o contexto cultural implícito entre o poder institucionalizado e o indivíduo, cuja proposta de desconstrução da dominação é um dos aspectos identificados pelo pensamento Black Power.

Talvez nenhum outro método oferte com tanta precisão o indivíduo que o pratica, não esconde a realidade, revela o interesse institucionalizado, tanto pela manutenção do poder como pela recepção de benefícios. Acertadamente, cuida-se de pensamento filosófico e método científico.

 

CARMICHAEL, Stokley; HAMILTON, Charles. Black Power: The Politics of liberation in America. New York: Randon House, 1967.

 
 

A Filosofia Black Power: o método de análise do racismo institucional

 

Antonio Gomes da Costa Neto

Doutor em Ciências Sociais

correio.antonio@gmail.com

http://lattes.cnpq.br/4154607294858508

 

Introdução

 

Racism is both overt and covert. It takes two, closely related forms; individual whites acting against individual blacks, and acts by the total white community against the black community. We call the individual racism and institutional racism. The first consists of overt acts by individuals, which cause death, injury or the violent destruction of property. This type can be recorded by television cameras; it can frequently be observed in the process of commission. The second type is less overt, far more subtle, less identifiable in terms of specific individuals committing the acts. But is no less destructive of human life. The second type originates in the operation of established and respected forces in the society, and thus receives far less public condemnation than firs type. (STOKELY, HAMILTON, 2001 [1967], p. 112).

 

Deparamo-nos ao estudar o conceito de racismo institucional com premissas que devem ser dirimidas, no sentido de buscar entender a capacidade ofertada pela definição e ter condições de fazê-la ser compreendida em todas as situações, pelo vasto conhecimento e campo de aplicação, trata-se de um pensamento completo e pleno, em razão das suas palavras tornarem evidente a capacidade de produzir valores semânticos.

Depreende-se do conceito ofertado para adquirir eficácia sobre o sentido a partir da sua premissa do entendimento do racismo, posto isso reverbera em diversos campos, parte da situação concreta ao inferir o pressuposto do racismo individual, o qual é praticado de forma perene e voluntária pelo indivíduo, bem como é identificável sem qualquer ressalva ou dificuldade, por consequência essa atitude gera traumas, destruição, violência simbólica e material.

Busca-se nesse estudo demonstrar o conceito de racismo institucional como pensamento filosófico erigido do movimento Black Power, cujos princípios, causas e as razões levam-nos a conclusão teórica de ideia força dotada de condições de explicar, mensurar e romper os desafios metodológicos, consequentemente oferecer uma análise fundamentada.

 

Breve introdução ao conceito de racismo institucional

 

Concernente ao racismo institucional versa sobre a característica do indivíduo que se esforça para persuadir sua identificação, porém, consiste em atos intencionais praticados sob a égide de um mecanismo organizado, normalmente ao abrigo da forma institucionalizada, instaurado na certeza de está permeado de aquiescência dos grupos dominantes, propagado dentro de ambientes organizacionais resguardados pela regra do poder burocrático dentro do poder institucionalizado.

Para consolidar-se faz uso de uma ação espontânea, continuada e prolongada da destruição física, emocional e intelectual dos coletivos da sociedade, para se efetivar utiliza da omissão, subordinação, cooptação e a deliberada vontade de não alterar quaisquer das situações evidenciadas em desfavor da sociedade, dessa forma tolhe os direitos morais e materiais de todos aqueles que estão fora das esferas de poder de alcançar algum benefício coletivo.

Esse poder, habitualmente vinculado à seara do poder institucionalizado se exerce pela ação – ato individual – por ação ou omissão, sem recalcitrância, com pleno conhecimento dos resultados em face da subordinação formal e do voluntário ato de manter-se cooptado, por vezes argumenta ter exaurido os espaços dentro do campo do poder, todavia, não admite ou assume o ônus de haver contribuído para a manutenção e perpetuação dos danos, por essa razão julgam-se isentos da condenação, por vezes avultado por recompensas burocráticas e patrimoniais.

Entretanto, o pensamento filosófico para consolidar-se como de aplicação difusa deve ser capaz de demonstrar os fatos norteadores dessas atitudes baseiam-se na cumplicidade, bem como na história do colonialismo, nos sistema de relações de poder, e no contexto colonizatório-civilizatório ao atribuir-lhe como o indivíduo-referente, demonstrando a existência do racialismo, cujas bases científicas, religiosas e legais promoveram a institucionalização do racismo.

Dessa forma recorre ao racialismo como representação institucionalizada, datada, normatizada e transportou-se para os Estados colonizados, gera por consequência o racismo ao atribuir a função de prática civilizatória, cujo indivíduo-referente é compelido por teses, maneira de pensar, agir e atuar na destruição simbólica e material dos demais indivíduos não alinhados com sua vontade institucional do poder.

Denota-se por essa vontade quando discorre o pensamento filosófico em relação ao racismo institucional que não se estabelece apenas por dicotomias, demonstra divergências, descreve o conteúdo implícito das ideias, surge como conhecimento capaz de ser amplamente utilizado em todos os processos de análise institucionais, os quais o poder-referente busca manter, destruir e aniquilar todos aqueles que são contrários e desafiam a política do poder.

Destarte o pensamento apresenta de forma inequívoca e demonstra quem são aqueles responsáveis pelo sistema de poder institucionalizado, cujas ações de forma individual, deliberada, por meio da aquiescência, omissão, cumplicidade, subordinação e cooptação utilizando-se dos diversos mecanismos contribuem para a manutenção das vantagens do indivíduo-referente, cujo fito é de manter-se no poder institucionalizado, e somente são desvendados pelo uso do conceito do racismo institucional.

 

Mensurar o racismo institucional

 

Estabelecidas às bases do pensamento filosófico, a partir da construção do conhecimento ofertado pelo movimento Black Power e sua aplicabilidade em situações de relação de poder institucionalizado, há de se tornar efetivo para demonstrar e determinar a sua operabilidade sobre as dimensões no tocante aos momentos passíveis de percepção, desse modo ser capaz de comprovar, identificar e estabelecer os critérios para tornar evidente sem qualquer ressalva.

Precipuamente o domínio filosófico leva ao entendimento da existência do racismo institucional, o qual passou a ter interpretações sobre o seu conceito para fins de aplicação metodológica, ou seja, na instância de pesquisa para atingir o máximo de eficiência e corroborar seus contornos, quando passíveis de verificação em casos reais, de análises pormenorizadas de atitudes burocráticas institucionalizadas.

Devemos nos ater que essas práticas estão inseridas em estruturas institucionalizadas de poder, podem ser simples ou complexas, constituídos em diversos sistemas e têm por finalidade e agrega para manter-se por vários elementos constitutivos, torna-se necessário quando de sua identificação aferir se o indivíduo atuou como responsável pelo ato institucionalizado, afinal parte da premissa da prática pelo indivíduo.

Nosso desafio primário é observar se esses fatos e atos podem ser observáveis por meio de experimentos laboratoriais e de campo, cujas análises dos achados devem ser capazes de produzir índices de indicadores em relação às questões metodológicas envolvidas, de modo a perceber se as situações demonstram que se trata de resistência simbólica e material dentro do espaço de poder.

Para esse fim devemos observar se existem aspectos tais como: diversas interpretações variáveis em função de atos normativos; se diacrônicos, a qual deve ter atenção sobre a formação ao tempo de sua produção; descritivos, ao realizar-se pela análise detida de forma a revelar os dados; publicização das informações e da identificação nos processos gerais de atuação. Logo, expor os achados observáveis dentro do campo.

Entretanto, os desafios a serem superados pela proposição do pensamento filosófico, no tocante ao racismo institucionalizado (institucional), para análise das práticas devem ter a capacidade de proceder à mensuração por instrumentos quando se faz uso do método, esse deve ser suficientemente capaz de cumprir essa finalidade, desafio que buscaremos superar para demonstrar sua aplicabilidade em diversas searas e a sua capacidade de expor o indivíduo.

Nesse sentido o pensamento filosófico do racismo institucional é completo a aplicável a todos os casos, decerto oferta a possibilidade de aplicação em análises por carregar a fórmula de como compreender as práticas nos mecanismos institucionalizados, posto isso de modo a promover uma investigação sistematizada, ao descrever de forma explícita cada momento de sua realização, e como se põe em prática para consolidar-se, e por derradeiro acomodar-se.

Portanto, o pensamento filosófico tem o atributo de demonstrar como o poder institucionalizado opera, articula-se e utiliza-se dos meios burocráticos para manter-se inerte, nega ampliar o poder aos demais segmentos sociais, uma vez que é praticado por indivíduos que produzem situações capazes de mensuração, determinando de forma explícita quando fazem uso dessa prática, cujas razões e a intencionalidade os levaram a esse desiderato.

 

O método de análise do racismo institucional

Baixar artigo

Volume/Edição

Autores

  • COSTA NETO, Antonio Gomes da

Páginas

  • a

Áreas do conhecimento

  • Nenhuma cadastrada

Palavras chave

  • RACISMO; FILOSOFIA; BLACK POWER

Dados da publicação

  • Data: 08/06/2020
Assine

Assine gratuitamente nossa revista e receba por email as novidades semanais.

×
Assine

Está com alguma dúvida? Quer fazer alguma sugestão para nós? Então, fale conosco pelo formulário abaixo.

×